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Randy Bachman recupera no Japão guitarra roubada há 46 anos no Canadá

Músico de 78 anos utilizou instrumento durante apresentação com japonês que encontrou a relíquia

Bachman escreveu a versão original do clássico “American Woman” com a banda The Guess Who (Christopher Jue/Getty Images)

Bachman escreveu a versão original do clássico “American Woman” com a banda The Guess Who (Christopher Jue/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 1 de julho de 2022 às 13h14.

Última atualização em 1 de julho de 2022 às 13h23.

Dizem que você nunca esquece seu primeiro amor, e depois de ansiar por sua guitarra roubada por quase meio século, o astro do rock canadense Randy Bachman finalmente se reencontrou com o instrumento que um fã conseguiu localizar no Japão, no ano passado.

Bachman, que escreveu a versão original do clássico American Woman com a banda The Guess Who, está em Tóquio para o emocionante reencontro com o item, 46 anos depois que sua querida Gretsch laranja ter sido roubada de um hotel em Toronto.

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“Uau”, foi a primeira reação de Bachman, atordoado, ao segurar a guitarra novamente, afinando-a no palco antes de tocar em um show especial na Embaixada do Canadá. Aos 78 anos, ele disse à AFP que ficou “bastante devastado” pelo roubo na ocasião.

“Com essa guitarra, eu escrevi muitas músicas que venderam milhões... era como minha guitarra mágica. E então, de repente, a magia se foi”, contou.

O roqueiro comprou o modelo 6120 Chet Atkins, agora “vintage”, quando adolescente, no início dos anos 1960, com US$ 400 economizados meticulosamente por trabalhos como cortar grama, lavar carros e ser babá. Ele admirava o instrumento há muito tempo, passando horas olhando para ele em uma vitrine em Winnipeg com seu amigo e colega músico Neil Young. O item significava tanto para Bachman que ele o acorrentava aos banheiros do hotel durante a turnê.

“Todo mundo na banda zombou de mim, mas porque eu trabalhei tanto para conseguir essa guitarra, eu não queria que ela fosse roubada”, disse.

Mas, em 1976, ele confiou a guitarra a um funcionário de um hotel que a colocou em um quarto com outras bagagens enquanto a banda estava fora. Antes que eles percebessem, a guitarra desapareceu.

Investigações e devolução

Em um evento realizado no Dia do Canadá, no Japão, os músicos compartilharam um abraço e depois tocaram juntos (Christopher Jue/Getty Images)

Ao longo de décadas, Bachman procurou pela Gretsch, que tem um pequeno nó escuro no grão de madeira em sua frente, mas sem sucesso, até que um fã canadense decidiu ajudar na busca em 2020. William Long comparou imagens antigas do instrumento roubado com fotos novas e arquivadas do modelo em sites de lojas de guitarra em todo o mundo.

“Sim, sou um detetive”, disse Long, de 58 anos, à AFP. “Eu estava confiante de que iria encontrá-la. Fiz o processo tão rápido, passei por 300 imagens de Gretches laranja.”

Nenhum era uma combinação perfeita, até que ele encontrou uma no site de uma loja de guitarras de Tóquio com a marca reveladora. Mais pesquisas levaram Long a um músico japonês chamado Takeshi, que ele viu tocando a guitarra de Bachman em um vídeo do YouTube.

Takeshi, que sempre quis uma Gretsch vintage, diz que comprou a guitarra de Bachman em 2014 por cerca de 850 mil ienes (cerca de R$ 33 mil). Long alertou Bachman sobre sua descoberta, e os músicos marcaram um encontro em Tóquio para trocar o violão original de Bachman por outro do mesmo tipo, também feito em 1957.

Na sexta-feira, em um evento realizado no Dia do Canadá, os dois compartilharam um grande abraço e depois tocaram juntos. Eles tocaram canções como American Woman, hit de 1970, mais tarde regravado pelo cantor americano Lenny Kravitz, e Takin' Care of Business, da outra banda de Bachman, Bachman-Turner Overdrive.

Bachman não é a única estrela do rock a se reunir com uma guitarra há muito perdida. No ano passado, Jimmy Page, do Led Zeppelin, também localizou uma que desapareceu em um aeroporto décadas atrás. Mas Bachman, que desistiu de encontrar o violão depois de quatro décadas de busca, disse que ficou tocado pelo “ato aleatório de bondade” de Long.

“Quando eu estava tocando, olhei para baixo e percebi: o tempo parou, ou 50 anos passaram muito rápido”, disse ele. “Eu não poderia ter escrito isso se o escrevesse como um roteiro. Ninguém acreditaria. Mas é verdade. É realmente ótimo.”

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