Gabriel Zandomênico, da Oficina Reserva: guarda-roupa completo do homem (Oficina Reserva/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 12 de agosto de 2022 às 06h30.
Última atualização em 12 de agosto de 2022 às 19h58.
Blazer? Tem. Jeans? Tem. E moletom? Também. Jaqueta jeans, bomber, dupla face? Tem também. Camiseta pima, polo, camisa social? Tem tudo isso. A Oficina Reserva se propõe desde a abertura de sua primeira loja, em agosto de 2018, a oferecer um guarda-roupa completo para o homem.
O que poderia, em tese, ser um problema. Um chavão do empreendedorismo diz que quem faz de tudo não é bom em nada. Outro ponto que poderia dificultar a aceitação da marca: a ausência de logo nas peças, em um mercado consumidor ávido por ostentação.
Contra todas essas duvidosas premissas, a Oficina Reserva é hoje a marca que mais cresce do grupo Ar&Co, formada após a compra da Reserva pela Arezzo. O faturamento no ano passado foi de 35 milhões de reais. “Nossa previsão é chegar a 100 milhões até o fim do ano”, afirma Gabriel Zandomênico, CEO e co-fundador da marca.
A Oficina entrou na pandemia com três lojas e o site de vendas. Nesses dois anos, outras seis lojas foram abertas. E até dezembro de 2022 outras sete serão inauguradas. Ou seja, a marcas vai multiplicar por seis o número de pontos de venda nesses últimos três anos.
Outra novidade: a marca está entrando pela primeira vez no atacado nos próximos meses. As peças da Oficina estarão em 150 multimarcas nas cinco regiões do Brasil. “Dá um frio na barriga, porque esse canal é cheio de paradigmas. Por exemplo, a de que roupas sem logotipo não vendem. Mas esse é o nosso posicionamento. Não iríamos lançar uma segunda marca só para estar em mais pontos de venda”, afirma Zandomênico.
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A Oficina Reserva oferece um básico sofisticado, uma categoria que pode ser classificada como luxo acessível, com preços condizentes com a qualidade, de algodão pima a cashmere. Para Zandomênico, a proposta da Oficina coincidiu com o comportamento de moda adotado durante o período de isolamento.
“Quando veio a pandemia com força no Brasil, em março de 2020, já estávamos posicionados como uma marca versátil, que oferecia conforto, mas com elegância, a mesma roupa que você pode ficar em casa e sair para a rua”, explica. "São peças atemporais, de qualidade."
A aquisição do grupo Reserva pela Arezzo, em outubro de 2020, deu o empurrão que faltava para a marca. “Com a entrada na Arezzo conseguimos investir em produtos, no canal online na expansão física. E o público consumidor respondeu muito bem”, afirma.
A Oficina Reserva nasceu como Social Tailor, em Belo Horizonte, uma marca especializada em alfaiataria, com muita tecnologia. Um enorme banco de dados de milhares de consumidores permitia a confecção de camisas semi-prontas, em um prazo pequeno e a ótimo custo. “Já então queríamos oferecer o guarda-roupa completo do homem, mas para isso precisávamos de investimento para lojas, estoque, campanha”, diz o fundador.
Ao mesmo tempo, Rony Meisler, um dos fundadores da Reserva, achava que havia espaço no mercado para uma roupa mais sóbria, mais sofisticada, para atender a um público urbano. A Reserva então entrou no negócio. “Estávamos em polos opostos, a Reserva com uma moda mais colorida, nós com alfaiataria”, afirma Zandomênico.
A aposta, pelos números apresentads, foi acertada. Dentro do amplo portfólio da marca, os sócios enxergam espaço para crescer na chamada moda athleisure, de roupas mais esportivas. “No ano que vem teremos peças que podem ser usadas tanto na academia como no trabalho. Não será alta performance, mas permitirá maior movimento, mais versatilidade.”
E, uma ousadia maior, a Oficina pretende em algum momento investir também em moda feminina. “Gostamos de ir com cautela, mas quem sabe não nos arriscamos em um feminino mais básico e sofisticado como forma de ampliar o ecossistema de marca?”.