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Qual é o vinho preferido do brasileiro? A primeira enóloga da Argentina sabe a resposta

Susana Balbo foi a primeira mulher enóloga formada na Argentina e há mais de 40 anos se dedica à produção de vinho

Susana Balbo: primeira mulher enóloga formada na Argentina. (Joel Kwiecinski/Divulgação)

Susana Balbo: primeira mulher enóloga formada na Argentina. (Joel Kwiecinski/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 11 de fevereiro de 2024 às 07h11.

“Fazer vinho é relativamente simples. Só os primeiros 200 anos são difíceis.” A afirmação pronunciada pela baronesa ­Philippine de Rothschild resume bem a complexidade de produzir bons rótulos.

Solo, clima e intervenção do enólogo são algumas das variáveis nesse processo e bem conhecidas por Susana Balbo, a primeira mulher enóloga formada na Argentina e que há mais de 40 anos se dedica à produção da bebida.

Ela trabalhou na célebre Bodega Catena Zapata, e em 1999 fundou uma vinícola que leva o seu nome, a primeira construída por uma mulher. No Brasil, seus vinhos chegam pela importadora Cantu. Balbo conversou com exclusividade com EXAME casual. Veja os principais trechos da entrevista.

Como está o mercado do vinho para as mulheres?

Tive desafios enormes quando comecei. Precisei trabalhar muito para mostrar que era capaz, e isso não foi fácil. Ainda não vejo muitas mulheres dentro da carreira e menos ainda donas que fundaram a própria vinícola. Acredito que as mulheres têm uma sensibilidade maior na produção dos vinhos e conseguem entregar bebidas com sabores mais expressivos.

Mercado brasileiro

Por que os brasileiros gostam tanto de vinho argentino?

Os brasileiros se sentem em casa aqui, o que faz com que a visita aos vinhedos argentinos seja uma experiência emocionalmente marcante. Acredito que nós pensamos muito no mercado do Brasil, que gosta de muita madeira. Os vinhos argentinos também combinam bastante com a comida brasileira. Uma crítica que faço aos vinhos chilenos é que eles são mais voltados para o mercado dos Estados Unidos.

Muitos produtores têm antecipado a colheita das uvas em quase um mês por causa das mudanças climáticas. Como isso tem afetado a produção da vinícola?

Mendoza tem clima de deserto, com influência tanto do Pacífico quanto do Atlântico. Na última vindima tivemos um calor mais persistente, o que levou ao amadurecimento mais rápido da uva. Isso nos levou a fazer um manejo diferente para alargar o ciclo de desenvolvimento da fruta. Estamos trabalhando com produtores na Europa que estudam mudanças genéticas nas videiras para enfrentar o calor, e isso é uma vantagem competitiva.

Há alguma região que você vê como oportunidade na produção de vinhos com essas mudanças?

O aquecimento climático está permitindo à Europa produzir vinhos mais parecidos com os produzidos na Argentina, no Chile e no Brasil, com um paladar de mais frutas. E isso educa o consumidor a provar mais rótulos feitos no Novo Mundo. Essas alterações estão permitindo, ainda, vinhos mais redondos e palatáveis, competindo com regiões de prestígio, como a Borgonha, na França.

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