Phantom IV: apenas 18 unidades produzidas (Reprodução/Divulgação)
Repórter de automobilismo
Publicado em 4 de outubro de 2025 às 15h00.
A Rolls-Royce tinha apenas 21 anos de experiência na produção artesanal de automóveis quando apresentou o Phantom. Lançado em maio de 1925, se tornaria não somente o modelo mais importante da marca inglesa, mas, principalmente, o carro mais luxuoso do mundo.
“Há 100 anos, ele está no topo de todos os automóveis Rolls-Royce, um fenômeno cultural que reflete e influencia o mundo ao seu redor. Desde seus primórdios, o Phantom tem sido uma das recompensas mais desejadas pelo sucesso e um poderoso símbolo de poder e prestígio no cenário mundial. Na música, na política e na arte, o Phantom esteve presente em muitos dos momentos decisivos da história”.
Vinda de Chris Brownridge, diretor executivo da marca, a declaração é suspeita, mas difícil de discordar.
Emprestado do Silver Ghost e inteiramente feito à mão, o chassi do Phantom abrigava um motor de seis cilindros e 7,7 litros. Os faróis eram de níquel com lâmpadas que se assemelhavam às da Ópera de Paris, revestidas de prata.
Como praticamente todas as marcas de luxo da época, a Rolls-Royce vendia apenas o chassi. A clientela encomendava carroceria e interior de encarroçadoras como Brewster, Vanden Plas e Park Ward, entre outras. Daí é que se instalavam as cortinas de seda e o interfone para a comunicação entre passageiros e motorista, separados por uma divisória.
Premida pela concorrência, a Rolls-Royce lançou o Phantom II em 1929, agora sim com um chassi completamente novo, amparando uma carroceria mais aerodinâmica e rebaixada. Motor e transmissão também foram aperfeiçoados, e na cabine luzes indicavam os comandos dos patrões, como virar à esquerda ou à direita, aumentar ou diminuir a velocidade ou seguir para casa.
Da concepção ao início da produção, o Phantom II foi supervisionado pelo próprio Frederick Henry Royce, antigo proprietário de uma empresa de engenharia elétrica sediada em Manchester que construíra seu primeiro carro em 1904. À frente de uma revendedora e oficina baseada em Londres, Charles Stewart Rolls experimentou o veículo e logo topou vender tantos quantos Royce conseguisse construir. Nascia assim a Rolls-Royce, constituída oficialmente dois anos depois.
Lançado em 1936, o Phantom III foi o primeiro Rolls-Royce com motor V12 e o último modelo projetado sob a gestão de Henry Royce, que morrera três anos antes, aos 70 anos.
Phantom V de John Lennon: pintura para o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprodução/Reprodução)
Quanto ao IV, desista da ideia de adicioná-lo à sua coleção: destinado apenas à realeza e a chefes de Estado, teve 18 unidades produzidas. A primeira foi entregue à Rainha Elizabeth em 1950, após a Rolls-Royce substituir a alemã Daimler como fornecedora oficial da família.
Quem sabe o V, que a partir de 1959 teve 516 exemplares produzidos. Um deles foi encomendado por um tal de John Lennon, que pediu o seu todo preto, por dentro e por fora. "Se estiver claro quando você chegar em casa, continua escuro dentro do carro – basta fechar todas as janelas e você continua na boate”, justificou em entrevista à Rolling Stone.
No fim das contas, o Phantom V do Beatle ficou marcado no panorama cultural por sua pintura psicodélica, estampada no veículo dias antes da estreia do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Leiloado em 1985, foi vendido por US$ 2,3 milhões, um recorde mundial para qualquer peça de memorabilia do rock.
Além de ter sido o mais longevo, fabricado por 22 anos, o Phantom VI foi o último da linhagem puramente britânico. O modelo se despediu em 1992 e só retornaria 2003, inaugurando a planta de Goodwood – e a era BMW.
Atualmente o Rolls-Royce Phantom está na oitava geração.