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Os diversos símbolos da Páscoa, o dia da alegria

Confira os símbolos da data que celebra a renovação da vida. A Páscoa é uma época de esplendor em muitas religiões e tradições


	Ovos de Páscoa decorados: para os cristãos, a Páscoa é a vitória sobre a morte; para os judeus, libertação da escravidão; para outros povos antigos é a volta da fertilidade
 (Getty Images)

Ovos de Páscoa decorados: para os cristãos, a Páscoa é a vitória sobre a morte; para os judeus, libertação da escravidão; para outros povos antigos é a volta da fertilidade (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2013 às 13h05.

São Paulo - É uma época feliz de encontro e celebração. Para os cristãos, significa a vitória sobre a morte e o contentamento pela ressurreição de Cristo. Para os judeus, a libertação da escravidão no Egito. Outros povos antigos comemoravam a volta da fertilidade aos campos e dançavam com música e vinho. Festiva, a Páscoa nos lembra o início de um novo ciclo.

Como você costuma passar a Páscoa? Se viaja ou fica em casa, não importa: vale comemorar. De preferência, ao lado dos queridos, em uma mesa farta e um bom vinho. “A Páscoa é celebração, é quando compartilhamos a felicidade que vem do coração”, diz o padre José Dias Goulart. É uma época de esplendor em muitas religiões e tradições. “É quando, durante a liturgia da Igreja Católica, mais se repete ‘aleluia!’, que quer dizer: ‘Louvai a Deus com Alegria!’”, conta o padre José.

Esse contentamento toca o espírito, mas também o corpo, mesmo na tradição católica. “Jesus quando institui a Eucaristia, na Quinta-Feira Santa, comemorava a Páscoa judaica. Ele era um homem que gostava de compartilhar. Apreciava comer com os amigos e seu primeiro milagre foi transformar água em vinho”, continua o sacerdote.

“Não se esquecia de sua dimensão humana. Podia falar de coisas tão poéticas como ‘Olhai os lírios do campo, que não tecem nem fiam’, mas perguntava aos apóstolos: ‘Essa multidão que veio para me ouvir tem o que comer?’ Ao saber que quem o ouvia podia passar fome, ele fez milagres como o da multiplicação dos pães e dos peixes. Queria a alegria do espírito, mas contemplava as necessidades do corpo”, diz o padre José.

Então, esse momento de júbilo para a alma também pede regozijo no corpo. Nas festas dos povos do Mediterrâneo, por exemplo, que nascem em uma cultura cheia de vida e alegria, a Páscoa é comemorada com o melhor vinho e os melhores pratos, distribuídos em mesas longas, onde se juntam a família, amigos, inimigos, conhecidos e mesmo desconhecidos.

“Jesus consagrou o pão e repartiu. Compartilhar com júbilo é a essência da Páscoa. E podemos fazer isso também com quem não tem o que comer”, diz o sacerdote. “Que tal ajudar uma pessoa durante a Páscoa com alimentos, além de fazer sua própria festa, ou convidar para nossa mesa alguém que precise?”, sugere.

O corpo pode ser visto como um território sagrado. “É um santuário em que a sabedoria divina se torna visível. A sabedoria judaico-cristã ajuda a viver o corpo como um templo, em que pesem todos os equívocos castradores que a história ocidental e oriental proferiu (e ainda profere) sobre o corpo”, escreveu Evaristo Eduardo de Miranda em seu livro Corpo, Território do Sagrado. “O corpo humano possui uma estrutura e uma unidade que vão além da própria matéria”, diz ele. Isto é, na celebração da alma, o corpo deve comemorar junto.


A festa pascal no calendário cristão acontece depois de um período de 40 dias de reflexão, a Quaresma. Talvez por isso ganhe mais sabor. “A Quaresma é um período propício para o balanço de vida e a redefinição de caminhos. Marca o início de um novo ciclo”, afirma o sacerdote.

É o que vai fazer a dentista Ana Helena Voight. “Já marquei no calendário com um círculo vermelho o domingo de Páscoa. Será o início de mudanças e tudo o que inicia com força e alegria tem mais chances de dar certo”, diz ela, que começa a encaixotar suas coisas no domingo de Páscoa para trocar de apartamento. “Depois da missa, ainda planejei um almoço/mudança com os amigos que vão vir me ajudar”, conta ela, feliz da vida.

Os astros protegem

Segundo a astrologia, entramos no signo de Áries – um bom momento para novos projetos. “Essa influência é mais ou menos forte de acordo com o mapa astral de cada um, mas pode se dizer que Áries traz o impulso e a força necessários para o recomeço”, diz a astróloga paulista Leila Peixoto.

