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O salão de relojoaria mais importante de todos os tempos

O Watches & Wonders deste ano será presencial, com marcas como Rolex e Patek Philippe e no melhor momento do mercado de relógios suíços da história. Saiba o que esperar do evento

Watches & Wonders 2022: presencial (Watches & Wonders/Divulgação)

Watches & Wonders 2022: presencial (Watches & Wonders/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 28 de março de 2022 às 06h00.

Última atualização em 29 de março de 2022 às 10h01.

O Watches & Wonders, que começa na quarta-feira 30 e vai até 5 de abril em Genebra, na Suíça, já pode ser considerado o salão de relojoaria de luxo mais importante de todos os tempos. Sem receio de exagero.

São três os motivos.

O primeiro: nunca marcas tão importantes do segmento de relógios de luxo estiveram reunidas em uma mesma feira. Manufaturas do grupo Richemont e do grupo LVMH, além de empresas independentes como Rolex e Patek Philippe, dividirão a atenção do público.

O segundo motivo: o evento deste ano será híbrido, ou figital, graças ao abrandamento da pandemia. O Watches & Wonders do ano passado já havia reunido as principais marcas de agora. Mas o evento foi virtual, o que reduz muito o alcance da divulgação, principalmente nas redes sociais. Desta vez as apresentações serão presenciais, mas com transmissão online para quem não puder estar em Genebra.

O terceiro motivo: o setor de relojoaria de luxo vive o melhor momento da história. No ano passado o mercado global de relógios suíços movimentou 22,3 bilhões de francos em valor de exportações, segundo o tradicional relatório anual do Morgan Stanley com a consultoria suíça LuxeConsult. O recorde anterior havia sido em 2014, com 22,25 bilhões de francos suíços.

Segundo o relatório de agora, as exportações de relógios da Suíça cresceram 31,2% em 2021 em relação a 2020. O primeiro ano da pandemia foi bastante trágico para as manufaturas, é verdade. Mas o número agora também representa um aumento de 2,7% em relação a 2019. O bom resultado global se deve principalmente ao aumento do preço médio dos relógios. Os consumidores estão atrás de modelos mais caros.

Rolex, Patek Philippe e Cartier

Participarão do evento 38 marcas no total, as maiores do segmento. A ausência maior serão as manufaturas do grupo Swatch, com destaque para Omega e Longiness, duas das marcas de relojoaria mais vendidas do mundo e que não irão participar.

No grupo principal serão 24 marcas. Esta é a lista completa: A.Lange & Sohne, Baume & Mercier, Cartier, Chanel, Chopard, Grand Seiko, Hermès, Hublot, IWC Schaffhausen, Jaeger-LeCoultre, Montblanc, Oris, Panerai, Parmigiani Fleurier, Patek Philippe, Piaget, Roger Dubuis, Rolex, TAG Heuer, Tudor, Ulysse Nardin, Vacheron Constantin, Van Cleef & Arpels e Zenith.

Haverá ainda no Watches & Wonders um espaço para marcas independentes com outras 14 marcas, como Arnold & Son e Ressence.

Durante os sete dias de salão acontecerão outros eventos paralelos também em Genebra. O salão Time to Watches reunirá 35 marcas menores, mas reconhecidas no meio, como Cuervo & Sobrinos, Louis Erard e Junghans. A Bvlgari, entre outras manufaturas, aproveitará o intenso movimento na cidade para fazer uma apresentação individual.

Indústria, revendedores e imprensa

Alessandro Ficarelli, diretor de desenvolvimento de produtos da Panerai, antecipou para a Casual EXAME o que podemos esperar desta edição do Watches & Wonders. "Será um novo ecossistema", disse, em entrevista por videoconferência. "Os salões anteriores eram focados em revendedores e imprensa. A digitialização leva a experiência para os clientes finais. Mesmo nas apresentações físicas teremos novos recursos tecnológicos."

O Watches & Wonders do ano passado já estava sendo considerado histórico, justamente por reunir 38 das marcas mais representativas. Mas havia um inconveniente naquela edição: apesar de teoricamente sediado em Genebra, o evento foi totalmente virtual, devido ao grave momento da pandemia do coronavírus.

Os executivos das manufaturas diziam então que, para alguma feira superar aquela, somente se fosse presencial. Bem, esse dia chegou. O Watches & Wonders de 2022 vai reunir executivos da indústria, revendedores, jornalistas e clientes nos salões do Palexpo, centro de convenções em Genebra.

Um salão de relojoaria é uma grande celebração da indústria. Jornalistas são chamamos para ver as novidades e entrevistar designers e executivos. Revendedores comparecem para ver nos pulsos os relógios lançados e assim fechar os pedidos de compra. As marcas aproveitam a ocasião para reunir os times espalhados pelas filiais e promover encontros corporativos.

Este ano, quem não estiver em Genebra poderá acompanhar online as apresentações dos lançamentos e os painéis de discussões. Este foi um legado da pandemia, os formatos híbridos.

 Um nove nome para a feira

Aqui vale fazer um retrospecto. Até 2019, as principais marcas de relógios se dividiam em duas feiras. A SIHH, ou Salon International de la Haute Horlogerie, organizada pela mesma Fondation de la Haute Horlogerie que agora realiza a Watches & Wonders, acontecia em janeiro, em Genebra. Reunia as marcas do grupo Richemont, como Cartier, Montblanc, Panerai e IWC, e algumas independentes. Era de porte pequeno mas pautada pelo luxo.

A outra grande feira da indústria da alta relojoaria era a Baselworld. Acontecia na Basileia, também na Suíça, no mês de abril, era a maior de todas e mais democrática. Reunia marcas de entrada, e também algumas consagradas, como Rolex e Patek Phillipe.

Assim, quem acompanhava o setor se deslocava duas vezes ao ano para a Suíça: em janeiro para a SIHH em Genebra e em abril para a Baselworld, na Basileia.

Para 2020, uma novidade estava anunciada: a SIHH mudaria de nome para Watches & Wonders (essa nomenculatura já era usada pra eventos menores do grupo) e aconteceria em abril, perto da data da Baselworld. Assim, jornalistas e revendedores só precisariam viajar para a Suíça uma vez por ano para acompanhar os dois salões. Já era uma tentativa de unificar, de certa forma, as ações das maiores manufaturas do mundo.

Mas eis que veio a pandemia e tudo mudou. A Watches & Wonders foi realizada às pressas virtualmente em 2020. Já a Baselworld foi inicialmente adiada para o começo deste ano e as marcas que participavam de lá fizeram então apresentações virtuais independentes.

Até que aconteceu o que ficou apelidado de “Rolexit”, a saída de cinco grandes maisons da Baselworld para se juntar à Watches & Wonders. São elas a Rolex e sua segunda marca, Tudor, além de Patek Phillipe, Chopard e Chanel. A Baselworld então foi enterrada de vez.

Alguns salões locais continuam sendo realizados, como o Watches & Wonders para o mercado de Xangai e o LVMH Watch Week, com as quatro marcas do conglomerado francês. Mas não têm o alcance agora da feira em Genebra. Acompanhe ao longo da semana nossa cobertura de lá.

 

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