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'Posição no ranking não é o mais importante', diz CEO de relógios Omega

Para Raynald Aeschlimann, que ficou em terceiro no setor com a empresa em 2021, o foco é desenvolver novas tecnologias

Raynald Aeschlimann, presidente e CEO da Omega (Omega/Divulgação)

Raynald Aeschlimann, presidente e CEO da Omega (Omega/Divulgação)

GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 10 de março de 2022 às 17h48.

Última atualização em 10 de março de 2022 às 19h10.

O fabricante suíço Omega apresentou os novos relógios que serão vendidos neste ano – marcados pelas novas versões de clássicos da marca e opções mais coloridas. Mas Casual também falou com Raynald Aeschlimann, presidente e CEO da empresa, para entender o plano por trás da renovação, além das decisões em relação a sustentabilidade e novas tecnologias para os produtos.

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De acordo com a LuxeConsult e a Morgan Stanley, a Omega teve 7,5% do mercado no último ano e, com isso, ficou em terceiro. Quais foram os números e quais são as expectativas?

“Nós não falamos muito de números. Mas é muito claro que alcançamos isso e que continuaremos fazendo o que estamos fazendo no futuro. É importante lembrar que você pode ser líder e ter mais participação de mercado, só que fazer algo puramente comercial e não bom. É necessário saber por que está lá e como continuar, investir em novos produtos, pesquisa e desenvolvimento. Porque a posição no ranking não é o mais importante e sim fazer o melhor para nossos clientes”.

Muitos dos novos lançamentos parecem projetados para os asiáticos, com relógios menores e mais coloridos. Essas tendências também se aplicam aos mercados da América Latina?

“Não estou tão de acordo. Eu acho que o Constellation, definitivamente, em termos de tamanho, é um relógio que é um símbolo e um sinal do nosso sucesso na Ásia. E tenho de concordar com isso. Mas as cores talvez sejam mais de acordo com a America Latina que com a Ásia. Porque o Brasil, por exemplo, é cheio de cores.

Estamos tentando nos adequar a alguns dos países, o que é totalmente normal, mas nenhum relógio está direcionado a apenas uma região. Porque o mundo é um só. Mas é normal que, nos países da América Latina, talvez façam mais sucesso o Seamaster ou o Speedmaster que um Constellation”.

Qual é a importância das novas opções coloridas para a expansão da Omega?

“Para mim, isso representa a Omega. São novas cores criadas e novas tecnologias. Definitivamente, é como o Master Chronometer [certificação que atesta a qualidade de relógios mecânicos], um pilar e uma questão estratégica. Porque dissemos: sim, tragam um pouco de cor, que está em tendência, mas também por conta do nosso DNA.

Talvez menos que o Master Chronometer, que considero um marco na indústria e na própria Omega, porque colocou muita confiança na nossa marca. E isso é o mínimo que podemos fazer, porque os clientes pagam pelo que eu considero uma das compras mais caras que eles farão na vida, então isso é o mínimo que podemos entregar: certificação, qualidade, resistência e longevidade”.

Vocês apresentaram dois novos materiais (Canopus Gold e O-MEGASTEEL). Esse desenvolvimento é um foco da empresa? E o que eles representam para o consumidor final?

“O que é muito interessante é que, se você pensar a respeito da nossa marca, a Omega representa qualidade, tecnologia e emoção. Riqueza em termos de valores implícitos e não apenas explícitos. Claro que nossos relógios chamam a atenção. Não achamos que todos devem ficar no canto para não serem mostrados. O que é muito importante são os valores implícitos.

Com o O-MEGASTEEL, oferecemos qualidade e muitos anos de pesquisas para fazer não somente o mais bonito, mas também o mais resistente a corrosão. Mais importante é a alta qualidade, sempre mantendo os preços nos patamares certos. Se isso fizesse os preços triplicarem, eu me perguntaria se o consumidor realmente quer isso. Mas se melhoramos a qualidade mantendo o preço, essa é a representação da Omega. Com o Master Chronometer, por exemplo, não tivemos aumentos”.

