Barras de chocolates (Baibaz/Getty Images)
Daniel Salles
Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 09h45.
Processadoras de cacau na Ásia esperam uma recuperação apenas modesta na demanda este ano, uma vez que a pandemia de coronavírus continua prejudicando o turismo e os gastos das famílias.
Já o consumo pode se acelerar no segundo semestre se os programas de vacinação forem bem-sucedidos, as restrições a viagens forem suspensas e a economia global se recuperar, de acordo com análise da Associação de Cacau da Ásia.
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“É ousado prever uma recuperação totalmente forte nos próximos dois trimestres”, disse o recém-eleito presidente da entidade, Alvin Lee, em entrevista, acrescentando que vários países enfrentam novas ondas de contágio pelo coronavírus. “O segundo semestre pode ser mais forte devido a uma combinação de demanda crescente e recomposição de estoques.”
A Ásia tem enorme potencial para os fabricantes de chocolate. A expansão da renda na região e as mudanças de estilo de vida estão por trás do aumento na moagem —neste processo, os grãos são transformados em manteiga e pó para produção de confeitos, bebidas, sorvetes e biscoitos de chocolate. No entanto, o ritmo acelerado de processamento tomou uma rasteira no ano passado, quando as medidas de isolamento reduziram a demanda por chocolate, que é um item comprado por impulso, como presente ou por quem come fora de casa.
O processamento deve ficar estável no primeiro trimestre em comparação com um ano atrás. Para o ano como um todo, a projeção é de aumento de 2% a 3% em relação às 830.241 toneladas de 2020, calcula Lee. Ainda assim, qualquer retomada será “profundamente dependente” de uma melhora da situação da Covid-19 e das viagens, o que significa que a moagem pode até diminuir se a pandemia piorar. “Esta é uma conjuntura de mercado sem precedentes e com obstáculos sem precedentes vindos de todos os lados, que afetam todas as partes da cadeia de suprimento.”
Fissura por chocolate
Um aspecto positivo para a demanda são os jovens chocólatras da Ásia, que também têm intimidade com tecnologia. Na China, o vírus levou os mais jovens a comprar confeitos em canais de e-commerce. Enquanto a população mais velha do continente ainda prefere doces à base de frutas e sobremesas tradicionais, o chocolate é um estilo de vida para a juventude.
O consumo disparou com a proliferação de lanchonetes e redes de cafés como Starbucks, bem como o aumento da popularidade de guloseimas de luxo, como chocolate de origem única e bebidas e sobremesas à base de chocolate, disse ele. Os Millennials são “a grande esperança do chocolate” na Ásia, acrescentou o executivo.
A Índia continua sendo um mercado “muito importante”, onde o chocolate é frequentemente uma opção de presente, conta Lee. “O interesse por chocolate e o crescimento no consumo de chocolate na Índia são tão grandes ou até maiores do que na China.”