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Rótulos nacionais ganham espaço nos restaurantes

Em restaurantes como o Satú, a maioria dos vinhos é brasileira, sinal de que já não torcemos o nariz para os rótulos nacionais

Vinhos nacionais: já não torcemos tanto o nariz para os rótulos da casa (Alex Woloch/Divulgação)

Vinhos nacionais: já não torcemos tanto o nariz para os rótulos da casa (Alex Woloch/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 23 de julho de 2019 às 07h00.

Última atualização em 23 de julho de 2019 às 07h00.

O placar marca 32 para o Brasil, 2 para a Argentina, 2 para o Chile e apenas 1 para Portugal, França e Itália. Falamos da carta de vinhos do Satú, o restaurante aberto em março pelo Flavio Miyamura no Baixo Pinheiros, em São Paulo. Consultor do Extásia e ex-mandachuva do extinto Miya, o chef deu preferência aos rótulos nacionais por três motivos.

O primeiro deles, mais óbvio, é o conceito do cardápio, que lista só receitas inspiradas na culinária brasileira como leitão crocante com purê de castanha de caju e caldo de carne (R$ 62) e robalo grelhado na brasa com risoto de tucupi e crocante de tapioca (R$ 63). Outra razão é o fato de que já temos muitas vinícolas que não devem nada a diversos concorrentes estrangeiros e não é de hoje. E ainda há a percepção de que a clientela, pelo menos a que frequenta restaurantes autorais como o Satú, já não torce o nariz para os rótulos nacionais.

Repare que o preço não faz parte da equação, até porque os vinhos nacionais servidos no Satú estão na mesma faixa dos estrangeiros. O cabernet sauvignon Pizzato Reserva, da Serra Gaúcha, sai por R$ 120, enquanto o carménère chileno Mario Geisse Reserva custa R$ 96. O nacional mais caro, o Guaspari Vista da Mata, produzido no Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, custa R$ 199. O estrangeiro mais caro, o francês Château Beauregard Ducourt, de Bordeaux, sai por R$ 162. “Nossa carta apresenta boas surpresas da indústria brasileira de vinhos”, diz Miyamura.

Novas surpresas nacionais devem surgir nos próximos anos, assim como representantes estrangeiros mais em conta. Em junho, os países do Mercosul assinaram um acordo comercial com a União Europeia que elimina os tributos de produtos estratégicos para o Brasil. Os vinhos fazem parte da lista e a expectativa é que os rótulos europeus fiquem até 30% mais baratos - o imposto pago pelos importadores é de 27%. Para aumentar a competitividade das vinícolas brasileiras, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou que criará um fundo para ajudá-las a se modernizar.

Satú: risoto de tucupi com peixe do dia na brasa

Satú: risoto de tucupi com peixe do dia na brasa (Ligia Skowroronski/Divulgação)

A expectativa é amealhar R$ 150 milhões com recursos oriundos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide no setor. As verbas destinadas poderão ser gastas com renovação de lavouras, financiamentos, equalização de taxas de juros e melhorias logísticas. A entrada em vigor do tratado, prevista para daqui dois anos, depende do aval do legislativo de cada país envolvido.

Alheios ao acordo, que demorou vinte anos para sair do papel, diversos estabelecimentos dão preferência aos rótulos nacionais pelos mesmos motivos que o Satú (em wine bars e restaurantes especializados em vinhos a presença de representantes locais é obrigatória). Inaugurado há dois anos em Botafogo, no Rio de Janeiro, o restobar Cave Nacional, como o nome indica, investe apenas em vinhos brasileiros de pequenos e médios produtores.

Cave Nacional

Cave Nacional (Rodrigo Azevedo/Divulgação)

Desdobramento de uma loja virtual criada pelo casal Marcelo Rebouças e Karina Rodrigues em 2015, o endereço comercializa 236 rótulos, do Almaúnica Reserva Cabernet Sauvignon 2010 (R$ 84,50) ao espumante Cave Geisse Brut (R$105,80). Para equilibrar o álcool, o restobar serve pratos como moqueca de banana da terra (R$ 39) e costelinha de porco ao molho barbecue com batatas assadas, molho de queijo e cebolinha (R$ 49).

Especializado em sanduíches, o Seu Vidal é outro estabelecimento carioca que se notabilizou por virar a cara para vinhos estrangeiros. Todos os mais de trinta rótulos que descansam na adega têm passaporte brasileiro, mais precisamente do Rio Grande do Sul, a exemplo do chardonnay Fazenda Santa Rita (R$ 80), do espumante Giaretta Brut Rosé (R$ 65) e do petit verdot Dom Cândido (R$ 89). Para harmonizar há hambúrgueres como o que leva queijo brie, crispy de presunto de Parma, cebola caramelada e maionese de brasa no pão australiano (R$ 35) e sanduíches como o que junta carne assada, queijo provolone maçaricado, molho barbecue e picles no pão ciabatta (R$ 30).

Vinhos do Seu Vidal

Vinhos do Seu Vidal (Alex Woloch/Divulgação)

Onde provar

Satú: Rua Ferreira de Araújo, 450, Baixo Pinheiros, São Paulo, (11) 3032-1029.

Cave Nacional Restobar: Rua Dezenove de Fevereiro, 151, Botafogo, Rio de Janeiro, (21) 2146-5334.

Seu Vidal: Rua Ronald de Carvalho, 275, Copacabana, Rio de Janeiro, (21) 3439-7719.

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