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Peça do artista dissidente Ai Weiwei vai a leilão

A venda das peças ocorre em um momento em que Ai volta a ser acusado de evasão fiscal e pornografia na China

Os organizadores esperam arrecadar até US$ 295 mil no leilão da caminhonete Mercedes-Benz, cujo nome é uma homenagem ao pintor britânico Francis Bacon
 (Reprodução/auction.artxun)

Os organizadores esperam arrecadar até US$ 295 mil no leilão da caminhonete Mercedes-Benz, cujo nome é uma homenagem ao pintor britânico Francis Bacon (Reprodução/auction.artxun)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2011 às 09h36.

Pequim - Uma caminhonete no formato de um cachorro galgo criado na lataria pelo artista chinês Ai Weiwei e batizada de 'The Dog Mobile: A Car for Francis Bacon' (O cachorro móvel: Um carro para Francis Bacon, em livre tradução) está entre as centenas de objetos que serão leiloados na próxima semana em Hong Kong.

Os organizadores do pregão de arte contemporânea Est-Ouest Auctions informaram nesta quinta-feira que a venda do carro será próxima terça no Hotel Marriott nessa região administrativa especial chinesa.

A venda das peças ocorre em um momento em que Ai, de 54 anos, volta a ser acusado de evasão fiscal e pornografia na China, embora ele e seus seguidores considerem que estas acusações são uma forma de represália pela sua visão política contrária ao governo.

Os organizadores esperam arrecadar entre US$ 192 mil e US$ 295 mil no leilão da caminhonete Mercedes-Benz com o desenho do galgo irlandês, cujo nome é uma homenagem ao pintor britânico Francis Bacon.

Segundo a casa de leilões, a caminhonete pertencia a um ocidental que morava no Japão e adquiriu o carro para passear com seu cachorro, mas o animal de estimação morreu em 2008 e o dono parou de usar o automóvel.


Quando o artista conceitual chinês soube da história ficou emocionado pela profundidade da relação entre o animal e o dono e decidiu fazer uma homenagem em memória do cão.

Ai, um dos desenhistas do Ninho de Pássaro (o estádio nacional de Pequim), terminou o desenho do galgo em 2010 e a caminhonete foi exposta na Feira de Arte de Tóquio meses atrás.

Takashi Seki, presidente da casa de leilões japonesa Est-Ouest disse nesta quinta-feira à imprensa de Hong Kong que escolheu a ex-colônia britânica para vender o desenho de Ai porque seu mercado artístico é mais ativo que o de Tóquio, onde já ocorrem dois eventos ao ano.

Apesar de Ai ser um dos artistas chineses mais famosos no mundo, não é comum encontrar suas obras vanguardistas em leilões devido ao tamanho de seus desenhos e instalações, mais difíceis de vender que objetos como a caminhonete.

'Suas obras incorporam o processo criativo e frequentemente o espaço onde a peça vai ser colocada, ao invés de serem peças autônomas', explica Seki, que destaca que a arte de Ai é pensada para desafiar as ideias do público.

O leilão da Est-Ouest deve durar dois dias e conta com 700 objetos no catálogo, como peças do pintor italiano Lucio Fontana que devem alcançar a quantia de até US$ 1,6 milhão no leilão.

A prisão secreta de Ai Weiwei por 81 dias em abril foi condenada pelos Governos ocidentais e grupos de direitos humanos, assim como a campanha de repressão de Pequim que prendeu centenas de dissidentes, intelectuais e advogados para evitar uma 'Primavera árabe' em território chinês.

O artista reuniu quase US$ 1,3 milhão em empréstimos de 30 mil fãs para pagar a fiança da prisão por suposta evasão fiscal. EFE

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