Filme "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada": "O Hobbit" é uma aposta pessoal de Jackson tanto no plano artístico como no técnico (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2012 às 13h23.
Londres - O cineasta neozelandês Peter Jackson retorna ao universo fantástico da Terra Média com a primeira entrega da trilogia "O Hobbit, Uma Jornada Inesperada", um filme que descreve como mais "leve" que a saga de "O senhor dos anéis", com a qual foi agraciado com 17 prêmios Oscar.
"Não espero os mesmos prêmios Oscar, porque este é um filme mais leve. Claro que estou excluindo as categorias técnicas. Nessas categorias, seguramente estaremos concorrendo", explicou o diretor, produtor e roteirista de "O Hobbit, Uma Jornada Inesperada", em entrevista à Agência Efe em Londres, onde nesta quarta-feira estreia o primeiro filme da saga.
Jackson explicou que o lançamento do filme materializa um projeto que tinha em mente desde meados da década de 1990, quando aconteceu um litígio pelos direitos cinematográficos do livro do britânico J.R.R Tolkien entre as produtoras Warner Bros e MGM que adiou seus planos.
"Sempre pensei que "O Hobbit" seria rodado um dia, mas naquela ocasião não podíamos controlar o acordo que os estúdios deveriam chegar. "O Senhos dos Anéis", por outro lado, era propriedade de uma só companhia, portanto nos pareceu um filme mais fácil de levar adiante", descreveu o cineasta.
Tolkien publicou em 1937 uma história pensada para crianças, na qual narrava as aventuras de Bilbo, um "hobbit" de gestos britânicos embarcado em uma aventura fantástica e que provou ser o germe de um universo que iria desenvolver com amplitude duas décadas depois em "O Senhor dos Anéis".
Jackson seguiu o caminho oposto ao de Tolkien em suas adaptações cinematográficas, um percurso que influenciou em seu modo de interpretar as obras do escritor, poeta e filólogo britânico.
"Queria narrar a história com o mesmo estilo de "O Senhor dos Anéis" porque eu sou o próprio cineasta, mas este livro tem mais comédia, mais humor. Tolkien o escreveu em pouco tempo e pensou no público infantil, portanto não há um grande desenvolvimento dos personagens e nem conflitos maiores entre personagens", apontou o neozolandês.
Para preencher lacunas em sua trilogia - que inicialmente foi colocada como uma série de dois filmes -, Jackson lançou mão dos escritos que Tolkien publicou anos mais tarde como anexos ao "O Senhor dos Anéis", que completam a narração original.
O neozolandês superou diversos contratempos durante a produção do filme, entre eles a saída do mexicano Guillermo del Toro, que seria o diretor, após um ano no comando dos preparativos da rodagem.
Del Toro deixou o projeto em 2010, depois que seguidos atrasos na produção prejudicaram a agenda do cineasta.
"A MGM estava quase quebrando e Del Toro iniciou outros projetos. Quando o estúdio resolveu os problemas e tivemos sinal verde, ao invés de buscar outro diretor, achei que seria legal eu mesmo assumir esse papel, já que tinha escrito o roteiro e era o produtor do filme", contou.
"O Hobbit" é uma aposta pessoal de Jackson tanto no plano artístico como no técnico: o cineasta rodou pela primeiro vez um longa-metragem em 48 frames por segundo, em lugar dos 24 frequentes, uma técnica que dá à imagem uma textura distinta e que gerou controvérsias no mundo do cinema.
"Queria provar, fazer um teste para ver como a audiência responde. Acho que rodar 48 frames por segundo é o melhor modo de ver os filmes em três dimensões. A experiência visual vai além, é mais tátil, introduz o espectador na tela", afirmou o cineasta.
O ator Ian McKellen, que volta a encarnar o mago Gandalf, compartilha o entusiasmo do diretor.
"É a primeira vez que se faz cinema desta forma. Este filme estará nos livros de história. Sempre tive a esperança de estar em um filme que se transformaria em um clássico", afirmou à Agência Efe o britânico.
Martin Freeman, o Bilbo no filme, acredita que Jackson "está fazendo o cinema progredir" com as novas técnicas utilizadas em "O Hobbit, Uma Jornada Inesperada".