Cabideiro Sebastião: obra do designer, que trabalhou no escritório de Lina Bo Bardi, está à venda por 1.090 reais (Boobam/Divulgação)
Para quem não quer (ou não pode) gastar muito na hora de mobiliar a própria casa, uma visita a qualquer loja da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo, referência em design autoral, pode provocar um piripaque.
Pensando nisso, o trio de amigos formado pelos cariocas Thomaz Vidal, Marco Azeredo e Henry Barclay resolveu criar um site que conecta designers independentes, cujos preços são bem mais acessíveis que os das sumidades que todo mundo conhece, a potenciais compradores.
Falamos da Boobam.com.br, no ar desde março de 2016. “Existem centenas de artistas talentosos espalhados pelo Brasil”, sustenta a plataforma, em letras garrafais. “Por que precisa ser tão difícil chegar até eles?”.
Claramente inspirada em companhias tecnológicas como Uber e Airbnb, ela se comporta como uma mera intermediadora. Incumbe-se do suporte técnico e da divulgação e responsabiliza-se por abrir as portas só para designers e artistas com um mínimo de qualidade e capacidade logística para honrar prazos e entregas.
As vendas são por conta dos designers cadastrados, que ficam livres para definir valores e estabelecer as próprias condições de comercialização. A Boobam fica com uma porcentagem do valor de cada uma das transações, o que continua a ser uma vantagem para os associados. Isso porque é comum um designer deixar até 75% do preço final de suas mercadorias com intermediadores.
Um dos profissionais que figuram na plataforma é o arquiteto Paulo Alves, autor da banqueta Atibaia, à venda por 2.735 reais. O designer de móveis Rodrigo Ohtake, filho do arquiteto Ruy Ohtake, e a grife Lattoog também se renderam ao marketplace.
E já houve a participação de nomes bem celebrados, caso do incensado autor de luminárias Maneco Quinderé e do afamado estúdio Ovo, da dupla Luciana Martins e Gerson de Oliveira.
Uma poltrona de Charles Pollock custa cerca de 6.200 reais, enquanto um cabideiro de Eduardo Borém pode ser seu em troca de 171 reais. O site também dispõe de abas dedicadas a luminárias, móveis e objetos decorativos e outra só com itens em liquidação.
Os três fundadores vieram do mercado financeiro, no qual trabalharam por quase uma década. Formado em administração pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, Vidal atuou na corretora Countryserv e depois montou uma operação anônima em parceria com a Platinum Investimentos.
Administrador de empresas diplomado pela Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, Azeredo trabalhou na mesa de operações no Banco Prósper e estagiou na corretora Estratégia Investimentos. Nessa última, conheceu Henry Barclay, então estagiário e futuro funcionário da corretora XP Investimentos.
Também formado em administração de empresas pela PUC carioca e amigo de longa data de Vidal, Barclay foi quem teve a ideia da Boobam.
Filho da ceramista Lucilia Barclay, ele cresceu ouvindo a mãe se queixar da dificuldade de encontrar compradores para suas peças. E quando quis decorar um apartamento para o qual acabara de se mudar, espantou-se com os preços salgados cobrados por galerias especializadas em design e em feiras de arte.
A maioria dos artistas independentes, concluiu, parecia estar fora do alcance. “Por que não criar uma plataforma para resolver a vida de designers como a minha mãe?”, raciocinou, de olho também no seu apartamento carente de mobília.
Em seguida, propôs a ideia do site aos amigos. O lema da Boobam virou esse: “Vender arte e design online #nãoéofuturo, é o presente”.