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Quem é Jeffrey Epstein, suposto motivo do divórcio de Melinda e Bill Gates

Acusado de abuso e tráfico sexual de menores de idade, Jeffrey Epstein tinha amizade com nomes como Trump, Clinton e príncipe Andrew antes de sua morte polêmica em 2019

Jovem adolescente protesta contra Jeffrey Epstein após ele ter sido acusado de tráfico sexual, em julho de 2019 (Stephanie Keith/Getty Images)

Jovem adolescente protesta contra Jeffrey Epstein após ele ter sido acusado de tráfico sexual, em julho de 2019 (Stephanie Keith/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 12 de maio de 2021 às 10h11.

Última atualização em 12 de maio de 2021 às 21h00.

Na última semana, Melinda e Bill Gates anunciaram sua separação após 27 anos de casamento. O casal é conhecido pelo trabalho filantrópico realizado através de sua fundação, que atua majoritariamente no combate a desigualdade, além do trabalho de Bill na Microsoft, gigante na qual ele é fundador.

Após o anúncio, não demorou muito para que rumores começassem a surgir sobre os motivos da separação. De acordo com o jornal americano Wall Street Journal, a aproximação de Bill Gates com Jeffrey Epstein fez Melinda consultar sobre divórcio já em 2019.

Mas, quem seria Jeffrey Epstein? Durante mais de duas décadas, o criminoso desenvolveu uma rede de abuso sexual e tráfico de mulheres, muitas menores de idade. Ao mesmo tempo, ele tinha contato com grandes nomes como Donald Trump, Bill Clinton e príncipe Andrew, segundo filho da Rainha da Inglaterra.

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Quem é Jeffrey Epstein?

Durante a década de 2000, pouco se sabia sobre Epstein além do fato de que o magnata tinha uma enorme riqueza, distribuída em imóveis em Palm Beach, na Flórida, Nova Iorque e Paris; uma fazenda no Novo México; uma ilha particular no Caribe; um helicóptero e dois aviões, sendo um deles um Boeing 727. Até hoje, ninguém sabe dizer ao certo de onde veio todo o dinheiro do financista.

Em 2005, a denúncia de uma mulher em Palm Beach traria mais informações sobre a vida do magnata. Epstein foi acusado de pagar 300 dólares a uma garota de 14 anos para massageá-lo. A menina havia sido convidada por outra mais velha e, no decorrer das investigações, outras 35 vítimas foram identificadas.

O que acontecia era uma forma de esquema de pirâmide: a menina era convidada por outra para ir na casa de Epstein, acreditando que estaria acompanhada em todos os momentos e, portanto, segura. Ao chegar lá, a vítima era abandonada pela colega, que recebia um dinheiro extra por trazer novas garotas, e abusada por Epstein. Como as adolescentes recebiam uma quantia a mais por convidar outras, o crime se multiplicava.

Epstein não agia sozinho: o criminoso teve uma associação de décadas com a socialite britânica Ghislaine Maxwell, que, ao que tudo indica, ajudava o criminoso a encontrar as garotas. Algumas vítimas chegaram a reportar que Maxwell participou de alguns abusos. Ela foi presa pelo FBI em julho de 2020 após tais alegações de aquisição e tráfico sexual de menores de idade.

Primeira condenação de Epstein

Em 2008, decorrente do caso em Palm Beach, Epstein foi condenado a 18 meses de prisão após se declarar culpado de uma acusação estadual de "obter prostituição de uma mulher menor de dezoito anos".

Depois de três meses e meio em uma ala particular da prisão, ele recebeu autorização de deixar a prisão por até doze horas por dia e seis dias por semana para "trabalho prisional". No total, Epstein cumpriu 13 meses de prisão antes de ser liberado para prisão domiciliar em agosto de 2010.

Conexões com poderosos

A ilha no Caribe e o jatinho, apelidado de Lolita Express, de Epstein chegaram a receber pessoas como o ator Kevin Spacey, acusado de assédio sexual em 2017, a modelo Naomi Campbell, Bill Gates, Bill Clinton, príncipe Andrew e o advogado e professor de Direito em Harvard, Alan Dershowitz.

