(Peter Amend/Getty Images)
Colunista
Publicado em 9 de setembro de 2023 às 07h30.
O café é mais do que uma bebida estimulante, é um elo entre pessoas, culturas e paisagens ao redor do mundo. As Indicações Geográficas (IG) desempenham um papel fundamental na preservação da autenticidade, da tradição e da qualidade desse grão tão querido pelos brasileiros. No universo do agronegócio, as IGs são ferramentas bastante utilizadas para valorizar os produtos e os itens produzidos em determinadas regiões do país. O mecanismo visa agregar valor a esses bens e proteger a região produtora, enaltecendo as peculiaridades de cada local.
No caso do café, as Indicações Geográficas reconhecem a sua “personalidade” conforme a influência da localidade de cultivo. São características sensoriais únicas das sementes. Cada lugar empresta as suas particularidades ao produto final, resultando em uma rica tapeçaria de sabores, aromas e perfis de corpo. O café no Brasil é detentor do maior número de IGs, com um total de 14.
As indicações são divididas em dois diferentes tipos, segundo a Lei da Propriedade Industrial. O primeiro deles é chamado de Indicação de Procedência, responsável por valorizar a tradição produtiva e o reconhecimento público de que os alimentos originários de determinado local possuem uma qualidade diferenciada. Ou seja, a área é especificamente conhecida pela produção, extração ou fabricação do produto em questão.
Já o segundo é intitulado de Denominação de Origem. É utilizado para atestar que os artigos produzidos possuem características exclusivas agregadas pelo território. Define que uma certa localidade influenciou na qualidade e nas propriedades do resultado, seja por meio de fatores naturais ou humanos.
A concessão do registro de Indicação Geográfica é aplicada a produtos ou serviços que apresentam características distintivas do seu local de origem. Isso confere a eles reconhecimento, valor essencial e identidade singular, ao mesmo tempo em que os diferencia de produtos ou serviços semelhantes disponíveis no mercado. Conheça alguns exemplos:
Cerrado Mineiro: é marcado pela produção de cafés de aromas intensos, acidez cítrica e sabor achocolatado de longa duração. Atualmente, graças a um trabalho dedicado, diversos produtores e produtoras da região têm apresentado cafés premiados, com perfis sensoriais complexos e surpreendentes. Despontou como um expoente na cafeicultura por conta da topografia plana, o que viabilizou a mecanização das lavouras, e as condições favoráveis de clima e solo. Vale destacar também o trabalho voltado à sustentabilidade com propriedades dedicadas à agricultura regenerativa.
Caparaó: localizada na divisa entre o Espírito Santo e Minas Gerais, a área abrange as imediações do Parque Nacional do Caparaó. Devido às influências de fatores naturais e humanos, as características do café produzido na região incluem uma fragrância e aroma altamente complexos. Além disso, se manifestam por meio de notas que lembram chocolate, caramelo, melaço de cana, açúcar mascavo, rapadura, mel, frutas amarelas, especiarias doces e picantes, baunilha, castanha, amêndoas, além do floral distinto de rosas ou jasmim. O sabor, suave e intensamente doce, perdura no paladar, acompanhado por uma sutil e cítrica acidez da laranja.
Essas são só duas das 14 Indicações presentes no Brasil, atestado da enorme diversidade de grãos que o país possui. Além do sabor, esses produtos também contam com rastreabilidade, ou seja, o consumidor pode ter acesso a todo histórico de produção, garantindo sua originalidade e procedência. Na próxima vez que for comprar um café, que tal procurar uma opção dessas regiões?