Corrida: esportistas estão dispostos a pagar para melhorar seu desempenho em competições (Pixabay/Reprodução/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 16 de abril de 2019 às 05h00.
Última atualização em 16 de abril de 2019 às 05h00.
Adam Donahue se sentia muito bem depois de 13 quilômetros em uma meia maratona em março passado e estava pronto para acelerar. Mas seu treinador, Andre Laboy, que estava correndo ao lado dele, disse que era muito cedo.
É um erro muito comum sentir-se bem no dia da corrida e acelerar os motores cedo demais. Corredores inexperientes que fazem isso muitas vezes esgotam as energias e terminam a corrida com um ritmo mais lento que o esperado, sentindo-se cansados e com possíveis lesões.
Donahue e Laboy se formaram em Georgetown e foram apresentados por meio de um amigo em comum depois que Donahue participou da Maratona de Nova York em 2017, quatro meses antes. Ele gostou da corrida sem um programa de treinamento estruturado, completando a prova em menos de quatro horas. Depois disso, Donahue, que praticava lacrosse na universidade, começou a treinar seriamente “para ser o mais competitivo possível”, o que resultou em ser acompanhado por um treinador durante o percurso de 21 quilômetros naquele dia.
“Estava tão nervoso. Estava tentando me manter em sete minutos por quilômetro durante toda a corrida”, disse. É um ritmo rápido para um amador, e ele conseguia o feito por apenas oito quilômetros quando treinava. "Não há como fazer a metade", explicou o jovem de 28 anos. "Foi ótimo ter um treinador lá, e realmente batalhar com você na corrida."
Donahue terminou com um ritmo médio de 7 minutos e 54 segundos. "Acho que você poderia dizer que não participei dessa corrida inteiramente sozinho", disse. “A realidade é que todo corredor profissional tem um treinador, e muitos corredores profissionais têm ’pacers’. Como um corredor novato, isso me fez sentir como um verdadeiro competidor profissional, apesar de eu estar muito longe disso. Foi muito legal."
As histórias de Donahue e Laboy - em que o treinamento com um coach se estende à corrida - são cada vez mais comuns entre viciados em condicionamento físico, dispostos a pagar para melhorar seu desempenho em competições.
Mais e mais corredores se inspiram em corredores profissionais como os da maratona de Boston realizada nesta segunda-feira. A demanda por treinadores não tem como objetivo apenas elaborar planos de treinamento, mas também o acompanhamento durante a corrida – ajudando-lhes a atingir o ritmo desejado durante todo o trajeto de 42 quilômetros. (Um treinador também pode ajudar a fazer escolhas de treinamento, desde o sabor dos géis energéticos para levar na corrida até o que vestir.)
Elizabeth Corkum, mais conhecida como Coach Corky, é especialista nesse tipo de treinamento. Corkum é corredora profissional, treinadora em tempo integral e também dá aulas em esteiras na Mile High Run, em Nova York.
Corkum, cuja melhor maratona foi completada em 3h05, treinou um atleta para seu primeiro BQ (sigla em inglês de Boston Qualifier, ou classificado para a Maratona de Boston) há alguns anos e depois uma pessoa que levou mais de cinco horas para completar a prova. (O tempo médio da Maratona de Boston no ano passado foi de 3h57.) No percurso, ela pode ter conversas positivas ou pegar bebidas nas barracas e abrir pacotes de gel para ajudar o atleta que está acompanhando. Se estiver ventando, Corkum vai deixá-los correr atrás dela. O preço, além do custo de inscrição para a corrida e despesas relacionadas, varia de US$ 600 a US$ 1,2 mil por dia.