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Poeta baiano homenageia Castro Alves com poesias em árvores

"O projeto nasceu da percepção de que a poesia é essencial para o espírito", explica Fábio Shiva


	Poesias: as poesias do poeta abolicionista e de outros contemporâneos foram penduradas em árvores nas praças Dois de Julho, da Sé e da Piedade
 (Sayonara Patrícia/Agência Brasil)

Poesias: as poesias do poeta abolicionista e de outros contemporâneos foram penduradas em árvores nas praças Dois de Julho, da Sé e da Piedade (Sayonara Patrícia/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 14h44.

Salvador - Imagine caminhar, pela manhã, em praças arborizadas. Mas no lugar de frutas ou flores, poesias. É o que propõe o projeto "Pé de poesia", em Salvador, idealizado pelo poeta Fábio Shiva, que escolheu a data de hoje (14) para homenagear o aniversário de nascimento do poeta baiano Castro Alves, em 1847.

A data inspirou o Dia Nacional da Poesia. Placas com poesias do poeta abolicionista e de outros poetas contemporâneos foram penduradas em árvores nas praças Dois de Julho (Campo Grande), da Sé e da Piedade.

"O projeto nasceu da percepção de que a poesia é essencial para o espírito. A gente percebe que ela está, de alguma forma, minguando nos dias de hoje. É uma sobrecarga de informação. Somos convidados a lidar com isso de forma muito superficial. Estamos fazendo, por meio desse projeto, um convite lúdico e amoroso, de modo que as pessoas voltem a perceber como a poesia é preciosa em nossas vidas”, afirmou o do movimento.

O aposentado Edson Santana esteve no Campo Grande fazendo a caminhada que já faz parte de sua rotina. A surpresa de ver poesias nas árvores agradou o sergipano, que mora em Salvador.

“É uma das coisas mais importantes do momento. A gente vive tão conturbado e lembrar de Castro Alves e de suas poesias é uma coisa maravilhosa para todos nós. Eu me sinto orgulhoso de estar participando deste momento em que se presta essa homenagem”, acrescentou Edson Santana, de 72 anos

Ao todo, foram 500 placas instaladas nas árvores, nos troncos ou penduradas em galhos, mas nem todas foram mantidas.

Fábio Shiva informou que as colocadas na Praça da Sé foram penduradas ontem (13) à noite, mas algumas pessoas arancaram todas. Segundo ele, isso ocorreu devido à carência da beleza que afeta atualmente as pessoas.

“É lógico que tem um lado triste em perceber que as pessoas estão carentes de qualquer coisa bela. Na verdade, foram crianças que levaram. Acredito que a poesia atua de alguma forma nisso. Essas crianças levaram porque acharam bonito, valioso. Vamos ver uma maneira de fazer novamente o plantio de poesia, de forma que concilie isso”.

Adão Cunha também é poeta e teve alguns de seus textos espalhados pelas árvores. Para ele, celebrar dessa forma aproxima a poesia das pessoas. Conforme Adão, arrancar as placas mostra a diferença social vivida atualmente.

“Essa necessidade que as pessoas têm, de se apropriarem de qualquer coisa que pareça ter valor, relata uma realidade que vivemos. Infelizmente é uma diferença social que persiste e vamos ter de imaginar alguma forma de proteger [o material] para que seja compartilhado por mais pessoas.”

O projeto iniciado hoje em homenagem a Castro Alves vai até o dia 7 de abril, também para homenagear outro poeta baiano, Gregório de Matos, já que a data é a mais provável para o nascimento do escritor.

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847, em Salvador. Foi reconhecido, principalmente, pelas poesias de critica à escravidão.

Por isso, ganhou repercussão como “Poeta dos escravos”. Um de seus poemas mais conhecidos é denominado Navio Negreiro.

No ano passado, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia apoiou uma nota de repúdio assinada pelo Colegiado Setorial de Literatura do Estado da Bahia, contra a proposta do senador paranaense Álvaro Dias (PV) de mudar o Dia Nacional da Poesia para 31 de outubro, data de nascimento do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade.

A emenda foi assinada pela presidenta Dilma Rousseff em junho de 2015 e entrou em vigor na mesma data.

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