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Quais serão os hábitos e tendências para a casa em 2025?

A alta do custo de vida, a recessão e a crise climática farão com que façamos cada vez mais coisas em casa, e também que esperemos mais dela

Produtos 'verdes' farão parte na decoração de interiores. (Viva Decora/Casa Cor Paraguai/Divulgação)

Produtos 'verdes' farão parte na decoração de interiores. (Viva Decora/Casa Cor Paraguai/Divulgação)

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Julia Storch

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 13h15.

Sabemos que a pandemia fez com que diversas atividades migrassem para dentro de casa. Mesmo com o arrefecimento da pandemia, as tendências que foram aceleradas nos últimos anos continuaram para os próximos. Segundo a consultoria de tendências WGSN em seu relatório Lar e Lifestyles 2025, a alta do custo de vida, a recessão e a crise climática farão com que façamos cada vez mais coisas em casa, e também que esperemos mais dela.

É importante lembrar como estará a composição geracional em 2025. A geração Alfa (até 12 anos) estará chegando à adolescência, enquanto a comentada geração Z (13-28 anos) estará traçando o seu futuro, seja na faculdade, no trabalho ou na compra da primeira casa. Já os Millennials (29-44 anos) estarão em seu auge profissional, compondo cerca de 75% da força de trabalho global e a geração X (45-60 anos) estará fazendo a transição para novas etapas da carreira e para a aposentadoria. Os Baby Boomers (61-79 anos) estarão aposentados ou próximos disso.

A preocupação com o consumo no século 21

Há 40 anos, se preocupar com as embalagens de plástico ou com as emissões do transporte aéreo pareceria exagero, mas hoje, esses sentimentos são onipresentes. À medida que o clima se torna cada vez mais imprevisível, trazendo dificuldades no acesso à comida, água e combustível, viver com intenção será importante para que possamos sobreviver, crescer e recuperar o controle da situação, convictos de que pequenas ações podem fazer a diferença.

Nesse cenário, as marcas terão que ser claras sobre o seu compromisso com as pessoas e o planeta. Os produtos que solucionem problemas serão fundamentais, acessíveis, bem-feitos, duráveis e capazes de nos ajudar em um mundo cada vez mais imprevisível.

Um exemplo na moda, segundo a consultoria, serão roupas térmicas com a capacidade de aquecer o corpo sem a necessidade de aquecimento na casa. A marca italiana AlphaTauri fez uma parceria com a tecelagem suíça Schoeller e a Deutsche Telekom para criar uma jaqueta que aquece sozinha, usando um tecido com fios condutores que podem ser controlados manualmente ou via app.

Na mesma linha, a finlandesa UXTEX desenvolveu tecidos que aquecem para diversos itens, de jaquetas a moletons. As peças podem ser lavadas, passadas e dobradas sem comprometer a durabilidade do material.

Tanto no mercado de moda, quanto no de beleza, as práticas de ‘greenwashing’ e ‘cleanwashing’ estão abalando a confiança do público, e diversas marcas de beleza estão apostando na transparência para mudar isso.

Nas gôndolas de farmácias e e-commerces é possível encontrar produtos sólidos para cabelos, como xampus e condicionadores, para a pele, como desodorantes, balms, primers e de higiene bucal. 

Patrícia Lima, da Simple Organic: beleza “limpa” nos EUA e na Europa. (Divulgação/Divulgação)

Na marca de clean beauty, Simple Organic, pastilha dental Taste pode ser tanto mastigada, quanto usada com a escova de dentes. “Além da sustentabilidade, o produto se encaixa muito com o dia a dia das pessoas, que pode ser carregado como uma balinha na bolsa”, comenta Patricia Lima, fundadora da marca.

“Acreditamos na monodose de produtos, que é uma tendência, mas que nem sempre é viável pela embalagem e pelo custo, mas neste produto conseguimos aplicar”, diz Lima.

Produtos 'verdes' também farão parte na decoração de interiores, como tintas que purificam o ar. Segundo a consultoria, cada vez mais, o público quer tintas saudáveis e que emitam menos VOCs (os ‘compostos orgânicos voláteis’), que causam de irritações pontuais a danos de longo prazo aos órgãos. Aluna do Royal College of Art, a designer sul-coreana Kukbong Kim criou a tinta Celour, feita de concreto reaproveitado, que absorve a mesma quantidade diária de carbono que uma árvore.

