Casual

Pandemia abala indústria de beleza da Coreia do Sul

Surto viral atingiu duas vezes a K-beauty. O distanciamento social e o trabalho remoto diminuíram a demanda por maquiagem e levaram ao fechamento de lojas

Na Coreia do Sul, cosméticos ficaram menos importantes para as mulheres (Shutterstock/Reprodução)

Na Coreia do Sul, cosméticos ficaram menos importantes para as mulheres (Shutterstock/Reprodução)

DS

Daniel Salles

Publicado em 30 de dezembro de 2020 às 09h16.

Última atualização em 30 de dezembro de 2020 às 16h45.

Três anos atrás, Suh Kyung-bae era a segunda pessoa mais rica da Coreia do Sul. Hoje ele está apenas no Top 10, uma reversão total de um boom de K-beauty conhecido por cunhar bilionários, e não quebrá-los.

A pandemia mexeu com a saúde mental dos brasileiros, mas é possível dar a volta por cima. Descubra como

A fortuna de Suh de 3,6 bilhões de dólares -- abaixo dos cerca de bilhões em 2017 -- é composta em grande parte de ações do conglomerado de cosméticos de sua família, o grupo Amorepacific, que caíram mais de 40% em relação à alta de meados de janeiro. Dona de marcas como Innisfree, Laniege e Sulwhasoo, o grupo Amorepacific estava em dificuldades antes mesmo da covid-19, e a pandemia deu início a uma série de mudanças no estilo de vida que tornaram os cosméticos menos importantes na rotina diária das mulheres.

Isso reduziu a riqueza criada pelo rápido aumento da popularidade dos produtos de beleza coreanos e o frenesi de negócios que se seguiu. De 2010 a 2014, as empresas estrangeiras gastaram pelo menos 215 milhões de dólares para adquirir empresas de cosméticos lá, de acordo com relatório de setembro da Samjong KPMG. Nos cinco anos que se seguiram, o país se tornou o quarto maior exportador de produtos de beleza do mundo, e o volume de negócios disparou para 5 bilhões de dólares, sem incluir transações por valores não revelados.

A Estee Lauder fez da Have & Be sua primeira aquisição de uma marca de beleza asiática em novembro de 2019. Esse negócio, no valor de 1,1 bilhão de dólares, tornou o fundador ChinWook Lee em bilionário. O Goldman Sachs comprou uma participação minoritária na GP Club, mais conhecida pelas máscaras faciais, tornando o fundador Kim Jung-woong uma das pessoas mais ricas do país. Unilever, L’Oreal e outras empresas multinacionais também ganharam participações em empresas coreanas de cosméticos, gerando lucros inesperados para seus fundadores.

Mas a pandemia atingiu duas vezes a K-beauty. O distanciamento social e o trabalho remoto diminuíram a demanda por maquiagem e levaram ao fechamento de lojas. As vendas no varejo de beleza nos EUA, terceiro mercado para as exportações coreanas, cairam mais de 7% em 2020, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Mintel.

Para a Coreia, as restrições às viagens também cortaram o fluxo de turistas chineses e comerciantes individuais que compram mercadorias isentas de impostos e as vendem em casa. Enquanto isso, os clientes da China têm mais acesso a marcas globais e estão cada vez mais interessados em produtos feitos localmente.

É ingênuo pensar que os produtos cosméticos com marcas feitas na Coreia simplesmente conquistariam os clientes chineses”, disse Lina Oh, analista da Ebest Investment & Securities.

Nem a Have & Be nem a GP Club divulgaram informações financeiras para 2020. O plano da GP Club para uma oferta pública inicial em 2019 não foi reprogramado.

Para a Amorepacific, a receita consolidada nos primeiros nove meses do ano caiu 23%, para 3,7 trilhões de won (3,4 bilhões de dólares) em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com relatório da empresa. Pela primeira vez em sua história, o grupo anunciou no mês passado um plano de aposentadoria voluntária voltado para funcionários com tempo de trabalho de mais de 15 anos. A empresa não quis comentar sobre seus planos ou sobre a fortuna pessoal de Suh.

Ao mesmo tempo, a pandemia acelerou a mudança para o mundo online na indústria da beleza. A receita da Amorepacific para o segmento teve um crescimento substancial, levando-a a priorizar essa parte do negócio. O gigante dos cosméticos L’Oréal, cujas vendas caíram 12% no primeiro semestre de 2020, lançou 300 serviços digitais neste ano, incluindo tutoriais de beleza ao vivo.

A Amorepacific planeja reduzir o número de lojas Innisfree na China, mas prevê que, no geral, as vendas digitais representarão metade de seus negócios lá no próximo ano, de acordo com a Yuanta Securities Korea. No mercado interno, a empresa vê a participação da receita online crescer de 20% para 30%.

“Os gastos com cosméticos já estavam baixos antes da covid”, disse Hye-mi Kim, analista da Cape Investment & Securities em Seul. “A covid tornou isso ainda menos necessário. Apenas itens essenciais, como produtos para a pele ou para problemas faciais, estão vendendo bem.”

Enquanto isso, a Coreia do Sul tem novos bilionários em ascensão, como Seo Jung-jin, fundador da empresa farmacêutica Celltrion, que está desenvolvendo um tratamento com anticorpos para a covid-19. A riqueza de Seo quase triplicou neste ano para 14,6 bilhões de dólares, tornando-o o segundo homem mais rico do país.

Com a colaboração de Pei Yi Mak.

Acompanhe tudo sobre:BelezaCoreia do SulModa

Mais de Casual

Asics oferece empréstimo de tênis para corrida em várias cidades do Brasil; saiba mais

Por que novo carro da Citroën marca uma das maiores revoluções da Stellantis no Brasil

A Grand Seiko, marca japonesa de relógios de luxo, chega ao Brasil

Velocidade, luxo e lazer: os iates do Boat Show SP que chegam às águas brasileiras