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O vinho que veio do gelo: linha argentina Otronia chega ao Brasil

A nova vinícola fica na chamada Patagônia Extrema, uma das regiões produtoras mais frias do mundo. Conheça os rótulos que começam a ser vendidos agora

Vinícola Otronia: temperaturas de 7 graus negativos na madrugada (Bodega Otronia/Divulgação)

Vinícola Otronia: temperaturas de 7 graus negativos na madrugada (Bodega Otronia/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 14h04.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 16h01.

Uma região a 1.400 quilômetros ao sul de Mendoza, que já é uma região bastante fria, onde as temperaturas chegam 7 graus negativos e os ventos passam de 100 quilômetros por hora. Pouca gente apostaria que por lá se poderia cultivar vinhedos. E menos ainda que os vinhos produzidos teriam qualidade bem acima do respeitável.

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Esse é o feito da Bodega Otronia, que pertence ao grupo da família argentina Bulgheroni, proprietária da Bodega Garzón, no Uruguai. A região fica na chamada Patagônia Extrema, na província de Chubut. Fica praticamente equidistante entre o Oceano Atlântico e a o início da Cordilheira dos Andes, e quase às margens do Lago Musters, anteriormente chamado Lago Otronia.

“Recebi a missão da família Bulgheroni de conhecer algumas fincas de propriedade deles no sul da Argentina e avaliar o potencial”, contou o enólogo italiano Alberto Antonini, responsável pelo projeto da Bodega Garzón, em uma apresentação a jornalistas brasileiros por Zoom, da qual Casual EXAME participou. Ele foi. Não sem grande esforço. “Foi uma aventura bastante grande chegar naquela região, que merece uma conversa à parte.”

Uma vez lá, diz, teve boas impressões. “Encontrei um solo bastante rico e calcário, uma boa variedade de vegetação, um pasto com cheiros muito diferentes”, conta. “Mas o que mais o impressionou foi ver cinco ou seis fileiras de vinhedos plantados meio ao acaso, sem cuidados. Pareciam ser as plantas mais felizes do mundo, com muita uva.”

Isso apesar do clima inóspito. A média de temperatura no ano é de 11 graus, semelhante à região de Champagne, na França – para efeito de comparação, em Mendoza, a maior região produtora da Argentina, fica entre 13 e 14 graus. Ao mesmo tempo, na primavera e no verão os dias são bastante quentes.

Uvas precisam desse choque térmico para maturação, concentração de açúcar e de álcool na produção. Para evitar danos pelo frio excessivo é utilizada por lá a técnica de irrigação, em que uma lâmina de água é distribuída uniformemente pelos vinhedos, para criar uma espécie de capa de gelo a zero graus. O sistema é conhecido também pelo nome de efeito iglu. Assim, por dentro a uva fica protegida.

Os ventos antárticos e de alta velocidade, que passam dos 100 quilômetros por hora, poderiam ser um empecilho e tanto. Mas as massas de ar são barradas por florestas de álamos, o que traz ainda um benefício para o florescimento dos vinhedos: reduzir a umidade relativa do ar.

Para Máximo Rocca, diretor comercial da Bodega Otronia, a produção do grupo é determinada pelo terroir. “São vinhos orgânicos, isso é uma consequência da nossa filosofia, de pouca intervenção”, afirma.

Os vinhedos ocupam uma área de 50 hectares e os planos são ambiciosos. A ideia é que a produção atinja 20 mil caixas em dois ou três anos e que o Otronia seja encontrado nas principais capitais do mundo em breve. Os vinhos dessa nova região se destacam pela mineralidade e começam agora a chegar ao mercado brasileiro pela World Wine. Conheça os rótulos.

 

Otronia 45 Rugientes Corte de Blancas

Blend de Gewürztraminer, Pinot Gris e Chardonnay cultivados de maneira orgânica, este branco de clima frio se destaca pelo caráter aromático e por seu equilíbrio. As uvas são prensadas de forma direta, sem o desengace, e após o processo de fermentação o vinho estagia em tanques de concreto e foudres de carvalho francês durante 12 meses. O vinho revela aromas de frutas cítricas, além das características notas florais provenientes da Gewürztraminer, e o típico caráter mineral da região. R$ 279

 

Otronia 45 Rugientes Pinot Noir

Blend de diversos vinhedos de Pinot Noir, 45 Rugientes é um vinho equilibrado, delicado e com ótimo frescor. Seu nome refere-se ao som emitido pelos ventos na região, semelhantes a um rugido da natureza. Fermentado em tanques de concreto, com 50% das uvas com cachos inteiros, este tinto revela sutileza em seu caráter de frutas vermelhas frescas. Após a fermentação o vinho estagia em foudres de carvalho sem tosta durante 14 meses, o que garante equilíbrio e elegância para este Pinot Noir de clima frio. R$ 279

 

Otronia Block 3&6 Chardonnay

Elaborado a partir de uma mescla entre os Block 3 e 6, no chakra 22, um dos vinhedos de Otronia, este Chardonnay revela grande mineralidade e equilíbrio. O vinho é elaborado a partir de vinhas orgânicas e, após a fermentação, o vinho estagia durante 16 meses em foudres de carvalho francês. O resultado é um vinho elegante, com ótima textura e boa acidez. No nariz notas florais, herbáceas e de frutas brancas se mesclam a toques defumados e de baunilha. Um grande branco elaborado em clima frio. R$ 669

 

Otronia Block 1 Pinot Noir

Elaborado a partir do Block 1, no chakra 22, um dos vinhedos de Otronia, este Pinot Noir tem grande caráter e estrutura. O vinho é elaborado a partir de vinhas orgânicas de Pinot Noir, e 50% dos cachos são utilizados durante a fermentação, o que garante maior estrutura tânica ao vinho. Após a fermentação o vinho estagia em foudres de carvalho sem tosta durante 14 meses, o que garante equilíbrio e elegância para este Pinot Noir de clima frio. R$ 669

 

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