(Ivan Padilla/Divulgação)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 10h00.
Última atualização em 29 de janeiro de 2024 às 10h38.
MIAMI. Um salão de relojoaria, assim como feiras náuticas e automotivas, faz sentido para o público e para o trade quando um número considerável de marcas participa. A francesa LVMH, a maior holding de luxo do mundo, possui apenas quatro manufaturas maiores de relógios – Bvlgari, TAG Heuer, Zenith e Hublot, além das segmentadas Daniel Roth e Gérald Genta.
Todas, com exceção da Bvlgari, já participam oficialmente da maior feira de relojoaria do mundo, a Watches & Wonders de Genebra, que este ano será realizada em abril. Ainda assim, o grupo já realiza há cinco anos um encontro próprio para apresentar novidades das marcas aos jornalistas especializados.
Este ano a feira acontece em uma ilha em Miami, entre os dias 28 de janeiro e 1 de fevereiro. Existe razão para deslocar centenas de jornalistas e lojistas, a cada ano a uma cidade diferente do mundo, sempre em hotéis de luxo, para conferir os lançamentos de, no máximo, duas dezenas de novos relógios?
Sim, existe razão para isso. E cada vez mais.
O balanço anual do grupo LVMH, com 75 marcas de luxo, apontou faturamento recorde de 86,15 bilhões de euros, 9% acima do registrado em 2022. O lucro das operações recorrentes foi de 22,8 bilhões de euros, 8% mais alto na comparação anual.
Os resultados recordes fizeram as ações do conglomerado subirem e colocaram seu principal acionista, o francês Bernard Arnault, novamente no topo do ranking dos homens mais ricos do mundo.
Dentro do grupo, o segmento de joalheria e relojoaria respondeu por 11 bilhões de euros em faturamento, com crescimento de 7% em relação ao ano anterior. Os segmentos de moda e de retail serving, que engloba hotelaria e perfumaria, são maiores, claro. Mas as marcas principais de relojoaria, como Bulgari, Tiffany e TAG Heuer, foram destaque no relatório de resultados.
O que se comenta nos corredores do grupo é que joalheria e relojoaria devem se tornar o segundo segmento mais rentável do grupo. Essa seria uma orientação da direção da holdng. Isso pode incluir, claro, aquisições de marcas independentes, além de muito investimento em produts e em marketing nas marcas atuais.
Prova da importância do segmento para o grupo foi a nomeação do começo do ano de um dos herdeiros do grupo, Frédéric Arnault, filho de Bernard, como CEO da divisão LVMH Watches.
Frédéric foi CEO da TAG Heuer de 2020 a 2023, período em que investiu em modelos com complicações, mais luxuosos, de metais preciosos e com diamantes de laboratórios. A mudança de rumo aumentou o preço médio dos relógios e o faturamento da manufatura.
No ano passado o grupo comprou outras duas marcas icônicas. Uma delas foi a Gérald Genta, falecido em 2011. O icônico desiger foi responsável por relógios lendários como o Royal Oak de Audemars Piguet, o Nautilus de Patek Philippe, o Constellation de Omega e o Ingenieur de IWC.
A outra marca relançada pelo grupo foi a Daniel Roth, outro designer que lançou sua marca própria no final da década de 1980. Na década de 2000, o portfólio da passou para o comando da Bvlgari. Agora, o grupo investe nela novamente.
O primeiro salão próprio de relojoaria do grupo LVMH aconteceu em janeiro de 2020, em Dubai, antes da pandemia, e teve a presença de 200 jornalistas. Já no ano passado foram duas edições quase simultâneas, em Singapura e depois Nova York.
Desta vez, o evento aconteceu na Villa da Star Island, um hotel de luxo na ilha mais exclusiva de Miami. A Star Island é uma ilha artificial ao sul de Miami Beach, com acesso controlado por uma ponte e repleta de mansões à beira-mar. Quem tem casa por lá é Jennifer Lopez, Shaquille O’Neal, Gloria Estefan e até a Xuxa.
Desta vez estão previstos 110 jornalistas, principalmente dos Estados Unidos e da Europa. Frédéric Arnault fez o discurso de abertura. São muitas as novidades apresentadas. Mas é apenas o começo da temporada. Dentro de três meses acontecerá a Watches & Wonders, maior salão de relojoaria de luxo do mundo, com participação de 55 marcas.
As quatro marcas principais do grupo LVMH estarão presentes também no Watches & Wonders. E com mais e mais lançamentos. Alguém comentou que o segmento virou prioridade para o maior conglomerado de luxo do mundo?