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Por que (quase) não faz sentido ter medo de avião

Livro “Cockpit Confidential” traz as minúcias sobre as viagens de avião e desmistifica as turbulências e outros “perigos”


	Turbulências são mais um incômodo do que um risco efetivo à vida
 (David McNew/Getty Images)

Turbulências são mais um incômodo do que um risco efetivo à vida (David McNew/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2014 às 13h31.

São Paulo – Frio na barriga, mãos trêmulas e coração acelerado. Essas e outras sensações são bem conhecidas pelas pessoas que têm medo de avião. Até mesmo quem já está acostumado com os pousos e as decolagens provavelmente fica, no mínimo, apreensivo em um momento de turbulência.

Essa insegurança, apesar de comum, não tem muito fundamento. Segundo o New York Times, um professor do M.I.T. afirmou no ano passado que, nos 5 anos anteriores, o risco de um passageiro morrer em acidente de avião nos Estados Unidos era de um em 45 milhões de voos.

E mesmo que esta e outras pesquisas mostrem que o avião é o meio de transporte mais seguro de todos (ainda que não seja imune a acidentes fatais, claro), o medo de muita gente beira o irracional. Foi para desmistificar essas viagens e afastar as desconfianças que o piloto e blogueiro Patrick Smith escreveu o livro “Cockpit Confidential”, lançado em 2013 nos Estados Unidos. 

Turbulência é motivo para desespero?

Na obra, ele explica em detalhes o funcionamento das aeronaves e dos procedimentos de voo em diversas ocasiões, inclusive nas temidas turbulências. Apesar de o nome não trazer bons presságios, Smith explica que, em geral, essas situações não passam de um mero incômodo, que em nada afetam a segurança do voo.

“Quando um voo muda de altitude em busca de condições mais suaves, isso é principalmente em nome do conforto”, afirma em seu livro. Isso significa que, menos que com a segurança, a preocupação central dos pilotos, ao fugir de uma turbulência, é evitar estresse dos passageiros e bebidas entornadas.

Sendo ainda mais claro, ele diz que os aviões suportam castigos consideravelmente grandes e é muito provável que um piloto voe durante toda sua vida sem se deparar com turbulência capaz de derrubar uma aeronave.

“Mas e as mudanças bruscas de altitude, que, às vezes, parecem que o avião está despencando?”, alguns poderão perguntar. Smith diz em seu livro que, até em uma situação de instabilidade considerável, a oscilação da posição do avião é pequena.

Ele conta que, em um voo para a Europa, mediu a mudança da aeronave para cima, para baixo e para os lados, constatando que a diferença foi de menos de 12 metros em relação à localização normal. Isso, no entanto, não significa que os passageiros devem desobedecer às ordens de manter-se sentados, com os cintos afivelados.

Esse é, na verdade, o risco mais concreto em uma turbulência: não atar o cinto e, por isso, literalmente voar dentro do avião. Em setembro de 2013, por exemplo, uma viagem da TAM de Madri a São Paulo deixou 12 passageiros feridos, devido ao não uso do cinto durante uma inesperada e forte turbulência.

Para aqueles que se mantêm nas cadeiras com o equipamento de segurança, uma forma de reduzir o desconforto é escolher os lugares mais próximos das asas, perto do centro de gravidade do avião. Nessa posição, há uma sensação maior de estabilidade, ao contrário dos assentos do fundo da aeronave, que são mais instáveis.

Avião pequeno é mais perigoso?

Outro ponto que Smith menciona em seu livro e que costuma ser motivo para insegurança é o tamanho de algumas aeronaves. Não é raro ver alguém que, ao descobrir que irá voar em um avião de pequeno porte, pergunte: “é nesse teco-teco que vamos voar? Mas ele sai do chão?”.

Do ponto de vista técnico, o autor afirma que, em regra, não há com o que se preocupar, já que a qualidade dos aviões não é ditada pelo tamanho. No entanto, ele chama a atenção para a qualificação dos pilotos.

Falando especificamente do mercado americano, o especialista diz que é comum ver profissionais com menos horas de voo operando em aeroportos menores e, por isso, podem não estar tão preparados para lidar com todas as situações possíveis.

Devo me preocupar com a “silver tape” que vi pregada na asa?

Entre todos os grilos que passam pela cabeça dos mais inseguros, ver uma fita adesiva prateada do lado de fora da aeronave pode agravar ainda mais o nervosismo. Apesar de parecer desleixo, a tal “silver tape” que as empresas costumam usar não apresentam risco.

Na verdade, essa fita se chama “speed tape” e é usada para remendar componentes superficiais, enquanto não se pode consertar definitivamente o avião. Patrick Smith garante que, além de ser permitida pela legislação, ela é segura, pois suporta uma gama enorme de temperaturas e custa milhares de dólares.

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