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O que fazer em 48 Horas em Roma

Um roteiro entre igrejas, grandes mestres e boa comida na Cidade Eterna

Coliseu: arquétipo de todos os estádios modernos, a grande arena possuía engenhosas soluções de conforto e dramatização dos espetáculos (Wikimedia Commons)

Coliseu: arquétipo de todos os estádios modernos, a grande arena possuía engenhosas soluções de conforto e dramatização dos espetáculos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2012 às 09h17.

São Paulo - Dois dias em Roma é muito pouco tempo para explorar a Cidade Eterna, então vamos mesclar um pouco de tudo: grandes mestres, igrejas imperdíveis, ruínas romanas e um passo tranquilo o suficiente para aproveitar bem as refeições, que aqui na Itália é coisa muito séria.

Ficam então de fora pequenos tesouros da cultura do Lácio, como a Basílica de San Giovanni in Laterano, as Termas de Caracala e o novíssimo Maxxi de Zaha Hadid. Não importa. Roma é tão fascinante que você sempre dará um jeito de retornar.

Tal como Audrey Hepburn e Gregory Peck em A Princesa e o Plebeu (Estados Unidos, 1953), faremos um passeio leve, mas histórico, agradável, mas repleto de ícones do imaginário ocidental.

Dia 1

Comecemos o dia com um capuccino perfeitamente preparado em um dos cafés da Piazza della Rotonda. Tirar um bom espresso, ristretto ou macchiato por aqui é alvo de debates acalorados, máquinas com ajustes precisos e grãos bem selecionados. E, pelamordedeus, não reclame se o espresso for apenas um golinho. Aqui, é assim que se faz: só os perfumados óleos essenciais.

Empurrados pela cafeína, nossa primeira parada é o mais bem preservado edifício do período republicano de Roma, o Panteão. Supostamente projetado pelo próprio imperador Adriano, a cúpula vazada é um impecável projeto de arquitetura, o ápice de uma cultura que desenvolveu arcos, templos, aquedutos e pontes que até hoje se mantém em pé, dois mil anos depois de sua construção. O efeito da luz adentrando o recinto é deslumbrante.


Do belo ao não tão belo, a poucas quadras de lá está o Monumento a Vittorio Emanuele II. Apelidado – não de forma muito lisonjeira – de Máquina de Escrever, o elaborado produto neoclássico sempre foi duramente criticado por sua falta de harmonia e excesso de adereços. O que importa é que se você dar a volta pelo lado esquerdo chegará ao foro de Trajano e sua grande coluna (que inspirou obras semelhantes na Karlskirche de Viena e na Place Vendôme de Paris).

Se optar pelo lado direito, chegará às rampas que levam à Piazza Campidoglio, com a estátua equestre de Marco Aurélio. Seja como for, você chegará às portas do Fórum Romano, a pedreira mais espetacular da Europa.

Feche os olhos e tente imaginar como este deslumbrante conjunto de edifícios governamentais, templos e monumentos se articulavam no auge da Pax Romana. Hoje restam mínimos vestígios das construções, como as colunas do templo de Saturno, o arco de Sétimo Severo e o átrio das vestais.

Todavia, muito mais que se atentar ao que restou é perceber o simbolismo deste local. Além do Fórum em si vale a pena conhecer o Palatino e o Palácio de Augusto, de onde se tem uma ampla vista panorâmica desta parte da cidade.

Pausa para o almoço, que já está tarde. Nas ruas Santissimi Quattro e Via Capo d’Africa há alguns pequenos e bons restaurantes. Se optar por algo leve, o informal Café Café oferece comidinhas simples como massas e saladas.

Daqui vamos ao maior monumento da cidade, o Coliseu. O arquétipo de todos os estádios modernos, a grande arena possuía engenhosas soluções de conforto e dramatização dos espetáculos. S

eus arcos e paredes estão bem debilitados, mas ainda é possível ter uma ideia dos tempos em que gladiadores e feras manchavam de sangue sua areia, sob urros da plateia ensandecida. Ou seja, mais ou menos como ainda fazemos nos embates do UFC.


Caminhemos agora pelo agradável e arborizado Parque Célio, repleto de igrejas e construções históricas, para chegar ao Circus Maximus. Para as diferentes gerações que se divertiram com a corrida de quadrigas do épico hípico Ben Hur (Estados Unidos, 1959), saiba que este era o maior hipódromo do Império Romano. Em seu auge ele poderia abrigar cerca de 150 mil expectadores, mas hoje pouco resta além do formato do circuito.

Na outra ponta do antigo estádio encontra-se o antigo Fórum Boário, que inclui duas interessantes atrações: o bem preservado templo circular de Hercules Victor (erroneamente atribuído a Vesta) e a igreja de Santa Maria in Cosmedin, mais conhecida por sua Bocca della Verità. Provavelmente parte de uma antiga fonte, hoje a boca é um divertido pega-mentiroso.

Antes de pausar para o jantar, caminhemos até o rio Tibre, apreciar suas pontes e as sete colinas que o cercam. E, para terminar o dia bem, escolha um bom restaurante. O La Campana, considerado o mais antigo da cidade, traz as famosas alcachofras à judia e o tagliolini com alici e pecorino.

