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Público retorna à Sala São Paulo, sede da Osesp

Concertos mais curtos, duas sessões de apresentação por dia, apenas 480 pessoas na plateia: o "novo normal" da casa da maior orquestra do país

Apresentação antiga da Osesp na Sala São Paulo (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Apresentação antiga da Osesp na Sala São Paulo (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 09h44.

Duzentos e quinze dias depois, a Sala São Paulo volta nesta quinta-feira, 15, a receber o público. O "novo normal" é bastante diferente da realidade anterior à pandemia. Concertos mais curtos, duas sessões de apresentação por dia, apenas 480 pessoas na plateia.

"Estamos longe do ideal, foram necessários muitos ajustes, mas a expectativa é de retomada, é de poder cumprir a temporada, que agora será realizada até janeiro e fevereiro do ano que vem, salvo alguma mudança no quadro geral, claro", explica o diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski.

Desde agosto, a orquestra tem realizado concertos na Sala São Paulo, transmitidos pela internet, mas sem público, o que se tornou possível com a decisão da Prefeitura de permitir o retorno de atividades culturais na fase verde do Plano São Paulo. As transmissões pela internet não serão mais realizadas, apenas pontualmente, como a orquestra fazia antes do início da pandemia.

"Nesses dois meses, conseguimos nos acostumar com os protocolos de segurança sanitária e eles têm funcionado", diz Nestrovski. "Estamos confiantes de que estamos fazendo tudo que é possível fazer para garantir a segurança das pessoas."

Ontem, a Filarmônica de Nova York cancelou sua temporada até setembro de 2021, seguindo outros grupos, como o Metropolitan Opera House, que anunciou a decisão de só retornar às atividades quando a vacina contra o coronavírus começar a ser usada amplamente pela população; na Europa, o retorno tem acontecido de forma gradual, mas ainda com muitos cancelamentos.

Para Nestrovski, é preciso ter em mente sempre que a pandemia não acabou e que não retornamos ainda à situação normal. "Mas entendemos que, como uma orquestra pública, se existe a possibilidade de retorno, então ela é obrigatória."

A Osesp costumava realizar três concertos de cerca de duas horas por semana, às quintas, às sextas e aos sábados. A partir de agora, fará dois concertos de uma hora por dia. O acesso é limitado aos assinantes. Aqueles que compraram antecipadamente lugares na plateia e em toda a parte térrea da Sala terão acesso à primeira sessão; os que tinham ingresso para o mezanino assistem à segunda sessão.

Não há, assim, a possibilidade de comprar ingressos para as apresentações, ao menos por enquanto. "Precisaremos ver o que acontece nas duas primeiras semanas. Se um assinante nos comunicar que não vai usar mais seus ingressos, então poderemos utilizá-los para venda avulsa. Mas teremos que ver como isso vai acontecer, como será a presença do público e que decisão as pessoas vão tomar", explica Nestrovski.

Algumas medidas foram criadas para reduzir a chance de contágio dentro da Sala São Paulo: o acionamento das cancelas de estacionamento e a leitura dos ingressos serão feitos sem contato físico; os cafés e restaurantes servirão apenas nas mesas, com cardápio reduzido; o acesso à sala de concertos será feito a partir de 30 minutos antes do início da apresentação; não haverá intervalos e o acesso aos banheiros será controlado.

Com o retorno do público, a orquestra anunciou a nova temporada até fevereiro deste ano, com a presença de alguns artistas estrangeiros previstos anteriormente, como os maestros Marin Alsop e Richard Armstrong, e o pianista Paul Lewis, além do novo diretor musical e regente titular, o suíço Thierry Fischer, cujo retorno ao País está programado para novembro, para duas semanas de concertos.

Algumas atrações vão se apresentar um pouco mais tarde, até outubro do ano que vem, caso do duo formado pelo violoncelista Antonio Meneses e o pianista Ricardo Castro; e outras precisaram ser canceladas.

"O que aconteceu em alguns casos é que, depois de vir ao Brasil, artistas precisariam realizar períodos de quarentena na volta a seus países, o que não era possível por conta de compromissos já agendados", diz o diretor artístico. Os concertos serão realizados com um máximo de 55 músicos no palco, e sem a presença de coro, o que levou ao cancelamento de obras corais-sinfônicas previamente programadas. O coro, no entanto, fará concertos próprios, sem a orquestra. O Quarteto da Osesp também terá datas. Segundo Nestrovski, quase 90% do Festival Beethoven, marcado para celebrar os 250 anos do compositor, será mantido.

Nesta e na próxima semana, a orquestra será regida pelo alemão Alexander Liebreich, em programas com peças de Mendelssohn, Brahms e Arvo Pärt. A Osesp não exigiu do artista que chegasse ao Brasil a tempo de realizar uma quarentena antes do início dos ensaios. "Ele apresentou um teste PCR negativo antes de embarcar para o Brasil e fez um teste rápido ao chegar, no último domingo", explica Nestrovski.

Segundo a Osesp, a temporada 2021 deverá ser anunciada em novembro e tem início previsto para o dia 11 de março. Assim, não haverá interrupção entre o fim da temporada 2020 e o início da 2021. "Temos percebido, na conversa com os artistas estrangeiros, que é um alento ver que a orquestra conseguiu manter de alguma forma a temporada, pois a situação na Europa no que diz respeito à volta dos concertos ainda é muito complicada. Há, claro, em alguns casos, receio de viajar ao Brasil pelas notícias que recebem, mas também confiança com os protocolos que estão sendo colocados em prática", completa Nestrovski.

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