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Os custos do cigarro para o seu orçamento

Apesar de ser muito comum, o cigarro, além de causar prejuízos à saúde, também afeta o orçamento familiar


	Em 1989, cerca de 43% dos homens e 27% das mulheres fumavam. Em 2008, esse número caiu para aproximadamente 23% e 14% respectivamente
 (Daniel Barry/Getty Images)

Em 1989, cerca de 43% dos homens e 27% das mulheres fumavam. Em 2008, esse número caiu para aproximadamente 23% e 14% respectivamente (Daniel Barry/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2013 às 12h17.

São Paulo - Que o cigarro provoca males para a saúde de quem fuma e daqueles que convivem com fumantes, todos sabem. Entretanto, é importante ressaltar que o tabagismo, além de ser um dos principais fatores de risco para inúmeras doenças, como câncer, enfisema pulmonar, derrame cerebral e enfermidades cardiovasculares, também pode ser prejudicial para a saúde financeira do indivíduo e da família.

De acordo com pesquisas recentes do Ibope1, o cigarro faz parte de um novo grupo de produtos que integra a cesta de consumo da classe C – extrato social responsável por 38,7% das compras do brasileiro. Entre a população das classes D e E, os cigarros representam 13 % dos gastos e esse percentual vem aumentando, com tendência a ser igualado ao consumo de produtos de mercearia e vestuário.

Segundo o médico pneumologista e sanitarista Alberto José de Araújo, do Rio de Janeiro, esse tipo de investimento chega a comprometer um quarto da renda de uma pessoa que ganha um salário mínimo. “Escravizados pela dependência, muitos fumantes não percebem que, se deixassem de gastar seu dinheiro com cigarro, poderiam investir em bens essenciais, como uma melhor alimentação, melhor qualidade de vida e, também, poderiam planejar viagens, adquirir geladeira, TV, entre outros”, informa Araújo.

Na prática, é simples verificar o que os gastos com o consumo de cigarros significam: se uma pessoa que fuma diariamente um maço de cigarros a um preço médio de R$ 5,50 deixasse de fumar por um ano, ela conseguiria economizar R$ 2.007,50 – o suficiente para comprar uma TV de LED de 46 polegadas, cerca de 25 cestas básicas, ou ainda, uma viagem de ida e volta de São Paulo para Fortaleza, no mês de julho, com dinheiro sobrando para as despesas do passeio.

Segundo Alberto José de Araújo, “é importante que o fumante reflita sobre as perdas financeiras que sua dependência acarreta e, em longo prazo, nos gastos para remediar os efeitos nocivos do cigarro que podem comprometer o orçamento doméstico”. Isto pode ajudar o fumante a se mobilizar para fazer uma tentativa para deixar de fumar.

“Se o fumante fizer o simples exercício de calcular o que deixaria de gastar no primeiro ano sem fumar e, pensar o que poderia concretizar com esta economia, isto poderia encorajá-lo fortemente a parar”.


Esta situação tende a se agravar mais com o passar dos anos se os reajustes no preço do cigarro forem considerados. Para se ter uma ideia, no final de 2012, o valor do produto aumentou 16% em 20 estados brasileiros. De acordo com dados da Receita Federal, além da alta já sentida, os cigarros devem subir 13% em 2014 e 10% em 2015.

Por outro lado, o aumento do preço do cigarro começou a surtir efeitos positivos, como a redução do número de fumantes no Brasil nos últimos 20 anos. Essa medida, aliada à restrição à publicidade e à adoção de ambientes livres de fumo, tem contribuído ano após ano para que as pessoas abandonem, de fato, o tabagismo. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer – INCA, em 1989, aproximadamente 35% dos brasileiros fumavam. Em 2008 este índice caiu para 17,2%.

• Em 1989, cerca de 43% dos homens e 27% das mulheres fumavam. Em 2008, esse número caiu para aproximadamente 23% e 14% respectivamente;

• 46% dessa redução resultou diretamente do aumento das taxas sobre os produtos derivados de tabaco;

• 14% da redução aconteceu em decorrência das leis de restrição do cigarro em ambientes fechados;

• 14% da redução ocorreu devido à restrição de publicidade desse tipo de produto;

• 10% se deve aos programas de tratamento contra o tabagismo;

• 8% se deve às advertências sobre saúde nas embalagens de cigarros;

• 6% se deve às campanhas na mídia contra o fumo.


Mesmo com o suporte de medidas como essas, a luta contra o fumo ainda precisa avançar mais. “Sabemos que, para o fumante, a nicotina proporciona efeitos de recompensa, tais como sensações de prazer, relaxamento, redução da ansiedade (embora seja um fator ansiogênico), aumento da concentração, redução da fome, entre outros. Mas é importante lembrar que o tabagismo é uma grave doença crônica e a principal causa de morte evitável em todo o mundo”, explica o especialista.

Para tratar o problema, além de mudança comportamental, muitas vezes, é necessário acompanhamento de um médico que indique o tratamento adequado que combine terapias. Dependendo do caso, é possível incluir medicamentos que solucionem os sintomas da abstinência.

Atualmente, o tratamento farmacológico do tabagismo inclui, entre outras terapias, a reposição de nicotina e medicamentos que auxiliam no controle da vontade e ansiedade de fumar como a bupropiona e a vareniclina (único produto desenvolvido especificamente para o tratamento do tabagismo).

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que fumantes que tentam parar de fumar sem ajuda médica têm menor chance de sucesso (uma média de 5%). E mesmo entre os que conseguem largar o cigarro, apenas de 0,5% a 5% mantêm a abstinência por um ano sem acompanhamento médico.

Consciente do impacto do cigarro em sua saúde física e econômica, o fumante que decide parar de fumar percebe que o tratamento sai bem mais em conta do que aquele direcionado para tratar doenças como câncer, enfisema, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio dentre outras.

“Além disso, ele sentirá que a cessação representará uma grande diferença em termos de qualidade de vida, realização de sonhos e de melhorias no bem-estar de sua família. São benefícios tão evidentes que já são percebidos já nas primeiras horas e nas primeiras semanas após a abstinência, como a redução da pressão arterial e da frequência cardíaca, melhora da respiração, redução da fadiga etc.”, declara Araújo.

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