Vinícola Guaspari: área de degustação (WR7/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 19 de março de 2022 às 06h30.
Dá para ter um gostinho de Toscana. A vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal, na Serra da Mantiqueira, tem dias ensolarados e noites frias. O clima europeu e o solo granítico formam o terroir perfeito para o plantio de uvas, azeitonas e cafés. E há mais de dez anos lá são produzidos vinhos reconhecidos e premiados.
A boa notícia para quem mora em São Paulo é que desde o ano passado as visitas guiadas foram retomadas. A vinícola fica a duas horas e meias da capital paulista, pela rodovia dos Bandeirantes. É um ótimo programa para quem quer passar o dia por lá, ou mesmo pernoitar em alguma pousada na região.
A vinícola oferece dois tipos de roteiros. O primeiro, chamado Vista da Vinícola, é mais completo. Um guia apresenta o projeto e o processo produtivo da vinícola, desde o manejo dos vinhedos, passando pela indústria e cave de barricas. O passeio termina com a degustação de quatro vinhos e sai por 190 reais.
O segundo tipo de roteiro é para quem já conhece o processo de vinificação da Guaspari ou não tem interesse e quer mesmo é experimentar os vinhos. A degustação inclui então quatro rótulos da linha Vista, a mais premium, sendo dois brancos e dois tintos, e custa 290 reais.
Nos dois tipos de passeio o acompanhamento é uma tábua de embutidos que inclui embutidos Salamanca com salame italiano, jamón serrano e copa, queijos artesanais locais, chutney de manga, pães de fermentação natural e azeites que começaram a ser produzidos recentemente e estarão à venda a partir do mês que vem.
O local de desgustação é lindo, uma sala de onde se vê a Serra da Mantiqueira ao fundo e mesas ao ar live com os vinhedos em volta. Também é possível apenas visitar o wine bar da Guaspari, onde os vinhos são servidos em taças, acompanhados de tapas de jamón defumado.
Os vinhos da Guaspari são reconhecidos. O rótulo Syrah Vista da Serra 2017 foi o primeiro vinho brasileiro a estampar a capa da prestigiada Decanter Magazine. É uma produção butique, entre 120.000 e 150.000 garrafas por ano, que já saem vendidas.
A propriedade é uma antiga fazenda de café da família Guaspari. As videiras começaram a ser plantadas em 2006 e a primeira safra é de 2010. Os rótulos começaram a chegar aos mercados em 2014. O enólogo é o californiano Gustavo Gonzales, que foi da Ornellaia, da Toscana. Uma curiosidade: pronuncia-se Guaspári, apesar da palavra não levar acento.
Provamos cinco vinhos das degustações. Vamos a eles.
Um sauvignon blanc com chardonnay e viognier bem leve, jovem e despretensioso. Vinho de entrada da Guaspari, com aroma de frutas tropicais, mas com certa mineralidade. Ótimo pra tomar gelado com entradas leves. Preço: 152 reais
Dourado, cremoso, encorpado. Esse viognier é uma surpresa, e não perde na comparação com bons vinhos produzido do Rhône. Envelhecido 11 meses em barrica, com pouca acidez, aroma de fruta, pede uma gastronomia um pouco mais refinada. Preço: 378 reais
Envelhecido em barris de terceiro e quarto uso, potente mas versátil, com boa acidez. Aroma defumado típico da syrah, vai bem com alguma comida mais despretensiosa ou um cordeiro. Fácil de beber, ótimo custo benefício. Preço: 178 reais
Uma safra posterior do famoso vinho da capa da Decanter. É mais complexo que o anterior, muito defumado, azeitona preta. A syrah deste vinho é plantada na parte mais alta da propriedade, a 1.300 metros de altitude. Pede uma boa carne. Preço: 298 reais
Envelhecido por 17 meses em barricas de carvalho francês, com potencial de guarda de 15 anos. Mistura em partes iguais de cabernet franc e cabernet sauvignon, muito tanino, muito encorpado, aroma de ameixa, cereja e pimenta. Preço: 298 reais
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