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Poder, protesto e moda clássica: a Semana de Moda de NY

Um dos maiores eventos de moda do mundo apresentou as tendências desta temporada; veja

Semana de Moda de NY (Caitlin Ochs/Reuters)

Semana de Moda de NY (Caitlin Ochs/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 12h52.

A Semana de Moda de Nova York terminou com a ausência de várias marcas, o apoio aos "dreamers" (sonhadores), uma estranha predileção por uma moda clássica mas também por dar mais força às mulheres na era pós-#MeToo.

Agora é a vez da Europa: a Semana de Moda de Londres começa nesta sexta-feira, e depois virão as de Milão e Paris. Mas antes, as 10 principais tendências desta temporada em Nova York:

1. Despedidas

Há algum tempo Nova York sofre com a ausência de grandes marcas, e houve mais despedidas nesta semana.

A venezuelana Carolina Herrera, de 79 anos, disse adeus ao cargo de diretora criativa da marca que fundou há quatro décadas.

O canadense Jason Wu deixará a Hugo Boss para se concentrar em sua própria linha. Victoria Beckham e Jenny Packham se mudarão para Londres na próxima temporada para celebrar seus respectivos 10º e 30º aniversários.

2. Volta ao preto

Um clássico através de cada era, o preto está definitivamente de volta, especialmente para a noite - talvez como um eco do protesto contra o assédio sexual observado no tapete vermelho do Globo de Ouro, quando quase todos os presentes vestiram preto.

- (Andrew Kelly)

Michael Kors, Tom Ford, Tadashi Shoji e Christian Siriano mostraram vestidos, calças e jaquetas pretas. A chilena María Cornejo os combinou com vermelho e azul elétrico, e até na colorida coleção da porto-riquenha Stella Nolasco, muito afetada pelo furacão María, houve espaço para pretos sensuais curtos e longos, com muita renda e plumas.

3. Mulheres poderosas

Alexander Wang trouxe um estilo de "power dressing" para a mulher trabalhadora, ao apresentar sua coleção em uma espécie de escritório com cubículos, após o escândalo que derrubou o ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein.

Prabal Gurung consolidou sua reputação como o estilista da mulher pensante com uma coleção inspirada em grupos dominados por mulheres como o Gulabi Gang da Índia ou a tribo Mosuo da China.

Oito modelos participaram em um desfile do #MeToo, contando como foram assediadas, agredidas sexualmente ou estupradas para chamar atenção para o problema.

- (Elizabeth Shafiroff)

4. Ternos

Houve mais referências ao clima do momento: a mulher de Tom Ford foi como um super-herói com calças e ternos de paletó e calça, quase não houve saias e as bolsas traziam as palavras "Pussy Power" ("poder da boceta", em referência à declaração do presidente Donald Trump de que podia agarrar "pela boceta" as mulheres que quisesse).

Ralph Lauren pôs na passarela um terno branco de paletó e calça, a vestimenta preferida de Hillary Clinton e das mulheres no Grammy, usada recentemente inclusive pela primeira-dama, Melania Trump.

5. A modéstia é uma virtude

As clientes das passarelas abrangem todos os mercados e sensibilidades. A vasta maioria da coleção tipo inverno nuclear de Calvin Klein, com saias longas, pescoços e cabelos cobertos e corpos envoltos em roupas folgadas poderia ser vestida por muçulmanas ou judias que seguem estritamente a religião.

Jenny Packham exibiu capas para tapar os ombros de seus modelos de alça. Os vestidos de coquetel coloridos de Ralph Lauren tinham golas altas e mangas.

"Um monte de mulheres que compram nossos vestidos não gostam de mostrar a parte superior dos braços", disse Packham à AFP.

O colombiano Esteban Cortázar revisitou os ponchos e xales, urbanos, assimétricos e descontraídos, enquanto as modelos desfilavam ao ritmo de "Canción con todos" de Mercedes Sosa.

6. Animal print

O animal print estava por todos os lados. Dos ternos de calça com estampa de jaguar de Tom Ford, ao leopardo da marca de luxo italiana Bottega Veneta, passando pelo de Christian Siriano, Victoria Beckham e Michael Kors, que o misturou com camuflado, flores, pintas e escocês.

7. Para todas as estações 

Os clientes das passarelas nem sempre vivem em lugares frios.

Por isso a proposta de Tory Burch, Victoria Beckham e outros foi se vestir em camadas, algo perfeito para suas clientes do Extremo Oriente.

8. Cintos

Houve uma nova obsessão pelos cintos, como mostrou Adam Selman. Marc Jacobs apertou suas cinturas com faixas de couro extravagantes. Kors escolheu fazê-los de leopardo. E eles foram também a estrela do desfile de tributo a Carolina Herrera.

9. "Dreamer"

Esta palavra, muito presente no discurso coletivo dos EUA, se refere aos jovens que foram levados ao país por seus pais quando crianças, sem documentos. Agora, sob o governo Trump, estão ameaçados de deportação, a menos que o Congresso chegue a um acordo de última hora.

O colombiano Cortazar, que retornou a Nova York depois de 12 anos em Paris e cujas roupas foram usadas por Melania Trump, se definiu voluntariamente como um "Dreamer" (sonhador) nos Estados Unidos.

A Coach apresentou uma bolsa que batizou de "The Dreamer", e "dream" (sonho) foi uma das 50 palavras escolhidas por Raf Simons na Calvin Klein para resumir os Estados Unidos.

- (Eduardo Munoz)

"Eu sou o exemplo perfeito do sonho americano", disse à AFP o estilista hondurenho Carlos Campos, que chegou aos EUA aos 13 anos sozinho e sem documentos e hoje é um clássico da NYFW.

10. Espacial

Philipp Plein transportou seus convidados a um espaço nevado, e havia até uma nave espacial, um robô e muito prateado.

Os vestidos de Jenny Packham com bordados de luas e estrelas foram inspirados no cosmos.

Calvin Klein também usou a cor prata e disse que uma de suas inspirações para esta coleção foi a corrida espacial dos anos 1960.

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