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Paris: a hora da reconquista

Mariana Zanon, de Paris O fetiche parisiense sempre se vendeu caro e bem. Cidade mais visitada do mundo. Os museus mais famosos do mundo. A cidade mais romântica do mundo. Haute couture, gastronomia refinada e glamour pintam a imagem de uma cidade que todos desejam conhecer. Mas, segundo a prefeitura de Paris, o medo constante […]

TORRE EIFFEL, EM PARIS: com os recentes atentados terroristas, cidade viu recuar o número de turistas / Getty Images

TORRE EIFFEL, EM PARIS: com os recentes atentados terroristas, cidade viu recuar o número de turistas / Getty Images

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2016 às 07h48.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h09.

Mariana Zanon, de Paris

O fetiche parisiense sempre se vendeu caro e bem. Cidade mais visitada do mundo. Os museus mais famosos do mundo. A cidade mais romântica do mundo. Haute couture, gastronomia refinada e glamour pintam a imagem de uma cidade que todos desejam conhecer.

Mas, segundo a prefeitura de Paris, o medo constante que rodeia a ameça terrorista, uma metereologia particularmente ruim este ano, inundações, greves, a recessão em países como Brasil e Rússia e, como a cereja do bolo, o recente roubo de jóias de Kim Kardashian estão fazendo com que o faturamento turístico da capital este ano seja o pior desde a crise econômica de 2008.

Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, em 2015, a capital francesa foi uma das cidades mais visitadas do mundo e recebeu cerca de 16 mihões de estrangeiros e 6 milhões de turistas franceses, número que se anuncia bem longe da realidade de 2016. Para este ano, a Agência de Turismo e Congressos de Paris afirma que, quando comparado ao mesmo período do ano passado, Paris já perdeu mais de 1 milhão de turistas. A situação já afeta mais de 500 mil trabalhadores na região de Île de France e o rombo no faturamento da capital pode chegar a 750 milhões de euros. Um desastre em comparação ao índices de 2015, ano da COP 21, onde o turismo foi responsável por 13% do PIB de Paris, 7% do PIB da França e 18% dos empregos da região parisiense.

Na capital, os 236 centros de cultura e museus, os 27 grandes pontos turísticos, as mais de 17 mil lojas e os mais de 10 mil bares e restaurantes sofrem com a falta de visitantes. No Arco do Triunfo a queda de visitas chegou a 34% e no Palácio de Versalhes ficou em 16%.

Paris conta com mais de 110 mil quartos de hotéis, mas, no primeiro trimestre deste ano, a taxa de ocupação foi de 57%, uma queda 7% em relação a 2015. Entre julho e agosto, durante a Eurocopa e as férias de verão, o índice conseguiu chegar a 67%, mas bem longe dos 88% registrados no mesmo período do ano passado.

Junho foi o pior mês do ano até agora com queda de quase 10% em comparação a 2015 e o sumiço dos turistas asiáticos — particularmente sensíveis às questões de segurança e conhecidos por carregarem consigo alta soma de dinheiro vivo — tornou-se notavelmente um assunto preocupamente, segundo a União dos Trabalhadores da Indústria Hoteleira. A baixa de turistas japoneses, até o mês de setembro chegou a 56%, menos da metade de turistas do que o normal. Em seguida, com queda 35% desapareceram os turistas russos. A queda de brasileiros aparece na sequência com 21,6%.

“Vista de fora, a situação hoje na França parece catastrófica e os turistas, com medo, não querem mais visitar Paris”, afirma Melanie Rigaud, da Agência de Turismo e Congresso de Paris. Segundo ela, até o momento o que tem feito muitos hotéis não tomarem medidas drásticas, como redução significativa do efetivo de funcionários, tem sido o turismo de negócios, que desde junho deste ano, aumentou 36% na grande Paris. Paris possui mais 600 mil metros quadrados de área de exposição e este ano a região parisiense já recebeu mais de 87 feiras diferentes. “Se os belos monumentos de Paris não tem feito os turistas sonharem, com certeza o mundo dos negócios está tentando fazer esse papel”, diz.

O contra-ataque

Para tentar reverter a situação o mais rápido possível, a prefeitura de Paris lançou no último um contra-ataque: uma campanha publicitária no valor de 2 milhões de euros que busca tranquilizar visitantes e profissionais sobre as condições de segurança de Paris através de um discurso positivo e entusiasmado. O objetivo é reestimular nas pessoas o desejo de visitar Paris e mostrar tudo de positivo que a cidade tem a oferecer.

A primeira parte do orçamento, 1 milhão de euros, será financiada pelo Estado francês seguido de 800 mil euros financiados pela prefeitura de Paris e pelos fundo da Agência de Turismo e Congresso. Além disso, entram com somas diferentes — mas igualmente impactados pela crise — parceiros do setor privado e profissionais do turismo.

Durante a cerimônia de lançamento, aos pés da Torre Eiffel, Jean-Marc Ayrauld, ministro do Desenvolvimento Internacional, e Anne Hidalgo, prefeita de Paris, anunciaram o carro chefe da campanha: o vídeo clip nomeado Paris Je t’aime.

A prefeita se manifestou dizendo que “seja pela cultura, a moda, a história ou a gastronomia, razões não faltam para fazer de Paris uma cidade única e mágica” e completou dizendo que a prefeitura de Paris está determinada a rearfimar o potencial turístico da cidade para os turistas do mundo inteiro.

O filme

Obra do cineasta, produtor e cenógrafo francês Jalil Lespert, realizador do filme Yves Saint Laurent (2014), a propaganda de 2 minutos e 30 segundos será transmitida a partir de novembro em todos os voos de longa distância da Air France, nos hotéis Accor, nas Galerias Lafayette e também nos telões Decaux nos aeroportos de Milão, Shangai, Tóquio e Nova York. “O filme é mais do que uma simples propaganda é uma homenagem à cidade luz”, afirmou Lespert.

O filme já está no ar nas redes sociais e já é alvo de críticas. Um dos comentários diziam que o vídeo não era mais do que uma “propaganda de AirBnb enfeitada com glitter”. Sob o ritmo da música Just Need Your Love, do grupo Hyphen Hyphen, de Nice, Lespert casa belos monumentos de Paris como o Palácio do Louvre, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo com a multicultural juventude parisiense, as modelos da Fashion Week, os bailarinos da Ópera de Paris e casais apaixonados. Um cartão postal animado da capital francesa no qual participam Karl Lagerfeld, Alain Ducasse e David Guetta

Como peças secundárias da campanha publicitária, pôsteres com imagens de castelos luisianos, doces tentadores da confeitaria francesa — como a torta de framboesas e os macarrons — serão divulgados em aeroportos e estações de trem. Todos com o slogan Made in Paris.

Por enquanto, segundo as previsões da FowardKeys, empresa espanhola do setor privado que trabalha com análise de dados e business intelligence para indústria do turismo, os índices parisienses para os meses de outubro e novembro já somam uma queda de 17,4% em comparação ao mesmo período de 2015. Porém, a empresa prevê que apesar da atual circustância o turismo em geral tem se recuperado cada vez melhor da ameaça terrorista.

Segundo a consultoria, os hotéis nova-iorquinos levaram quase três anos para se recuperarem do 11 de setembro. Em Madrid, bastou um ano. Em Londres, nove meses. Agora, é a vez de Paris colocar as cartas na mesa para relembrar aos viajantes que a beleza histórica que esta cidade reserva não representa nenhuma ameaça. Paris, afinal, será sempre Paris.

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