Qual é o investimento feito pela empresa em pesquisa e desenvolvimento?

“Pesquisa e desenvolvimento é sempre uma grande discussão, porque, quando a gente contabiliza, leva em consideração quando lança um relógio, mas também quando diz não. E nós somos muito verticalizados: caixa, bracelete, engrenagens... tudo foi feito pela companhia. Isso significa que P&D tem sido feito pelos produtores de cada um desses itens.

Há vezes que criamos uma nova liga de metal porque descobrimos a dificuldade de polimento, por exemplo. Mas pesquisa e desenvolvimento sempre foram muito importantes, porque somos donos desses fornecedores, diferentemente de alguns dos nossos concorrentes. Então é difícil definir esse investimento porque ele pode não estar diretamente relacionado, mas posso garantir que gastamos muitos milhões de euros com novos materiais e tecnologias”.

Com todas essas melhorias, ainda existe a necessidade de revisões periódicas?

“É um fato que, quando falamos de intervalo de revisão, é mais do que dar um conselho. Nós damos a todos os relógios uma garantia fabulosa, mas também é interessante que, quanto mais falamos de Master Chronometer e tecnologias, mais esses relógios têm voltado apenas para revisão, em vez de reparação. E intervalo de revisão, para mim, é a chave para cuidar do relógio.

Nossas tecnologias e a certificação Master Choronometer têm longevidade e essas funções são tão precisas que as pessoas às vezes questionam por que fazer a revisão. Mas esse serviço é necessário a cada dois ou três anos porque aquele relógio trabalha 24 horas por dia e precisa, de vez em quando, de uma pequena atenção para continuar trabalhando continuamente de maneira precisa”.

O que a marca tem feito em relação a sustentabilidade?

“Fabricar relógios ainda é um processo de muito artesanal. E, por isso, não utilizamos tanta energia para fazer o que fazemos. Nem tanta água. Não temos muito desperdício. Isso é algo que faz parte do nosso DNA, com pulseiras recicladas e melhorar a sustentabilidade de tudo que for possível. Por outro lado, isso não é algo que fazemos com intenções comerciais ou só para divulgação.

Também me orgulho, porque, no último mês, anunciamos dois grandes projetos: o Privateer, que mapeia a nossa atmosfera, já que há cerca de 400 mil rejeitos desde pequenos até aqueles grandes como satélites perdidos e que acabam sendo um risco; além de investir em uma empresa que está desenvolvendo uma grande máquina capaz de remover parte desses rejeitos do espaço.

Estamos liderando toda essa questão de sustentabilidade do espaço, mas também temos uma série de ações aqui para o planeta, das quais falaremos mais detalhadamente em breve”.

Pensando nessas ações, existe plano para crescer junto ao turismo espacial?

“Nós estamos no espaço. Nós estivemos com Jeff Bezos na missão do Blue Origin, quando ele usava um Speedmaster. Temos o legado, temos tecnologia e nós estamos lá, porque somos o único relógio qualificado pela Nasa. Então, nosso foco é manter o apoio e estar lá com os astronautas. Faremos de tudo para continuar legado que começou há muito tempo como o primeiro relógio na lua”.

Há mais novidades previstas para serem apresentadas neste ano?

“Não seriamos a Omega se falasse que não, porque estamos trabalhando duro em novos produtos tanto quando trabalhamos nos últimos lançamentos. Mas sim, temos alguns planos, porque também acredito que precisam ser no momento certo. Nós sempre queremos discutir muito as ideias, como sempre fizemos. Mas não como antes, que a gente pensava para daqui 12 ou 18 meses”.

Quais são os principais desafios que você enxerga atualmente para a marca?

“Se eu olhar para a evolução da indústria, com o que a gente construía há dez anos e o que a gente desenvolveu de lá para cá, e por que fomos bem-sucedidos, há muitos desafios em relação a tudo que está acontecendo no mundo. Só que também há muitas oportunidades se fizermos as coisas certas. Temos de estar próximos do nosso DNA e surpreender as pessoas para garantir que o melhor está sendo feito para os clientes. Criar produtos perfeitos para eles”.

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