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Philippe Garrel reitera suas obsessões amorosas em “O Ciúme”

Tema central é o rompimento de um casal depois que o marido apaixonou-se por uma colega atriz

Trecho do filme "O Ciúme", do diretor francês Philippe Garrel (Reprodução/YouTube)

Trecho do filme "O Ciúme", do diretor francês Philippe Garrel (Reprodução/YouTube)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2014 às 16h06.

São Paulo - O diretor francês Philippe Garrel dá sequência ao seu cinema psicanalítico ao realizar, em O Ciúme, mais uma história que toma empréstimo de sua própria biografia.

O tema central é o rompimento de um casal, Clotilde (Rebecca Convenant) e Louis (Louis Garrel), depois que o marido apaixonou-se por uma colega atriz, Claudia (Anna Mouglalis).

O casal tem uma filha de dez anos, Charlotte (Olga Mishtein), que mantém uma ligação bastante afetuosa com o pai – e aí entra a história real do próprio diretor, relembrando episódio de sua infância, quando seu pai, o ator Maurice Garrel, morto há três anos, deixou a família por outra mulher.

Num enredo que privilegia os sentimentos e a insegurança amorosa, não é pequena a participação da menina, observadora privilegiada do desmoronamento da relação dos pais e do sofrimento posterior da mãe – a quem ela interroga com a franqueza por vezes desconcertante das crianças.

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Tudo no filme evoca o despojamento, a começar pela fotografia em preto e branco – um belo trabalho do diretor de fotografia Willy Kurant.

Há uma simplicidade no trato destes poucos personagens, envolvidos com vidas comuns, às voltas com problemas como a eventual falta de trabalho para um dos dois atores, as queixas da mulher abandonada, a curiosidade da menina diante dos relacionamentos dos adultos.

Há também um visível desejo do diretor de, por assim dizer, radiografar a dúvida como grande elemento básico da existência. Louis e Claudia estão juntos, se amam, mas têm um louco medo de perder um ao outro.

Clotilde espera a volta de Louis, ou o fim da própria solidão. Charlotte não quer ficar muito longe do pai.

Se tudo é legítimo, nesta ciranda de amores frustrados, também é justo apontar uma insistência excessiva do diretor neste tema, que percorreu trabalhos anteriores, como Um Verão Escaldante (2011) e A Fronteira da Alvorada (2008), numa chave mais dramática.

O filho do diretor, Louis Garrel, repete mais uma vez no filme do pai um papel à la Antoine Doinel, o herói criado por François Truffaut em seus filmes, só que deslocado e sem uma personalidade tão marcante.

Seria saudável o clã Garrel renovar seu repertório e partir para outra.

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