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O restaurante Michelin em São Paulo que te leva ao Japão — literalmente

O restaurante Kanoe é um dos braços do Omotebako Hospitality, que também com a empresa de turismo My Japan

Grupo Omotobako: Tadashi Shiraishi, Patricia Bianco e Gabriele Frizon (Divulgação/Divulgação)

Grupo Omotobako: Tadashi Shiraishi, Patricia Bianco e Gabriele Frizon (Divulgação/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 17 de outubro de 2025 às 15h30.

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Para se sentar em um dos oito lugares no balcão do Kanoe são necessárias algumas semanas de espera e um questionário a ser respondido, dentre alergias, perfil de água e se é destro ou canhoto — a pergunta é necessária para posicionar os hashis no lugar reservado. A casa comandada pelo chef Tadashi Shiraishi segue o conceito japonês “ichigo ichie”, que sugere que cada momento é único e deve ser vivenciado com intensidade.

A estrela Michelin recebida neste ano justifica a qualidade dos insumos, com peixes sazonais como pargo, olho de boi e o famoso atum bluefin e até o wasabi fresco, plantado no interior de São Paulo. Mas não somente. A hospitalidade também faz parte do menu omakase (17 tempos, R$ 1.400 por pessoa), com serviço atento e que se expande para outras duas propostas.

“Quero fazer uma comida com poucos elementos, que minha avó pudesse entender. Que preserve o legado dos meus ancestrais e, ao mesmo tempo, emocione em uma jornada tranquila e única”, afirma Tadashi. A escolha do nome Kanoe para batizar a casa é uma homenagem ao nome da avó do chef.

O sucesso da gastronomia do Kanoe é apenas uma das várias vertentes de Omotebako Hospitality, grupo fundado por Shiraishi e sua esposa e sócia, Patrícia Bianco. O grupo abrange outras iniciativas que como experiências imersivas relacionadas à cultura e gastronomia japonesas.

“O Omotebako surgiu como uma arquitetura de marca para criar experiências japonesas autênticas, como o Kanoe, o My Japan e o Wine Concierge. Nosso objetivo é trazer um pedaço do Japão para o Brasil de uma forma que o público local consiga vivenciar a verdadeira cultura japonesa”, explica Patrícia.

Além do restaurante, o Omotebako é responsável pela criação de roteiros exclusivos de turismo no Japão, sob a liderança de Tadashi e Patrícia, e pela curadoria de vinhos e saquês por meio do serviço Wine Concierge, coordenado pela sommelière Gabriele Frizon.

O grupo oferece roteiros sob medida para o Japão, focados em gastronomia e na imersão cultural, indo muito além dos destinos turísticos tradicionais como Tóquio, Kyoto e Osaka. As viagens, conduzidas pelo casal, são desenhadas de acordo com o perfil e o desejo do cliente, levando-os a conhecer desde os mercados locais até as regiões menos exploradas, como Hokkaido e Fukuoka, permitindo um entendimento mais profundo da cultura nipônica.

"A gente gosta de mostrar o Japão por um olhar mais profundo, que vai além dos restaurantes três estrelas Michelin. O que o japonês come no dia a dia, o arroz com picles, o peixe grelhado, o tofu... Isso é o Japão real. Não é só o que você vê no Instagram ou em postagens de turismo", diz Tadashi.

O braço de turismo My Japan representa aproximadamente 45% da receita mensal do grupo. Em 2024, o grupo obteve quase 3 milhões de reais em vendas voltadas ao turismo japonês.

De acordo com Patrícia, a ideia do grupo nasceu do desejo de criar uma mediação cultural entre o Japão e o Brasil, oferecendo experiências que vão além da gastronomia e se aprofundam na compreensão do Japão em sua essência.

"A viagem começou como uma demanda interna do restaurante. Os clientes chegavam e falavam quererem muito conhecer o Japão. Ao mesmo tempo, outros clientes já haviam ido para o Japão várias vezes. Então, quando a gente começou a perceber essa demanda, desenhamos os roteiros para os nossos clientes, sempre com foco na gastronomia, mas também na vivência cultural”, diz Tadashi.

O chef Tadashi Shiraishi, do Kanoe: restaurante em São Paulo com oito lugares e estrela Michelin (Divulgação/Divulgação)

Vinhos e saquê sob medida

A terceira parte do Grupo Omotebako está sob o comando da sommelière Gabriele Frizon, com o serviço de escolhas dos rótulos do restaurante e o serviço de wine concierge.

O serviço de curadoria personalizado oferece aos apreciadores de vinhos e saquês a oportunidade de construir ou gerenciar suas adegas particulares. “A proposta do Wine Concierge é oferecer uma consultoria sob medida que se adapta aos gostos e necessidades do cliente. Estamos criando uma experiência em que não é apenas sobre o produto, mas sobre todo o processo de relacionamento e atendimento personalizado”, diz a sommelière.

O Wine Concierge não se limita à venda de garrafas, mas também a oferecer uma série de serviços que incluem desde o auxílio na escolha e harmonização de bebidas até a criação de eventos privados e o desenvolvimento de coleções exclusivas.

“Nosso objetivo é criar uma experiência imersiva que vá além do consumo de bebidas. Queremos que nossos clientes vivenciem momentos memoráveis e entendam o valor cultural de cada rótulo, seja ele um vinho francês ou um saquê artesanal”, diz.

A visão de Omotebako para o futuro não se limita apenas à gastronomia e à curadoria de bebidas. O grupo está explorando ainda mais o conceito de hospitalidade, com a criação de experiências exclusivas para empresas e grupos, como imersões na cultura japonesa voltadas para temas como hospitalidade, serviço e atenção aos detalhes.

Além disso, o serviço de Wine Concierge está em expansão, com a possibilidade de criar experiências de harmonização e até mesmo viagens a regiões produtoras de vinhos, como a Borgonha, na França. Do balcão com poucos lugares às vinícolas europeias, a casa segue à risca o “ichigo ichie”.

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