Já o La Pergola, para muitos o melhor de Roma, traz sublimes sabores da cozinha mediterrânea perfumados com azeites especiais deitados sobre porcelanas históricas. Com tudo acompanhado por uma das mais de 50 mil garrafas de sua adega, o resultado não poderia ser outro: três estrelas Michelin. E as lindas vistas para a cidade ainda vêm de brinde...

Dia 2

Uma das formas mais divertidas de começar um dia em Roma é provar umas guloseimas na feira do Campo di Fiori. No exato palco onde Giordano Bruno fora queimado vivo pela Inquisição hoje se espalham barracas que vendem queijos, alguns doces, embutidos e frutas fresquíssimas, como morangos, amoras e cerejas.


Aproveitando que está cedo, nossa primeira parada do dia serão os Museus do Vaticano. As filas poderão estar desencorajadoramente longas. Para evitá-las, duas dicas: ou você chega bem cedo para pegar uma fila curta (entre 8h e 8h30 a multidão ainda é administrável; a bilheteria abre às 9h) ou faz uma compra antecipada online, pagando uma taxa extra.

Todo o esforço compensa. Da formosa escada helicoidal, ao afresco da Escola de Atenas, da Galeria dos Mapas a uma despretensiosa mesa com mármores incrustados, tudo remete ao poder e fausto da Igreja. A lista de mestres relacionados às obras aqui presentes são um verdadeiro quem-é-quem da arte itálica: Caravaggio, Leonardo, Giotto, Fra Angelico, Ticiano, Rafael.

É uma encantadora overdose de história da escultura, arquitetura sacra e pintura ocidental, cuja apoteose é a Capela Sistina. Local onde desde o século 15 são realizados os conclaves - as eleições papais -, seu teto – pintado por Michelangelo – detém de tal forma as atenções da plateia que não nos damos conta que nas paredes estão obras de Rafael, Bernini e Botticelli. Na saída da capela é até engraçado ver todos alongando e estalando os pescoços tal é a posição que ficamos.

Perto do final do tour, ache a agência postal e mande um cartão para quem você gosta. Afinal, não estamos na Itália, mas em um país soberano com selos e carimbo próprios.

Nossa última parada da manhã é a Basílica de São Pedro, a igreja primaz dos católicos. Nesta obra-prima do barroco, tudo é superlativo: o baldaquino de Bernini, a maiúscula cúpula de Michelangelo, as capelas laterais. Tudo em nome de Cristo e da rocha sobre a qual ele construiu seu legado: Pedro, o apóstolo pescador, cujo túmulo encontra-se sob o altar principal. Acenda uma vela, faça uma oração e relembre que boa parte dos fundos para a construção deste templo veio da venda de indulgências – contribuições para se livrar dos pecados.

De saída da basílica, aprecie a colunata de Bernini e o espaço teatral da Piazza San Pietro, dominada por um dos muitos obeliscos egípcios espalhados pela cidade. É daqui que, aos domingos ao meio-dia, pode ser ver o papa oferecer uma benção ao público. A curta cerimônia dura cerca de 20 minutos.

Depois dessa longa procissão por grandes artistas e suas obras, passemos ao largo do Castel Sant’Angelo – o mausoléu de Adriano tornado fortaleza papal – para nos reabastecer de calorias. Uma opção agradável na área é o Il Convivio Troiani (Vicolo dei Soldati 31, 06/686-9432, http://www.ilconviviotroiani.com), com suas massas artesanais e bons frutos do mar.

Devidamente felizes, vamos tomar um espresso em outro lugar. Daqui iremos à Piazza Navona, uma antiga arena romana transformada em uma das mais encantadoras praças da cidade. A composição única de fontes, igrejas e edifícios barrocos tornam a piazza um local ideal para passear despreocupado, sentar em um café e apreciar as pessoas circulando. Num dos cantos do espaço está o Palazzo Pamphilj, sede da embaixada do Brasil. Vivem bem nossos diplomatas.


Daqui seguiremos às escadarias da Piazza di Spagna, via Fontana di Trevi. Nenhuma destas atrações é tão espetacular como o Coliseu ou o Vaticano - a Piazza dá para uma cênica escadaria, enquanto que a bela fonte vive abarrotada de turistas e batedores de carteira, mas não deixam de ser passagem obrigatória. O melhor mesmo é o caminho entre elas, tortuoso e confuso, pontuado por edifícios antigos, lojinhas surpreendentes, sombras e luz.

Para celebrar essa breve passagem pela Cidade Eterna, vamos a um restaurante lotado de gente bonita, importante e endinheirada (ou uma combinação de tudo isso). Não bastasse ser um dos queridinhos do momento, o Dal Bolognese (Piazza del Popolo, 1, 06/361-1426, 12h30-15h, 19h30/24h) ainda tem comida boa de verdade e uma ótima localização, junto à uma das praças mais bonitas de Roma.

Ah, e não se esqueça de jogar uma moedinha na Fontana di Trevi, desejando um retorno a Roma. Afinal, é bom garantir!

Se tiver um ou dois dias a mais...

Não deixe de visitar algumas igrejas importantes, como Gesú e San Giovanni in Laterano, fazer compras nas vias del Babuino e Condotti ou checar as dramáticas esculturas de Bernini na Galeria Borghese.

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