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Pais e Filhos explora com delicadeza drama da troca de bebês

Drama intimista japonês, de Hirokazu Kore-eda, vai ao olho do furacão com suas habituais sensibilidade e precisão

Cena do filme Pais e Filhos: cineasta japonês desvia-se da pieguice e emociona com sutileza, indo ao centro da questão (Reprodução)

Cena do filme Pais e Filhos: cineasta japonês desvia-se da pieguice e emociona com sutileza, indo ao centro da questão (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 09h48.

São Paulo - Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2013, o drama intimista japonês "Pais e filhos", de Hirokazu Kore-eda, vai ao olho do furacão com suas habituais sensibilidade e precisão retratando uma troca de crianças que sacode duas famílias.

O cineasta de 51 anos, que despontou na carreira obcecado pelo tema da morte - explorando-a em várias facetas, desde "Maborosi - A Luz da Ilusão" (1995) -, ultimamente voltou seu foco para as crianças. E elas brilham no seu filme, naturais como na vida.

Kore-eda explora as camadas de uma situação insuportável - a descoberta, por dois casais, de que seus filhos de 6 anos foram trocados na maternidade. Com esse ponto de partida de melodrama, ou de novela, o cineasta japonês desvia-se da pieguice e emociona com sutileza, indo ao centro da questão, acompanhando as reações das duas famílias, tentando lidar com o dilema.

O protagonista é o executivo Ryota (Masaharu Fukuyama), um homem obcecado pelo trabalho e pouco tempo para olhar para a família, mesmo para o filho único, Keita (Keita Nonomya). É esse homem viciado no controle dos mínimos detalhes quem simboliza, mais do que os outros personagens, uma progressiva imersão na incerteza, nas emoções que, finalmente, vêm à tona para ele também.

A família que criou o outro menino é completamente diversa - formada por um comerciante menos rico e mais simples, Yudai (Lily Franky), que tem uma noção diferente do tempo, do dinheiro, outros valores. E é disso também que o filme quer falar, sem tornar-se banal, nem pregar uma moral humanista ou bom-mocista de almanaque. E a maneira de confrontar estas diferentes visões de mundo é através do convívio entre as duas famílias, preparando-se para a troca das crianças.

Se o filme se esgotasse nas naturais angústias desta troca, se tornaria um drama lacrimoso. Habilmente, o diretor explora outras nuances da situação, deixando vir à tona o humor, a ternura e a sempre inesgotável sabedoria infantil para adaptar-se. Em seu registro intimista, que vem aperfeiçoando desde "Ninguém Sabe" (2004), Kore-eda revela-se profundo e também plural.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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