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Paris investe US$ 305 mi para deixar Champs Élysées mais verde

A maioria das grandes cidades tem um centro comercial desinteressante, mas popular, com função semelhante, como a Times Square de Nova York

Loja da Tiffany na Champs Elysee, em  Paris (Cyril Marcilhacy/Bloomberg/Getty Images)

Loja da Tiffany na Champs Elysee, em Paris (Cyril Marcilhacy/Bloomberg/Getty Images)

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Daniel Salles

Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 09h59.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, deu sinal verde para uma profunda reforma da avenida mais famosa da capital francesa, a Champs Élysées. Ao prometer transformar a faixa de 2,3 quilômetros da Praça da Concórdia ao Arco do Triunfo em um “jardim extraordinário”, o plano de US$ 305 milhões, idealizado pelos arquitetos da PCA-Stream, reduzirá aproximadamente pela metade o espaço destinado aos carros, aumentará muito a cobertura de árvores da área e buscará incentivar mais lojas de menor porte ao longo da avenida.

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O projeto, com conclusão prevista para 2030, talvez tenha chegado tarde. Embora ainda mantenha em grande parte sua reputação internacional de “avenida mais bonita do mundo”, a popularidade da Champs Élysées entre parisienses está baixa há algum tempo. Apesar de seus grandes edifícios e vistas estonteantes, a avenida tem sido amplamente criticada na França por ser poluída, congestionada, cara e - graças à saturação de marcas e turismo intenso - até mesmo “ringarde”, um termo provavelmente melhor traduzido como “antiquada”.

A relação estremecida de residentes com a Champs Élysées não é segredo. Uma pesquisa de 2019 revelou que 30% dos parisienses discordavam da afirmação “mais bonita” - uma proporção que aumentava à medida que entrevistados viviam mais perto da própria avenida - e 71% tacharam a rua como “turística”. Até a cidade, em suas propostas de reforma, reconheceu que a rua era hoje conhecida como ponto de encontro de “grandes redes internacionais vistas como antissépticas e pouco distintas”.

A maioria das grandes cidades tem um centro comercial desinteressante, mas popular, com função semelhante, como a Times Square de Nova York ou a Leidseplein de Amsterdã. Um problema específico da Champs Élysées, no entanto, é que a avenida é tanto fora de moda quanto cara para ser verdadeiramente acessível. Mesmo como centro para marcas nacionais, como uma enorme loja da Louis Vuitton, as ofertas de varejo tornam a avenida semelhante a um aeroporto muito caro. As pessoas não passeiam pela avenida apenas para fazer compras, claro, mas com o tráfego pesado de veículos e grandes extensões de asfalto que irradia calor, também não é o local ideal para cafés.

Como resultado, residentes estão se afastando. As pesquisas da PCA-Stream sobre o fluxo de pessoas na área revelaram que, depois de descontar os que trabalham em empresas ao longo da avenida, apenas 15% dos pedestres na Champs Élysées vieram da Grande Paris.

O desejo de tornar a avenida mais um monumento e menos um shopping parece um sinal promissor.

A reforma não tornará as ruas automaticamente modernas, mas certamente transformará a avenida em um lugar mais agradável para passar o tempo, bem na linha de outros projetos para mais áreas verdes e menos automóveis já realizados em outros lugares de Paris.

As renderizações atuais (ainda potencialmente suscetíveis a adaptação posterior) mostram calçadas com quase o dobro de largura, enquanto as faixas de carros serão reduzidas para quatro.

Ciclovias generosas flanqueiam ambos os lados, enquanto os veículos restantes são mostrados em renderizações (um tanto otimistas) se misturando pacificamente com os pedestres, o que sugere que uma redução ainda não anunciada da velocidade será introduzida. Este espaço para pedestres será sombreado por uma fileira duplicada de árvores, e o pavimento abaixo delas adaptado para criar uma superfície que absorve melhor as chuvas.

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