Cantora cancelou apresentação marcada para semana passada; causa da morte ainda não foi divulgada (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Gabriel Aguiar
Publicado em 9 de novembro de 2022 às 12h59.
Última atualização em 9 de novembro de 2022 às 15h29.
A cantora Gal Costa, considerada uma das principais vozes da música brasileira, morreu aos 77 anos nesta quarta-feira, 9. Distante dos palcos desde setembro, quando se apresentou durante o festival Coala, em São Paulo, a artista se recuperava de uma cirurgia para retirada de nódulo na fossa nasal direita e deveria ficar afastada até novembro. Recentemente, cancelou a participação no Primavera Sound, realizado no último fim de semana, sendo substituída nos palcos por Liniker.
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Nascida em Salvador em 26 de setembro de 1945, Maria da Graça Costa Penna Burgos estreou nos palcos ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé no espetáculo Nós, Por Exemplo..., em 1964. Mudou para o Rio de Janeiro logo em seguida para se dedicar à carreira. E deu certo: participou do primeiro Festival Internacional da Canção, em 1966, e do primeiro LP com Caetano no ano seguinte. Mas o reconhecimento veio no álbum Tropicália ou Panis et Circencis (1968).
Ainda na década de 1960, a artista laçou o primeiro disco solo, batizado Gal Costa, que já trazia hits como Baby, Divino Maravilhoso, Não identificado e Que pena – de autoria de Jorge Benjor que também ficou conhecida pela frase “Ele já não gosta mais de mim, mas eu gosto dele mesmo assim”. Nos anos 1970, em plena ditadura militar, lançou músicas de sucesso, como Vapor Barato e Sua Estupidez, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, além de Índia, do álbum homônimo.
Claro que também há outras músicas consideradas obras-primas da carreira da baiana, como A rã, de 1974, e até mesmo a reinterpretação de Modinha para Gabriela, de Dorival Caymmi, tema para abertura da novela Gabriela, da TV Globo. Só que o primeiro Disco de Ouro veio com o álbum Água Viva (1978), famosa pelas canções Folhetim e Paula e Bebeto, pouco antes de dar voz a Força Estranha, que também é considerada uma das principais canções de Roberto Carlos
Na virada para a década de 1980, o perfil de Gal Costa se afasta do movimento tropicalista e se torna mais pop, com sons mais comerciais, como Aquarela do Brasil, Canta Brasil e Festa do interior. Ainda apresentou a reinterpretação do Azul, composta por Djavan, bem como músicas de sucesso, como Eternamente, Chuva de Prata, Nada mais, Canção da América, Sorte ou até Um dia de domingo, com Tim Maia. Em 1988, gravou a abertura de Vale Tudo, da TV Globo.
Em meados dos anos 1990, a cantora lançou o álbum Mina d'água do meu canto, somente com as criações de Caetano Veloso e Chico Buarque, o que incluía o hit Futuros amantes. Em 1997, gravou o CD Acústico MTV, com retrospectiva de alguns dos maiores sucessos da carreira, além da versão de Lanterna dos Afogados junto com o autor Herbert Vianna, que também era vocalista do Paralamas do Sucesso. Em 1999, ainda lançou um álbum dedicado às composições de Tom Jobim.
Nos últimos 20 anos foi reconhecida no Hall of Fame do Carnegie Hall, em Nova York, nos EUA — e se tornou a única cantora brasileira homenageada pela tradicional sala de espetáculos —, além de seguir com turnês e lançamentos de discos. E se os grandes sucessos continuaram como protagonistas, Gal Costa também apresentou novas músicas, inclusive com obras de talentos da atualidade, como Céu, Criollo, Artur Nogueira, Malu Magalhães no álbum Estratosférica, gravado em 2015.