Na mesma linha, a empresa Gush, de Singapura, criou a tinta Cair, que não só tem uma formulação sem VOC como também purifica o ar se houver outras fontes de VOC na casa.

A casa como ambiente de trabalho

Nos próximos três anos, o impacto da transição histórica, em que o trabalho foi transportado para dentro de casa, terá um caráter permanente: empresas vão formalizar modelos de trabalho híbridos, pessoas vão investir para tornar os seus home offices mais confortáveis, e em meio à volatilidade econômica, muitos vão se planejar para fazer algo diferente ou se lançar em projetos paralelos.

Essa mudança também impactou o modo como as pessoas se vestem. A chamada ‘two-mile wear’ (itens loungewear que podem ser usados em casa e na rua) é categoria-chave para os estilos de vida híbridos. A WGSN criou o termo em 2020. O slip-on Revive, da marca estadunidense Kane, é um exemplo confortável e feito de EVA de base biológica. A categoria de two-mile wear abriga também itens esportivos sofisticados, casacos de fleece com uma pegada outdoor e acessórios como a bolsa estilo lanyard, perfeita para guardar chaves, cartões e o telefone.

Já para a melhora no foco e na produtividade, existem aparelhos eletrônicos como o TeuxDeux, um organizador digital que oferece recursos de gestão de tempo para os estilos de vida híbridos. Desenvolvido pela Cleer Audio, com sede na Califórnia, o fone sem fio Alpha conta com cancelamento de ruído e modo ambiente (que ajuda manter a percepção do que está acontecendo no entorno) – ideal para pais que estão trabalhando, além de uma conexão multiponto que possibilita ao usuário se conectar a dois dispositivos, um móvel e um computador.

Já os ambientes tiveram que se tornar mais flexíveis e multifuncionais nos últimos três anos, e nos próximos três, veremos marcas oferecendo produtos para diversas necessidades, como mesas com anexos dobráveis, luminárias portáteis, itens de two-mile wear, produtos de beleza que protegem da luz azul, fragrâncias funcionais que criam ambientações diferentes em cada cômodo e até câmeras de videoconferência que seguem a pessoa à medida que ela se desloca pela sala.

Em nível estrutural, a casa com cômodos separados estará em alta novamente, à medida que as pessoas se interessam por espaços individualizados que sirvam para diversos propósitos.

O conforto será um motivador-chave, à medida que o consumidor investe em escritórios dentro de casa. E essa tendência deverá influenciar também outros segmentos que lidam com o bem-estar, como comfort foods, mantas e aromatizadores de ambientes.

Porém, existe outro ponto. À medida que mais aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos de cozinha ganham espaço na casa, as marcas terão que investir em uma estética doméstica para que esses produtos pareçam mais discretos e acolhedores. Materiais naturais, tecidos macios, formas minimalistas e cores discretas serão importantes, assim como as inovações capazes de ocultar a função de um objeto, como porta-retratos que atuam como carregadores de telefone ou luminárias que acendem ou apagam com o movimento das mãos.

A casa como local de exercícios

A fuga dos ambientes sociais para dentro de casa acelerou tendências e criou hábitos. "O ‘do it yourself’ (DIY), por exemplo, é um comportamento que foi muito alavancado pela pandemia como um todo. Afinal, fazer você mesmo acaba sendo um recurso muito interessante, porque é uma forma de o consumidor se autoempoderar em relação à sua própria casa e ao seu próprio espaço”, diz Liliah Angelini, gerente e especialista de tendências da WGSN Brasil.

Em 2025, esses novos artesãos terão como foco a criação com propósito. Isso poderá ocorrer por meio de tutoriais e encontros para formar uma comunidade, ou com o surgimento de pequenos empreendedores que vão tentar monetizar suas habilidades nas redes sociais. Cada vez mais pessoas vão investir em ferramentas melhores (para criação de conteúdo, inclusive) e em espaços de criação mais confortáveis e permanentes na casa.

Em um nível mais amplo, o boom das técnicas artesanais vai continuar acompanhando a ascensão de estilos de vida focados no reaproveitamento e na baixa geração de resíduos, impulsionando uma estética mais livre, divertida e exuberante em todos os segmentos. O consumidor estará mais aberto a um design único e com valor sentimental, que funciona como uma antítese ao minimalismo.

O relatório Lar e Lifestyles 2025 da WGSN está disponível para download.

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