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Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza 2026 será liderado por artistas mulheres

Intitulada "Comigo ninguém pode", a exposição tem curadoria de Diane Lima e participação das artistas Rosana Paulino e Adriana Varejão

Trio de brasileiras que compõe o Pavilhão Brasil no 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia: Diane Lima, Rosana Paulino e Adriana Varejão (Wallace Domingues, Rodrigo Ladeira e Tinko Czetwertynski/Divulgação)

Trio de brasileiras que compõe o Pavilhão Brasil no 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia: Diane Lima, Rosana Paulino e Adriana Varejão (Wallace Domingues, Rodrigo Ladeira e Tinko Czetwertynski/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 11h00.

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Com a 36a Bienal de São PauloNem Todo Viandante Anda Estradas/Da Humanidade Como Prática em exibição até 11 de janeiro de 2026, a Fundação Bienal de São Paulo anuncia a curadoria do Pavilhão do Brasil na 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia.

O evento, que acontece de 9 de maio a 22 de novembro de 2026 na cidade italiana, terá Diane Lima no seleção artística do Brasil.

Lima é da cidade baiana Mundo Novo, curadora, pesquisadora e uma das principais vozes do feminismo negro na arte da América Latina. Foi parte do coletivo curatorial de coreografias do impossível, a 35ª Bienal de São Paulo (2023), e assina a curadoria de exposições como Paulo Nazareth: Luzia, no Museo Tamayo (Cidade do México, 2024), e O rio é uma serpente, a 3ª Trienal de Artes Frestas (2020/2021).

Para a edição Lima selecionou as artistas Rosana Paulino e Adriana Varejão para o projeto curatorial Comigo ninguém pode, que toma as ambiguidades da planta homônima como metáfora de proteção, toxicidade e resiliência.

A proposta destaca os diálogos que atravessam as trajetórias de ambas, nas quais reflexões sobre feridas coloniais e reinscrição da história dão lugar a constantes processos de metamorfose, articulando novas possibilidades de imaginação e liberação poética.

“Ser escolhida para conceber o Pavilhão do Brasil em Veneza é uma honra e uma grande responsabilidade”, afirma Diane Lima.

“Juntas, Paulino e Varejão representam historicamente o que há de mais revolucionário quando se fala da presença das mulheres no campo da arte nacional. Suas poéticas em consonância e fricção fazem coro com as lutas dos movimentos sociais e da democracia, sem nunca perder a capacidade sensível de nos arrebatar e surpreender com alta qualidade técnica. Junto às ideias de proteção e toxicidade, Comigo ninguém pode, como um ditado popular, também refere-se ao processo de transferência do conhecimento sobre a natureza para o âmbito da vida, refletindo, portanto um processo de manifestação coletiva que acontece naturalmente quando 'comigo' se torna um 'nós', se torna muitos e uma nação inteira, que usa a sua sabedoria como forma de defesa e soberania”, conclui.

“Meu trabalho e o de Rosana Paulino se cruzam na potência das feridas coloniais, matéria que estrutura o DNA de nossas obras e atravessa nossas pesquisas de modo visceral”, afirma Adriana Varejão. “Espero desenvolver com Rosana um diálogo inédito que também se conecte à arquitetura do pavilhão, ampliando as possibilidades de nossas trajetórias artísticas”, complementa.

A seleção do projeto curatorial e artístico do Pavilhão do Brasil adota, desde 2023, um sistema de avaliação composto por uma comissão de representantes das três instâncias realizadoras — Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores e Fundação Bienal de São Paulo —, que analisa projetos de curadores convidados, tornando o processo mais aberto e participativo.

Para Rosana Paulino, “estar no Pavilhão do Brasil em Veneza, ao lado de Adriana Varejão, é a oportunidade de investigar feridas coloniais a partir de perspectivas femininas distintas que se encontram num diálogo inédito. Esse encontro propõe uma revisão da história da arte ao questionar o cânone e recuperar memórias silenciadas, abrindo caminho para novas possibilidades de futuro”.

O anúncio se alinha ao tema oficial da 61ª Exposição Internacional de Arte — La Biennale di Venezia, intitulada In Minor Keys. A edição de 2026 acontece em meio à perda inesperada da curadora nomeada Koyo Kouoh e será conduzida pelo coletivo formado por Gabe Beckhurst Feijoo, Marie Helene Pereira, Rasha Salti, Siddhartha Mitter e Rory Tsapayi, profissionais selecionados por Kouoh para acompanhá-la nesse percurso curatorial.

Recuperação do Pavilhão do Brasil

O anúncio do projeto encabeçado por Lima — que também integrou o coletivo curatorial da 35ª Bienal de São Paulo, ao lado de Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel — acompanha ainda uma nova fase do Pavilhão do Brasil em Veneza.

Em 2024, a Fundação Bienal de São Paulo iniciou o projeto de recuperação do edifício, propriedade do Ministério das Relações Exteriores, em articulação com o Ministério da Cultura.

A iniciativa, que em 2026 chega à sua conclusão, contempla etapas de restauro arquitetônico, atualização de infraestrutura, acessibilidade e adequações técnicas para exposições de grande porte, assegurando melhores condições de conservação de obras e de recepção do público.

“A curadoria de Diane Lima, com a presença de Rosana Paulino e Adriana Varejão, reafirma a potência e a complexidade da produção brasileira no cenário internacional”, diz Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo. “Este anúncio coincide com o investimento na recuperação do nosso pavilhão e renova o compromisso institucional de apresentar em Veneza um projeto à altura do debate global que o Brasil tem a contribuir".

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