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Quanto mais seco melhor: dicas de espumantes para as festas

Espumante nacional sobe ainda mais de qualidade e produtor nacional aposta nas linhas com menos açúcar

Espumantes: dicas para o fim de ano (Luis Alvarez/Getty Images)

Espumantes: dicas para o fim de ano (Luis Alvarez/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 23 de dezembro de 2019 às 18h34.

Última atualização em 23 de dezembro de 2019 às 18h56.

São Paulo - Os brindes deste ano prometem. O espumante brasileiro, que já era reconhecido como bom, está ainda melhor, com uma série de lançamentos de linhas premium. A Vinícola Miolo, por exemplo, para comemorar seus 30 anos de atuação, lançou em setembro o Íride Miolo Sur Lie Nature 10 anos D.O., um espumante da safra 2009 que descansou sobre as borras todo esse tempo. Cada garrafa custa R$ 355, mas na loja eletrônica da empresa o produto só é vendido em caixas com 3 unidades.

Nem todos os lançamentos, no entanto, são tão caros. Há muita coisa na faixa dos 100 reais. E mesmo os mais baratos estão melhores. O salto de qualidade do produto nacional nos últimos dois anos ficou bastante evidente na 11ª edição do Concurso do Espumante Brasileiro, promovido pela Associação Brasileira de enologia (ABE) em outubro, em Garibaldi, Rio Grande do Sul. Não houve medalhas de prata ou bronze. Todos os premiados levaram medalha de ouro ou grande medalha de ouro. Isso aconteceu porque, segundo normas internacionais, não se pode premiar mais do que 30% dos inscritos. Como 30% das amostras receberam pontuação acima de 88, o que garante o ouro, não sobrou espaço para a prata ou o bronze. Ou seja, a qualidade geral era muito alta. Nos 70% não premiados, com certeza, havia muitas amostras que mereciam prata ou bronze.

Se por um lado os adocicados espumantes feitos da uva moscatel (que também estão cada dia mais bem feitos) continuam ocupando uma boa faixa do mercado nacional, há nos últimos anos uma tendência das vinícolas lançarem produtos mais secos, com pouco ou zero açúcar adicionado. Para quem não sabe, adicionar um pouco de açúcar no final do processo para equilibrar a acidez é o mais comum, mesmo em Champagne.

Atualmente, no mundo todo, produtores de vinhos espumantes estão lançando rótulos mais secos. Muitas marcas têm seu extra-brut, que somando o açúcar residual (que resta da fruta) e o contido no licor de expedição (mistura do próprio espumante com açúcar que se acrescenta à garrafa) não pode ultrapassar os 6 gramas de açúcar por litro da bebida. Os queridinhos do momento, no entanto, são os espumantes nature, que não podem apresentar mais do que 3 gramas de açúcar por litro. Na maior parte deles, não se acrescenta nada de açúcar. Se houver alguma pequena dosagem de açúcar, é da fruta.

Essa secura, porém, não costuma incomodar o consumidor, que muitas vezes nem percebe a falta de açúcar. “Não é porque é seco que tem de ser desarmonioso”, diz Gilberto Pedrucci, enólogo e proprietário da vinícola Casa Pedrucci, de Garibaldi. “Eu acredito muito no nature. Nas outras categorias, o açúcar entra equilibrar a acidez. O nature é um produto de excelência, que só pode ser feito quando o enólogo tem nas mãos um produto que já está equilibrado, que não precisa do açúcar”.

A falta do açúcar costuma ser compensada pela maciez causada pelo contato do vinho com as leveduras. É aquele toque de panificação, de brioche, frutas secas, tudo que “adoça” sem ser açúcar, que costumamos sentir nos espumantes mais complexos. Segundo o enólogo Carlos Abarzúa, da cultuada vinícola Família Geisse, é mais fácil fazer um nature na Serra Gaúcha do que em Champagne. “Em Champagne, o vinho base costuma ser ainda mais ácido do que no Brasil”, conta. “Então, é mais difícil prescindir do açúcar. Por aqui, é mais comum conseguirmos vinhos equilibrados mesmo sem açúcar”. Talvez por isso, o número tão grande de lançamentos no estilo.