De acordo com a astrologia cabalística, o mês de nissan (correspondente ao signo de Áries) traz a força do nascimento. “A palavra nissan vem de ness, ‘milagre’. Essa é uma época em que coisas extraordinárias podem acontecer”, escreve o rabino Philip S. Berg no livro Astrologia Cabalística. Os relatos bíblicos contam que nesse mês o mar Vermelho se abriu para os judeus fugirem do Egito e foi quando o jovem David derrotou numa luta o gigante Golias e se tornou o rei de Israel.

O mês de nissan, para os judeus cabalistas, nos conecta com uma energia milagrosa, que ajuda a compreender nossas limitações. No caso de David, ele teve de enfrentar seus limites (era muito mais fraco do que Golias) para lutar em nome de seu povo. Ele enfrentou o gigante não por motivos egoístas, para receber todas as glórias e se tornar rei, mas para livrar os judeus de um tirano.

“Ele tinha superado o aspecto autocentrado de sua personalidade. Já tinha derrotado um gigante espiritual dentro de si mesmo, o egoísmo, antes mesmo de começar a batalha física. Depois disso, derrubar Golias foi fácil”, escreveu o rabino Berg.


Essa energia impetuosa e vibrante é simbolizada pelo carneiro, que se arremete contra os obstáculos. Por ser agressiva, é preciso contrabalançá-la com o equilíbrio e a doçura.

Os símbolos da Páscoa

Círio Pascal

A missa de Páscoa é um dos rituais mais bonitos da Igreja Católica e ainda é comemorada da forma tradicional em muitas igrejas. Na noite de sábado de Aleluia, os fiéis se reúnem no templo às escuras, simbolizando a morte de Cristo, que mergulha no mundo nas trevas.

Do lado de fora, o sacerdote acende o fogo sagrado e dele surge o Círio Pascal, uma vela marcada com as letras alfa e ômega, a primeira e a última letra do alfabeto grego, revelando Cristo como o começo de uma nova vida, cheia da graça divina, e o fim de outra, a do sofrimento e pecado.

Nas missas que têm canto gregoriano, como as realizadas pelos monges beneditinos, o sacerdote leva o círio pela igreja entoando “Lumen Cristi!”, ou a Luz Cristo. No Círio Pascal são acesas as velas que os fiéis carregam.

Durante a missa, o círio é mergulhado na água que será usada durante os batismos no restante do ano, tal a sua força de renovação e bênção, segundo acreditam os católicos. Antigamente, benzia-se também o sal – o símbolo da incorruptilidade da carne, pois era empregado para conservar alimentos –, também utilizado no batismo.

Cordeiro Pascal

No período em que ocorreram as sete pragas do Egito, enviadas por Deus para obrigar o faraó a libertar os judeus da escravidão, o sangue de cordeiro foi usado para marcar as portas onde havia filhos primogênitos dos hebreus, o sinal para que Deus poupasse a casa da morte das crianças.


Conta o Antigo Testamento (ou Torá) que só as casas marcadas tiveram os primogênitos salvos. Pouco tempo depois, os escravos judeus foram libertados e fizeram uma festa com carne de cordeiro e ervas amargas, para lembrar o tempo da escravidão, e vinho doce, para comemorar o novo tempo de esperança.

Os cordeiros também eram usados pelos judeus para fazer sacrifícios ao Senhor. Por isso, Jesus Cristo afirmou ser o Cordeiro de Deus, pois sacrificou a si mesmo para redimir os pecados do mundo.

Em seu último significado, o cordeiro, ou o carneiro, é o símbolo do signo de Áries, indicando que o ano astrológico também se inicia nesse período. Os hebreus tinham um profundo conhecimento de astrologia, herdado dos babilônios, e sabiam que essa era a época indicada para iniciar uma nova vida.

Coelho

Símbolo de fertilidade, está associado à primavera no Hemisfério Norte e às festas pagãs. A deusa Ostera, dos povos nórdicos, é representada com os cabelos longos cheios de flores e rodeada de coelhinhos. O animal indica que esta é uma época boa para começar todos os projetos do ano, com a garantia de uma boa colheita.

Ovo

É uma herança de muitos povos. Os antigos chineses coloriam as cascas de ovo durante as festas da primavera e ovos eram dados de presente para comemorar um novo ciclo nos países escandinavos.

O costume de esconder ovos de Páscoa no jardim para as crianças foi importado pelo Brasil da cultura anglo-saxônica. Os ovos passaram a ser de chocolate no século 18, possivelmente na Holanda, onde nasceu também a mágica mistura de cacau, leite e açúcar. O Brasil é o segundo consumidor de ovos de chocolate de todo o mundo, com 160 milhões deles vendidos por ano.

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