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Por que um suéter de cashmere pode custar US$ 2.000 ou US$ 30?

Preço depende de vários fatores, entre eles a qualidade da lá e o local onde a peça foi produzida

 (NadinPanina/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2018 às 08h55.

Última atualização em 22 de abril de 2018 às 08h55.

Um suéter liso, mas trabalhado meticulosamente, feito do melhor cashmere do mundo pode custar US$ 2.000 ou mais se vendido por grifes de luxo como a Loro Piana. Ao mesmo tempo, é possível conseguir por apenas US$ 29,90 um suéter simples, 100 por cento de cashmere, na estante de ofertas da Uniqlo.

Feito com a lã mais macia produzida por certas raças de cabras, como a cabra branca Zalaa Ginst e a cabra do Planalto do Tibete, o cashmere antes era reservado aos seguidores da moda mais ricos. (A esposa de Napoleão Bonaparte ajudou a popularizar a lã). Mas nas últimas duas décadas, seu prestígio disparou e as roupas mais baratas inundaram o mercado.

Foram exportados quase US$ 1,4 bilhão em roupas de cashmere em todo o mundo em 2016, contra US$ 1,2 bilhão em 2010, segundo dados de comércio da Organização das Nações Unidas. São quase 5.000 toneladas de pulôveres, cardigãs e outros itens. Agora, os produtos feitos com essa lã parecem estar em todo lugar com preços para todos os bolsos. A onipresença pode gerar problemas para um produto, que acaba parecendo uma commodity, especialmente no caso de uma lã historicamente comercializada como item de luxo.

Mas então o que torna um suéter melhor do que outro? O preço depende da qualidade da lã, do local de fabricação da peça, do número de unidades compradas pela marca e da margem de lucro.

A qualidade da matéria-prima costuma ser o mais importante. As fibras de cashmere mais compridas mantêm a integridade por mais tempo, permitindo que as roupas mantenham a estrutura. O pilling -- as bolinhas que se formam na lã com o desgaste -- é mais comum em roupas feitas de fios mais curtos de cashmere. Hoje em dia, os fabricantes muitas vezes produzem roupas a partir de uma mescla de comprimentos para equilibrar qualidade e custo.

Ocasionalmente, até cashmere falso chega às prateleiras das lojas. “Com certeza existe fraude nesse mercado”, diz Frances Kozen, diretora do Instituto Cornell para a Moda e a Inovação nas Fibras. Comerciantes fraudulentos, e às vezes falsificadores, criam misturas de cashmere rotulados como 100 por cento cashmere que na verdade são feitas de lã, raiom de viscose e acrílico -- e possivelmente até pele de rato, afirma.

O setor tenta recuperar a reputação do tecido educando os consumidores sobre a origem do cashmere. A marca de cashmere Naadam garante aos clientes que usa apenas as fibras mais longas e que isso faz com que as peças durem mais. A marca divulga suas práticas sustentáveis de pastagem e de ausência de produtos químicos e alvejantes. Os suéteres da Naadam não são baratos, a preços de US$ 125 a US$ 225, por isso a marca precisa mostrar aos compradores por que merece o investimento.

“O cashmere ainda significa muito para as pessoas, apesar de muitas marcas terem degradado o significado de muitas palavras”, diz Shilpa Shah, cofundadora da marca de roupas e acessórios Cuyana. Os suéteres de cashmere da marca são fabricados na Escócia e na Itália e custam US$ 155 a US$ 495. Eles não têm a qualidade do que se pode encontrar em grifes com preços muito mais elevados, mas Shah insiste em que chegam perto.

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