Além de celebridades, o jatinho era supostamente usado para transportar mulheres, muitas menores de idade, para serem "emprestadas" para os colegas de Epstein. Uma das vítimas, Virginia Giuffre, disse que Epstein a usou como "escrava sexual" quando ela tinha 16 anos para homens que “incluem a realeza, políticos, acadêmicos, empresários, entre outros conhecidos profissionais e pessoais”.

Giuffre é a vítima principal no caso contra príncipe Andrew. Ela afirma que foi abusada pelo membro da realeza em uma viagem para a ilha no Caribe. Uma de suas maiores provas é uma foto tirada na mansão de Epstein, com Andrew e Maxwell ao seu lado.

Na época, o palácio de Buckingham negou as alegações da vítima e do piloto David Rodgers, que afirmou ter transportado o príncipe e uma garota de 17 anos ao menos duas vezes pelo Lolita Express.

No caso de Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, registros de voos publicados pela Fox News mostram que Clinton usou o Lolita Express ao menos 26 vezes entre 2002 e 2005. Clinton nega que foi para a ilha de Epstein e diz que só viajou 4 vezes no jatinho para "realizar viagens com finalidade política".

Donald Trump é perseguido por inúmeras fotos com Epstein entre as décadas de 1990 e 2000, além de uma entrevista feita para a revista New York em 2002 na qual ele afirma: "Eu conheço Jeffrey Epstein há 15 anos. É um cara incrível. Dizem que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens."

Cinco anos depois, em 2007, Trump supostamente teria banido Epstein do resort Mar-A-Lago por "perseguir mulheres jovens" e, após as acusações de Epstein virem à tona enquanto Trump era presidente dos Estados Unidos, o mesmo negaria ter sido amigo do criminoso.

De acordo com o New York Times, Bill Gates começou seu relacionamento com Epstein em 2011, alguns anos após o magnata voltar da prisão. Colegas de Gates, na época da publicação da matéria, afirmaram que o fundador da Microsoft tinha enviado um e-mail dizendo que o estilo de vida de Epstein "era muito diferente e meio intrigante, embora não funcione para mim".

Ao que se aparentava, a conexão de Gates e Epstein era fundada na filantropia. Porém, como se sabe hoje, a amizade entre os dois foi o que levou Melinda Gates a ligar diversas vezes para seu advogado em 2019 e pedir orientação sobre o divórcio, afirmando que o "casamento já estava quebrado".

De acordo com Maxwell e algumas outras vítimas, todos os imóveis de Epstein tinham câmeras escondidas. Acredita-se que os dispositivos, que estavam até em quartos e banheiros, eram para registrar as atividades sexuais entre garotas menores de idade e os políticos, celebridades e afins, para chantagem.

O fim de Epstein

Mesmo após sua prisão em 2008, Epstein retornou às atividades criminosas. Eventualmente, em julho de 2019, o financista foi preso sob acusação de tráfico sexual e conspiração para traficar menores de idade por sexo.

Porém, algumas semanas depois, Epstein foi encontrado em sua cela com marcas em volta do seu pescoço. A morte foi declarada como suicídio por enforcamento, mas o caso é considerado controverso até hoje — muitos conspiracionistas acreditam que trata-se de homicídio.

Vale ressaltar que, no final de 2017, o movimento #MeToo causou um impacto gigantesco na elite norte-americana por conta de mulheres revelando suas experiências de abuso com grandes nomes do país. O primeiro caso foi do produtor Harvey Weinstein, que também já foi visto com Epstein.

Portanto, há uma diferença clara entre a condenação de Epstein em 2005: agora, a sociedade estava ansiando para condenar homens poderosos por crimes violentos. Outro fator essencial era que Donald Trump ainda era presidente dos Estados Unidos na época e, portanto, caso Epstein decidisse falar algo, isso poderia prejudicar o mandato do republicano. Todos estavam olhando para Epstein.

Por conta da morte do magnata, o caso contra ele foi derrubado. O seu suicídio ainda está sendo investigado.

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