Relógios: os preços praticados no Brasil são até 50% mais altos do que no mercado americano. (Leandro Fonseca/Exame)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 05h13.
Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 07h57.
Nem mesmo a visita a Washington de Karin Keller-Sutter, presidente da Suíça, foi capaz de reverter a decisão. A partir desta quinta-feira, 7 de agosto, relógios suíços custarão mais caro para os clientes americanos. A nova tarifa de importação nos Estados Unidos de 39% para produtos suíços começa a valer e levará as marcas a reajustar os preços no mercado americano, mas não integralmente. Em outros mercados espera-se também um aumento.
Essa taxa é maior do que aquela que foi informada enquanto estava sendo realizada a Watches & Wonders, o maior salão de relojoaria do mundo, em Genebra. No começo de abril, o governo de Donald Trump havia anunciado um aumento para 31%.
Com essa nova taxa serão afetadas desde marcas do grupo Richemont, como Cartier, Piaget e Montblanc, do grupo Swatch, como Omega e Longines, independentes como Rolex, Audemars Piguet, Patek Philippe.
A tarifa de 39% é quase três vezes maior do que qualquer outro país europeu e está entre as mais altas do mundo. Também é maior do que os 15% acordados por outros países grandes produtores de relógios, como a Alemanha e o Japão.
A decisão preocupa a indústria porque os Estados Unidos são o maior mercado para a indústria relojoeira. Segundo a Fédération de L’industrie Horlogère, o país respondeu por 14,4% das exportações de relógios suíços. Em segundo lugar está a China, com 8%. No ano passado as exportações de relógios suíços para os Estados Unidos atingiram o valor recorde de 5,4 bilhões de dólares.
As vendas internas nos Estados Unidos experimentaram uma alta nos últimos meses, de estoques disponíveis na loja. Como o aumento da tarifa de importação era esperada, os consumidores correram para as butiques antes do reajuste dos preços.
Algumas marcas, como a Tudor, já começaram a reajustar os preços nos Estados Unidos. Mas revendedores e analistas não acreditam que o repasse será integral. “Não recebemos nenhum comunicado até agora. Mas é fato que marca nenhuma quer brigar com o mercado americano, o maior e mais estável. Os preços lá não vão ficar 20%, 25% mais altos do que na Europa. Os preços vão subir um pouco, mas não tanto”, diz um revendedor.
Para compensar essa diferença, e manter os preços equilibrados globalmente, um repasse é esperado em outros mercados, inclusive no Brasil. Hoje, os preços praticados aqui são até 50% mais altos do que no mercado americano.
“Adoraria que o preço aqui ficasse igual ao dos Estados Unidos. Isso manteria aqui clientes que costumam comprar fora e poderiam ser um atrativo para marcas de alta relojoaria que não estão aqui, como Audemars Piguet e Patek Philippe”, conta outro lojista. Portanto, se alguém está esperando para a hora certa de comprar o seu relógio, este pode ser o momento.