Entre os vários natures que chegam ao mercado, muitos são o que se chama de Sur Lie, espumantes que permanecem sur lie (sobre as borras) mesmo depois de prontos. As borras (leveduras mortas) não são retiradas da garrafa antes de irem para o mercado, como é o mais comum. “É um produto inacabado, uma brincadeira”, diz Abarzúa. “Fica na mão do consumidor decidir quanto tempo de contato com as borras terá o produto, quanto de complexidade. O legal é comprar alguns do mesmo lote e irabrindo aos poucos, para sentir a evolução”.

A seguir alguns dos espumantes nature e sur lie que você encontra no mercado:

Íride Miolo Sur Lie Nature 10 anos D.O.V.V.

Tiragem limitada de 1830 garrafas, esse corte de 75% pinot noir e 25% chardonnay provenientes do Vale dos Vinhedos descansou sobre as borras por 120 meses. Isso faz dele um vinho muito especial, bastante complexo tanto no nariz quanto na boca. Apesar de levar o sur lie no nome, passa pelo degorgement. Ou seja, não é vendido com as borras na garrafa. Ganhou medalha Grande Ouro no concurso da ABE. Na loja virtual da Miolo, a caixa com três unidades custa R$ 1064,00.

Don Guerino Blanc de Blanc Nature Tradicional

Produzido pelo método clássico em Alto Feliz, no meio do caminho entre Porto Alegre e a região vinícola mais tradicional da Serra Gaúcha, este 100% chardonnay passa 36 meses sobre as borras antes de chegar ao mercado. É bastante fresco, com aromas cítricos e de frutas brancas, apresenta também toques de panificação, com frutas secas. Custa R$ 125,90 na Vinhos e Vinhos.

Luiz Argenta Cave Blanc de Noir Nature

Este é um 100% pinot noir de Flores da Cunha (RS), um dos poucos blancs de noir (brancos feitos só de uvas tintas) do Brasil, que passa 36 sur lie. A pinot noir dá uma estrutura maior para o vinho, mas a acidez natural e a maciez vinda do contato com as leveduras compensam, resultando num vinho bastante equilibrado. Ótima cremosidade. Foi medalha de ouro no Concurso de Espumantes Brasileiros. Custa R$ 141,00 na botique virtual da Luiz Argenta.

Cave Amadeu Rústico Nature

Produzido pela vinícola Família Geisse, o Rústico não passa por degorgement. É vendido com as borras. Para frisar essa sua característica, vem inclusive com tampinha de cerveja por baixo da cápsula de cera. É um corte de 80% chardonnay e 20% pinot noir. Ganhou 93 pontos e o prêmio de Vinho Revelação no Guia Descorchados 2019. No Concurso de Espumantes Brasileiros, levou medalha de ouro. Custa R$ 79, na loja virtual da vinícola.

 

Casa Pedrucci Reserva Nature

Gilberto Pedrucci não tem vinhedos próprios. Usa uvas compradas de parceiros de confiança. “No começo, fiz isso por falta de dinheiro”, conta. “Hoje é por convicção. É muito poético você ter seu vinhedo, mas preferi me concentrar na vinificação”. O resultado foi muito bom. Este e seus outros vinhos são bastante premiados. Custa R$ 99,00 na Vinhos e Vinhos.

Pizzato Vertigo Nature Branco Tradicional

Sem nenhuma adição de açúcar, o corte de chardonnay e pinot noir só é produzido em safras especiais, quando o grau de maturação da uva permite. Chega ao consumidor na sua forma bruta, sem a retirada das borras.Custa R$ 149,90 na loja virtual Bebidas do Sul.

Peterlongo Vita Sur Lie

Um corte de chardonnay com pinot noir, este espumante não passa por remuage e nem degorgement. Ou seja, a garrafa não é posta inclinada com a boca para baixo, ela não virada todos os dias, as borras não descem para perto da tampa e essas borras não são retiradas das garrafas. Ficam no fundo. O produtor recomenda que se chacoalhe um pouco o produto antes de abrir para elas se misturarem ao líquido e, assim, intensificar as características de panificação. Custa R$ 99, na loja virtual da Peterlongo.

Don Laurindo Nature

Produzido pelo método tradicional, com 100% de uvas chardonnay do Vale dos Vinhedos, este nature é um pouco mais fresco do que a maioria dos nature, pois passa um pouco menos de tempo em contato com as borras, 24 meses, e então é feito o degorgement. A fruta aparece mais, mas é tempo suficiente para desenvolver também aromas de panificação e frutas secas. Custa R$ 80 na loja virtual da Don Laurindo.

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