Pattinson disse que gostou de trabalhar com Cronenberg embora tenha ficado nervoso na apresentação de um filme que não consegue explicar bem (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2012 às 19h22.
Cannes - O diretor canadense David Cronenberg transformou Robert Pattinson em um tipo de vampiro capitalista no filme ''Cosmopolis'', no qual o ator britânico interpreta um executivo de finanças e mostra que ''Crepúsculo'' não é tudo.
Apresentado nesta sexta-feira no Festival de Cannes, onde compete na seção oficial, ''Cosmopolis'', uma adaptação de um romance de DeLillo, apresenta um retrato distante e impiedoso da era do capitalismo através de Eric Packer, um jovem brilhante dedicado às altas finanças e que percorre Nova York dentro de uma limusine branca.
''Pode-se dizer que o personagem interpretado por Robert é uma espécie de vampiro que chupa o sangue de Wall Street'', afirmou o diretor em entrevista coletiva. Pattinson vive no filme seu último dia de reinado e vê como as finanças caem ao seu redor.
No entanto, para o ator, a história também tem lições de esperança. ''O livro apresenta um mundo sem nenhum sentido e as finanças são o exemplo mais claro. O mundo não termina, é um renascimento e as vezes precisa ser purificado'', afirmou.
Pattinson disse que gostou de trabalhar com Cronenberg embora tenha ficado nervoso na apresentação de um filme que não consegue explicar bem. ''Passei quinze dias em meu quarto do hotel preocupado''.
De acordo com o ator, o personagem foi difícil de preparar da forma habitual porque o roteiro é ''muito lírico'', com diálogos perfeitos e que Pattinson não quis mudar uma palavra.
Apesar disso, ele disse que tal característica facilitou seu trabalho. ''Era como cantar uma canção'', ressaltou o ator. Pattinson divide cenas no filme com vários personagens interpretados por Juliette Binoche, Mathieu Amalric ou Samantha Morton, que descobrem suas fraquezas.
A história, adaptada do romance de DeLillo de 2007, surgiu a partir das limusines de Manhattan, segundo explicou nesta sexta o escritor. O autor contou que imaginou uma pessoa dentro de um desses veículos e começou a escrever a história de ''Cosmopolis''. ''Manhattan é o último lugar no qual esses carros podem se deslocar sem dificuldade. É um espetáculo interessante'', disse.
Na história, DeLillo também antecipou a situação econômica atual do mundo e que durante a filmagem já tinha iniciado. ''Filmávamos uma manifestação anticapitalista em Nova York e nessa mesma noite havia pessoas que queriam ocupar Wall Street'', de acordo com Cronenberg uma coincidência.
O diretor disse que escreveu o roteiro em seis dias, adaptando os diálogos de DeLillo quase palavra por palavra. Apesar disso, o canadense considerou que não se pode adaptar um livro, mas fazer uma versão diferente.
Cronenberg destacou que a cada vez que cria um novo filme tenta não pensar em nenhum outro. ''Tento criar algo novo e original'', disse o diretor de ''Senhores do Crime''.