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Poucos desfiles de moda em Paris, apesar do retorno à normalidade

Presidente executivo da Federação de Alta Costura e Moda da França, que organiza as Semanas de Moda, aposta que, no futuro, desfiles serão 'figitais': "é um fator inovador"

Neste mês, em Milão, houve apenas três desfiles físicos de grandes marcas (Olga NEDBAEVA/AFP)

Neste mês, em Milão, houve apenas três desfiles físicos de grandes marcas (Olga NEDBAEVA/AFP)

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AFP

Publicado em 23 de junho de 2021 às 07h00.

Última atualização em 23 de junho de 2021 às 08h43.

Apesar de um retorno progressivo à normalidade, Paris abre, nesta terça-feira (22), a Semana de Moda masculina com poucos desfiles e grandes marcas ausentes, o que deixa no ar a dúvida se as passarelas voltarão a brilhar como nos tempos pré-covid. Entre as 72 marcas inscritas no calendário oficial, apenas Dior, Hermès e outras quatro convidaram o público para assistir seus desfiles. Sendo assim, os dez desfiles desta terça-feira serão todos digitais, incluindo o da Lanvin.

Neste mês, houve apenas três desfiles físicos de grandes marcas em Milão (Dolce & Gabbana, Etro e Giorgio Armani). A Semana de Nova York não retornará até setembro e a de Londres ocorreu no formato digital. Em Paris, marcas como Louis Vuitton, Dries Van Noten, Yohji Yamamoto, Issey Miyake, Loewe e Tom Browne continuam apostando no formato de vídeo, assim como a espanhola Oteyza.

Apesar disso, "há uma grande vontade de voltar ao formato físico", afirma à AFP Pascal Morand, presidente executivo da Federação de Alta Costura e Moda da França, que organiza as Semanas de Moda. No entanto, depois da pandemia que acelerou a revolução digital, "entramos em um universo 'figital' (físico e digital). Não será nem um, nem outro: serão os dois, é um fator inovador", acrescenta.

Ausências temporárias

Nesta Semana da Moda também há grandes ausências, como Berluti, que seguirá seu próprio calendário, e Celine, cujo diretor artístico, o francês Hedi Slimane, já descrevia a programação como "ultrapassada" mesmo antes da crise de saúde. Morand, no entanto, garante que a instituição que preside não está "ameaçada".

"Pode haver ausências temporárias", afirma, destacando o retorno da Corrèges e Balenciaga, respectivamente, à Semana de Moda masculina e à da Alta Costura, prevista para 5 a 8 de julho. Além disso, "jovens marcas do mundo todo querem vir" desfilar em Paris, diz Morand.

O estilista brasileiro Francisco Terra foi um dos primeiros a retirar sua marca Neith Nyer do calendário parisiense. Entretanto, apesar de "frustrado" com as apresentações virtuais, ele planeja organizar um desfile na quinta-feira em Paris, seguido de um evento de quatro dias, incluindo uma loja efêmera, para "avaliar a reação dos clientes logo após o desfile". "Não é preciso um calendário. A imagem de uma jovem marca se desenvolve no Instagram, com os famosos e especialmente no início das estações", explica à AFP.

Falta ambiente para os desfiles

"A ideia de retornar ao desfile físico nos torna otimistas", afirma a diretora artística da linha feminina da Dior, a italiana Maria Grazia Chiuri, que defende o ritmo das coleções para apoiar os fornecedores e artesãos afetados pela pandemia. Tanto Chanel quanto Dior desfilarão em julho em Paris. No entanto, as marcas mais modestas da alta costura, que vestem principalmente princesas do Oriente Médio, estimam que é muito cedo para voltar aos desfiles físicos.

"Não vamos fazer um desfile sabendo que os formadores de opinião não podem vir da China, da Arábia Saudita, do Catar ou dos Estados Unidos", disse o estilista francês Julien Fournié. Neste momento, "falta o ambiente", segundo seu compatriota Stéphane Rolland. "Não sinto falta dos desfiles, porque sei que vão voltar", afirma.

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