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O mundo não mudou desde os anos 60, dizem roteiristas de Mad Men

Maria e André Jacquemetton visitaram Madri para dar uma aula sobre o ofício dentro da programação do 'Roteirista universal'

Roteiristas de Mad men (EFE)

Roteiristas de Mad men (EFE)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2014 às 13h41.

A série "Mad Men", que recria com impecável detalhamento o mundo publicitário dos anos 60 nos Estados Unidos, se transformou em um sucesso global apelando para um sentimento bastante primário e contemporâneo, "as reações do ser humano em épocas de grandes mudanças", disseram os roteiristas.

"O mundo não mudou tanto como poderíamos pensar, e 'Mad Men' reflete uma vida que se parece muito com a de agora. Homens e mulheres continuam a se relacionar de forma semelhante, com as mesmas guerras que no século passado", explicou em entrevista à Agência Efe Maria Jacquemetton, roteirista e produtora executiva de "Mad Men" em seis temporadas, junto com seu marido, André.

Maria e André Jacquemetton visitaram Madri para dar uma aula sobre o ofício dentro da programação do "Roteirista universal", organizadas pelo sindicato de roteiristas ALMA com o apoio do Ministério da Educação, Cultura e Esporte, da Funcação SGAE, DAMA (Direitos Autorais de Propriedade intelectual de Meios Audiovisuais) e Canal+, aonde a série é exibida na Espanha.

André disse que para ser roteirista é preciso muito "ânimo e motivação, porque o trabalho é muito difícil e às vezes solitário, e é preciso saber que se pode começar do nada e ter sucesso".

O exemplo deste casamento apoia bem essa ideia, já que após se conhecerem trabalhando na série "SOS Malibu" receberam, de 2008 e 2011 o Prêmio do Sindicato de Roteiristas da América pelo trabalho em "Mad Men", e também levaram o Emmy como produtores três vezes.

O ingrediente básico do casal para o sucesso na televisão é "chegar à essência do sentimento, ir ao encontro do que as pessoas estão sentindo em um espaço e tempo concretos. É um ingrediente secreto, não se pode adivinhar, mas é preciso encontrá-lo", explicou Maria.

No caso de "Mad Men", acrescentou, esse ingrediente seria "a ideia da mudança e das reações humanas diante dela. Algumas pessoas têm medo de perder o que já conhecem, sair da zona de conforto, muitas outros a abraçam como algo emocionante".

André acrescentou que "a situação dos anos 60, tanto nos EUA como no mundo, e a que vivemos agora são bastante semelhantes: nos encontramos em uma etapa de enormes mudanças e vemos como as pessoas as enfrentam, com medo ou com aceitação".

Na atormentada trajetória do publicitário Don Draper, interpretado por Jon Hamm, e seus colegas de agência em "Mad Men", abundam os comportamentos sexistas, o adultério e o alcoolismo, extremos com os quais os roteiristas pretendem refletir "o que os personagens viveriam se fossem reais".

Maria Jacquemetton não reconhece como sua nem de seu marido uma das frases mais célebres que o cínico Draper disse para uma de seus amantes: "Homens como eu inventaram o que você chama de amor para vender calcinhas e batons".

A frase é de Matthew Werner, criador da série, explicam, e lembraram que "um artista não se pode preocupar com as críticas. Se fosse assim, estaria se autocensurando".

O casal de roteiristas concorda que a televisão vive uma época dourada, porque pôde aproveitar o espaço que nos EUA era do cinema, em busca de um público muito jovem "as pessoas que podem ir ao cinema seis vezes por mês".

Ao contrário, a televisão "oferece um produto para todos", e acrescentou Maria que, "para a sorte de roteiristas e criadores, é preciso mais produção para encher na televisão esse vazio que o cinema deixou".

Os roteiristas de televisão como eles, apontam, têm outra vantagem: "saber que alguém vai sempre ver seu trabalho mais ou menos como foi concebido, enquanto no cinema é muito provável que as mudanças tornem o seu roteiro irreconhecível".

"Mad Men", ganhadora de quatro Globos de Ouro, chega à reta final nesta sétima temporada, dividida em duas partes, de modo que os sete episódios finais serão exibidos em 2015, com o título de "The End of an Era".

O casal Jacquemetton, que trabalha agora na adaptação de uma graphic novel para a emissora "Syfy", não participou desta última temporada. E disseram que também não podem dar pistas sobre o destino dos protagonistas.

"Se descobríssemos algo, nos matariam, porque o segredo faz parte do sucesso desta série", disse a roteirista, para quem a grande pergunta é se "no futuro Don Draper conseguirá ser feliz".

Já André tem claro que haverá "decepção" entre muitos dos fãs com a expectativa do fim de uma das séries que marcaram época.

 

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