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Oscar Niemeyer, o arquiteto da sensualidade

A capital Brasília se tornou a principal expoente das curvas sensuais do arquiteto que revolucionou a arquitetura moderna


	Oscar Niemeyer em seu escritório no Rio de Janeiro: ele também foi um fervoroso militante comunista, uma ideologia que nunca abandonou
 (Vanderlei Almeida)

Oscar Niemeyer em seu escritório no Rio de Janeiro: ele também foi um fervoroso militante comunista, uma ideologia que nunca abandonou (Vanderlei Almeida)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 09h02.

Rio de Janeiro - O arquiteto Oscar Niemeyer, falecido esta quarta-feira aos 104 anos, revolucionou a arquitetura moderna com suas curvas sensuais, das quais a capital Brasília se tornou a principal expoente.

"Não é o ângulo que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível. O que me atrai é a curva sensual que se encontra no corpo da mulher perfeita", afirmou o "arquiteto da sensualidade", criador da capital brasileira, inaugurada no coração do país em 1960.

Em 1940, Niemeyer conheceu o futuro presidente Juscelino Kubitschek, que o escolheu para construir Brasília, que substituiu a até então capital federal, Rio de Janeiro.

Brasília foi concebida pelo urbanista Lúcio Costa, mas foi Niemeyer quem desenhou os principais edifícios, um trabalho pelo qual foi recompensado em 1988 com o prêmio Pritzker, equivalente ao Nobel de Arquitetura.

"Queríamos fazer uma arquitetura diferente, que surpreendesse", declarou à AFP há alguns anos o pioneiro na utilização do concreto.

Com mais de 600 obras no currículo e 20 projetos em desenvolvimento no Brasil e no exterior, como a mesquita de Argel, este pequeno homem de aparência frágil e olhar vivo dizia que queria continuar "surpreendendo".

"O que mais gostaria de fazer agora seria sem dúvida o estádio de futebol que desenhou recentemente e que tem uma forma bastante surpreendente", afirmou em uma entrevista à AFP em 2010, que respondeu por escrito, às vésperas do 50º aniversário de Brasília.

Durante os últimos anos, Niemeyer foi hospitalizado várias vezes, mas em fevereiro de 2012 supervisionou as obras de ampliação do Sambódromo, que foi construído na década de 80 para receber os desfiles das grandes escolas de samba do Rio de Janeiro.

Reconhecido como um dos grandes renovadores da arquitetura do século XX, Niemeyer também foi um fervoroso militante comunista, uma ideologia que nunca abandonou.


"As profundas disparidades sociais que a nova capital apresenta me entristecem", disse à AFP.

Niemeyer continuou trabalhando até os últimos dias em seu estúdio de grandes janelas curvas, de frente para a praia de Copacabana.

Às vésperas de seu último aniversário, ele repetia que "ter mais de 100 anos é uma merda" e que "não há nada a comemorar", exceto que o Brasil se transformou em um país "mais igualitário após a chegada ao poder de um ex-operário", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares nasceu em 15 de dezembro de 1907 no Rio de Janeiro, onde teve um encontro vital com o francês Le Corbusier em 1936. Seu primeiro grande trabalho foi o Complexo da Pampulha em Belo Horizonte, concluído em 1943.

O arquiteto brasileiro participou, entre outros projetos, na concepção da sede das Nações Unidas em Nova York (1952) e projetou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996), célebre por sua forma de disco voador.

A França, que o recebeu nos anos de exílio, quando escapou da ditadura militar, conta com quase 20 obras dele, incluindo a sede do Partido Comunista em Paris (1965) e a Casa de Cultura em Le Havre (1972).

Em 1928, Niemeyer se casou com Annita Bildo, com quem teve uma filha. A união durou 76 anos, até a morte de Annita no fim de 2004.

"Tenho o mesmo interesse pela vida de quando era jovem. Minha receita: não aceitar a velhice, pensar que temos 40 anos e atuar de acordo", afirmou pouco antes de completar 100 anos ao lado de Vera Lucia Cabrera, atualmente com 64 anos, sua secretária, com a qual se casou aos 98 anos.

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