Rótulo: o uso da tecnologia, como aplicativos que monitoram calorias, também está em ascensão (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 16h27.
Durante anos, os defensores da alimentação saudável exortaram o público a ler os ingredientes e ignorar o marketing. E durante anos os consumidores não fizeram isso.
Mas parece que agora os consumidores finalmente estão escutando.
As compras de alimentos atualmente são menos impulsionadas pelo que vem escrito na parte da frente da caixa do que pelos ingredientes listados, disse Andrew Mandzy, diretor de insights estratégicos da Nielsen.
Alguns consumidores estão mais contando do que lendo: cerca de 61 por cento disseram que quanto menor a lista de ingredientes, mais saudável o produto.
Muitos estão olhando além das caixas em si. Em 2014, 48 por cento dos consumidores recorreram à internet para conseguir informações de saúde.
Em 2016, 68 por cento o fizeram. O uso da tecnologia, como aplicativos que monitoram calorias, também está em ascensão, disse Mandzy.
“Existe uma mudança na forma de pensar das pessoas sobre aquilo que é ’melhor para você’”, disse ele. “As pessoas estão buscando ingredientes básicos, mais simples.”
Os profissionais de saúde estão felizes por verem a mudança.
“A tendência geral de um consumidor mais educado é excelente”, disse Sharon Allison-Ottey, médica, educadora do ramo de saúde e autora do livro Is That Fried Chicken Worth It? “O simples fato de saber o que você está comendo te leva a comer menos.”
As afirmações da parte da frente do pacote, como “baixo nível de gordura” e “excelente fonte de vitamina C” estão começando a perder seus poderes mágicos, mostram dados da Nielsen.
As vendas de itens identificados por seu conteúdo mais baixo de gordura caíram 1,2 por cento em dólares nos últimos cinco anos. No caso dos “sem gordura”, as vendas caíram 2,7 por cento.
Os itens identificados por suas “vitaminas e minerais” viram um declínio de 0,8 por cento no período.
Uma afirmação, pelo menos, ainda parece funcionar: “natural”, um termo essencialmente desregulamentado e, portanto, sem um sentido específico.
Entre os chamados alimentos naturais estão nuggets de frango, Cheetos e Gatorade. As vendas de produtos que ostentam o termo subiram 4,2 por cento.
Mas a Nielsen também criou uma categoria separada com seu próprio critério, mais estrito. Para essa categoria, a empresa de pesquisas de mercado analisou os ingredientes com mais atenção, avaliou sua posição na loja (por exemplo, está no corredor de itens “naturais”?) e também o restante da marca.
Qualquer item certificado como orgânico pelo Departamento de Agricultura dos EUA, por exemplo, entrou, e qualquer produto com organismos geneticamente modificados ou ingredientes artificiais ou sintéticos ficou de fora.
O crescimento nessa categoria menor quase triplicou o crescimento da mais ampla, a 11,2 por cento.
Como os consumidores estão prestando mais atenção nos ingredientes, eles podem estar se tornando zelosos demais e deixando de lado produtos que em sua maioria são inofensivos.
As vendas de produtos que ostentam que são livres de glúten subiram 11,8 por cento nos últimos cinco anos e as vendas dos itens livres de soja tiveram aumento de 29,8 por cento.
Mas os profissionais de saúde não recomendam que o americano médio realmente corte algum desses ingredientes.
A menos que você seja diagnosticado com doença celíaca ou intolerância ao glúten, o termo “’livre de glúten’ não tem nada a ver com os benefícios reais do alimento à saúde”, disse Allison-Ottey.
Ela espera que a atenção dada ao glúten se traduza em uma alimentação mais consciente no geral, mas isso não é garantido.
"Será que um fabricante é capaz de tirar vantagem sobre o consumidor colocando o termo ’livre de glúten’ em um alimento que nunca teve glúten? Sim”, disse ela.