O filme sobre a vida e a carreira de Elton John será exibido pela primeira vez nesta quinta-feira em Cannes (Stephane Cardinale/Getty Images)
AFP
Publicado em 16 de maio de 2019 às 11h10.
Astro considerado excêntrico por muitos, o cantor inglês Elton John colocou seu excepcional repertório musical a serviço da luta contra a aids e agora sua música pop engajada chega aos cinemas com "Rocketman", filme exibido fora de competição no Festival de Cannes.
Dirigido por Dexter Fletcher, o longa-metragem será projetado nesta quinta-feira na presença do artista de 72 anos, interpretado pelo ator britânico Taron Egerton.
O filme explora a ascensão do cantor e compositor, assim como sua frutífera relação de trabalho com Bernie Taupin, que escreveu as letras de várias de suas canções.
Os dois se conheceram ao responder a um anúncio publicado por uma gravadora de Londres em 1967, quando o cantor, cujo nome verdadeiro é Reginald Kenneth Dwight, tinha 29 anos e adotou o nome artístico de Elton Hercules John.
A parceria gerou um fenômeno mundial, iniciado em 1970 com o álbum "Elton John", que tinha o hit "Your Song".
Entre 1970 e 1976, a dupla lançou 14 álbuns, que incluíram canções que se tornaram clássicos, entre elas "Rocket Man", "Crocodile Rock", "Bennie and the Jets" e "Don't Go Breaking My Heart".
Após um breve afastamento, os dois retomaram a colaboração em 1980, o que levou Elton John novamente ao topo das paradas, especialmente com a canção "I'm Still Standing".
Com a música "Candle in the Wind 1997", um sucesso de 1973 que o cantor reescreveu a pedido da família real britânica em homenagem à princesa Diana e que interpretou no funeral de sua amiga na Abadia de Westminster, Elton John bateu o recorde de single mais vendido no mundo: 33 milhões de exemplares.
No palco, o figurino extravagantes e suas acrobacias atraíam multidões. Mas nos bastidores o cenário era obscuro, com drogas, álcool e crise de bulimia.
Até que o cantor conheceu um jovem hemofílico contaminado com o vírus da aids no início dos anos 1990, o que marcou uma guinada em sua carreira e uma mudança radical em sua vida.
"Era desintoxicar ou morrer", explicou o artista, que se considera "sortudo" por não ter contraído o HIV.
Ele criou a Fundação Elton John de combate a Aids em 1992, um ano depois da morte de seu amigo Freddie Mercury, líder do grupo Queen, vítima da doença.
A rainha Elizabeth II o nomeou cavaleiro em 1998.
A recuperação pessoal foi acompanhada de uma ressurreição musical, marcada pelo êxito de "Sacrifice" em 1990. Após uma cirurgia nas cordas vocais em 1987, sua voz ganhou um tom mais grave.
Elton John vendeu mais de 300 milhões de discos no mundo, fez mais de 3.500 shows e venceu diversos prêmios, incluindo um Oscar em 1995 pela canção "Can You Feel the Love Tonight", composta para a animação "O Rei Leão".
En 2016, seu 33º álbum de estúdio, "Wonderful Crazy Nights", mais uma colaboração com Bernie Taupin, foi um dos 10 mais vendidos no Reino Unido. Com um retorno às origens roqueiras de seu piano, Elton John demonstrou sua alegria de viver, entre seu casamento e a paternidade recente.
"Olhar para trás é uma perda de tempo", cantou em "Looking Up". Na balada final "The Open Chord", fala sobre a vida familiar e faz referência ao fim dos "pecados" e os "horrores que o diabo me fazia carregar todos os dias".
Elton John se casou com seu companheiro David Furnish em 2014, poucos meses depois da legalização do casamento gay na Inglaterra. O casal tem dois filhos: Zachary, nascido em 2010, e Elijah, nascido em 2013.
No ano passado, o cantor e compositor anunciou que se aposentaria após uma turnê de despedida de três anos para passar mais tempo com seus filhos.
Longe dos palcos e apegado a suas raízes, Elton John é presidente honorário vitalício do Watford, que disputa a Premier League, desde 2009.
De acordo com a lista de 2019 do jornal Sunday Times dos músicos mais ricos do Reino Unido, Elton John aparece em quarto lugar com uma fortuna de 320 milhões de libras.