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Por que o Brasil é potência no esporte paralímpico

A rápida unificação do comitê ainda nos anos 90, repasse estatal pensado para estruturar o esporte e uma rede importante de patrocinadores e parceiros colocou o Brasil em outro patamar no esporte paralímpico

LARA LIMA, MARIANA D’ANDREA E TAYANA MEDEIROS. Treino do Halterofilismo no Tokyo International Forum. 
Ale Cabral/CPB (Ale Cabral/Comitê Paralímpico Brasileiro/Flickr)

LARA LIMA, MARIANA D’ANDREA E TAYANA MEDEIROS. Treino do Halterofilismo no Tokyo International Forum. Ale Cabral/CPB (Ale Cabral/Comitê Paralímpico Brasileiro/Flickr)

São mais de 300 pódios em 12 participações e quase 100 medalhas de ouro durante mais de 40 anos de Jogos Paralímpicos. É inegável: o Brasil, na Paralimpíada, está entre as 10 maiores potências da competição.

Precisamente, o Brasil conquistou um total de 87 medalhas de ouro, somando todas as edições de que participou e busca, agora em Tóquio-2021, alcançar a simbólica marca das 100 medalhas de campeão. Para o feito, são necessários apenas 13 ouros, um número que, dada a última participação paralímpica no Rio, é absolutamente alcançável: em 2016 foram 14 ouros.

Para efeito de comparação, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) contabiliza 37 ouros do país em todas as edições dos Jogos Olímpicos.

Além da expressiva quantidade de medalhas de ouro conquistadas na história, a melhora gradual da colocação do Brasil no quadro geral foi fundamental para colocar o país de vez entre as potencias o esporte paralímpico.

Na edição de Atlanta, em 1996, o Brasil terminou a competição em 37º lugar geral com 21 medalhas (2 de ouro, 6 de prata e 13 de bronze). Já no Rio de Janeiro, em 2016, apenas 24 anos depois, o Brasil terminou em 8º lugar, com 72 medalhas (14 ouro, 29 pratas e 29 bronzes).

E o salto de qualidade do país foi bem perceptível: 37º em Atenas-1992, 24º em Sydney-2000, 14º em Atenas-2004, 9º em Pequim-2008, 7º em Londres-2012 e 8º no Rio-2016. Embora a delegação tenha perdido uma posição na última edição, a quantidade de medalhas obtidas foi quase o dobro: 72 no Rio contra 43 em Londres.

(Comitê Paralímpico Brasileiro/Reprodução)

O porquê do Brasil ser uma potência paralímpica

A decolada do Brasil rumo ao topo no esporte paralímpico se inicia justamente com a criação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) ainda em1995, logo após os Jogos de Barcelona (1992). A partir da fundação do Comitê Paralímpico Internacional (IPC na sigla em inglês) em 1989, fez-se necessário que cada nação tivesse o seu comitê paralímpico e se filiasse ao IPC.

Visando um nível maior de representatividade internacional do esporte paralímpico do país e com a ideia de agregar as diferentes modalidades de esportes para as pessoas com todos os tipos de deficiência, o país se movimentou rapidamente e criou, poucos anos depois, o Comitê Paralímpico Brasileiro.

A celeridade para organizar uma representação unificada do esporte paralímpico brasileiro perante o IPC foi fundamental para que o esporte fosse amplamente divulgado e contribuísse para uma maior inclusão e preparação de atletas para rendimento em alto nível.

 

A unificação das inciativas por meio do CPB permitiu que o fomento do esporte para a população brasileira com qualquer tipo deficiência acontecesse com maior capilaridade e eficiência pelo país. E, progressivamente, o CPB contribuía para fazer criar e gerir cada vez mais ações de divulgação e profissionalização do esporte paralímpico.

Entretanto, apenas a existência do CPB não seria o suficiente para fazer com que o Brasil despontasse no cenário internacional do esporte paralímpico. O CPB ainda precisava de parceiros interessados em ajudar na transformação do esporte e capital para financiar seus projetos e iniciativas de inclusão pelo Brasil.

Em 2001, às vésperas dos Jogos de Sydney, a situação do esporte olímpico e paralímpico no país dá um importante passo rumo a modernização e profissionalização por meio da assinatura da Lei Agnelo/Piva, um importante respaldo financeiro e uma fonte permanente de recursos para o esporte no país.

A lei prevê que que 2,7% do total bruto de arrecadação das Loterias Caixa, descontadas as premiações, sejam destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), nas proporções de 62,96% e 37,04%, respectivamente. Segundo dados da Loteria Caixa, só no ano de 2020, a arrecadação bruta com apostas chegou ao número recorde de R$ 17,1 bilhões, o que destinou cerca de R$ 460 milhões para os comitês olímpico e paralímpico do país.

Com esse novo recurso, o CPB pôde focar na contratação de pessoal qualificado para atuar junto aos atletas e ampliar a atuação de suas iniciativas e projetos pelo Brasil, além de dar ao comitê uma maior segurança fiscal e financeira.

“O CPB também tem investido na qualificação dos professores que atuam tanto na iniciação de estreantes no paradesporto quanto com os atletas de alto rendimento. Para que haja a inclusão das pessoas com deficiência no esporte, é necessário contar com professores qualificados e bem preparados para realizar esta missão”, diz o Comitê em nota.

O CPB conta ainda com incentivos financeiros de outras empresas e possui parcerias estratégicas para o desenvolvimento de projetos de inclusão e inciativas de captação e treinamento de atletas pelo Brasil Uma das empresa do setor petroquímico e de extração mineral brasileiro, a Braskem, por exemplo, é a patrocinadora oficial do paratletismo no Brasil e a montadora Toyota é a patrocinadora oficial do CPB.

O Governo do estado de São Paulo é um parceiro oficial do CPB e auxilia o comitê na hora de financiar, planejas e executar projetos e inciativas que visam a promoção do esporte paralímpico entre as crianças e jovens com deficiência, além também proporcionar o trabalho de detecção de novos talentos para o alto rendimento.

Ernst & Young, Estácio, Havaianas e Ajinomoto são algumas das empresas que apoiam e patrocinam de alguma forma o CPB - fundamentais para a manutenção do alto rendimento do esporte paralímpico brasileiro.

Uma combinação de investimento do governo federal, apoio de empresas em projetos e inciativas fundamentais para transformar e ampliar a realidade do atleta paralímpico do país e alianças entre o CPB e faculdades, universidades e ginásios podem ser consideradas os três principais pilares que sustentam o sucesso do esporte no Brasil.

“A simultaneidade de ações e oportunidades que visam o crescimento do esporte paralímpico promove um ciclo virtuoso de conquistas e ascensão do paradesporto no país, que vem seguido do reconhecimento do Brasil como potência internacional em Jogos Paralímpicos. Os ouros, pratas e bronzes conquistados em todas as competições internacionais são resultados de um esforço mútuo entre atletas, treinadores, entidades competentes e patrocinadores, que fazem com que novos sonhos virem planos e se tornem realidade para um país inteiro”, diz o Comitê Paralímpico Brasileiro em seu site oficial.

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