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O grupo Kering apresenta queda na receita. Mas mercado de luxo segue estável

As últimas coleções da Gucci foram genéricas demais a um preço alto demais. Resultado: vendas em baixa, saída do diretor criativo, balanço negativo

Desfile da Gucci na semana de moda de Milão: sobriedade demais (Daniele Venturelli/Getty Images)

Desfile da Gucci na semana de moda de Milão: sobriedade demais (Daniele Venturelli/Getty Images)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 11h44.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2025 às 11h49.

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O ano mal começou e a Kering já gostaria que chegasse logo 2026. Acaba de ser divulgado o balanço do grupo, dono da Gucci. Resultado: queda de 12% na receita em 2024 na comparação com o ano anterior. Curiosamente, as ações do conglomerado subiram hoje em até 6,2%, já que a expectativa do mercado era de um resultado até pior.

Quem puxou o número para baixo mais uma vez foi a Gucci, responsável por dois terços das vendas do grupo, com uma queda de 24% no quarto trimestre. Na semana passada o diretor criativo da marca, Sabato Sarno, havia anunciado sua saída, apenas dois anos após sua contratação.

Sarno havia sucedido Alessandro Michele, que ficou na direção criativa da Gucci de 2015 a 2022. Nesse período, ele transformou a marca italiana de um genérico de alfaiataria bem-feita, porém insossa, a uma referência de moda para uma geração mais jovem.

Michele apostou em uma estética vintage, com excesso de estampas, referências de quadrinhos, colaborações com marcas esportivas, modelagens muito largas. Foi um sucesso no mundo todo, especialmente na Ásia. A Gucci ficou três vezes maior do que era.

Nos dois últimos anos de Michele, que coincidiram com a pandemia, as vendas perderam fôlego e a Gucci entendeu que o visual carregado do designer estava perdendo apelo. Sabato entrou então em seu lugar, trazendo de volta uma certa sobriedade.

Mercado de luxo segue estável

Com Sabato, a Gucci ficou mais parecida com a estética elegante de Frida Giannini, que estava no comando da criação antes da chegada do exuberante Michele. A missão do novo estilista era tornar a marca mais comercial. Ficou genérica demais, a um preço alto demais. Não deu muito certo, como se pode ver.

Alguns analistas interpretam os resultados ruins do Kering, o segundo maior conglomerado do mundo da moda, como sinal de decadência do mercado de luxo na totalidade, ainda mais depois do crescimento no pós-pandemia.

Não é bem assim. Os gastos globais com luxo devem atingir cerca de 1,5 trilhão de euros em 2024, resultado praticamente igual ao de 2023, segundo relatório da consultoria Bain & Company em parceria com a Altagamma, a associação da indústria de fabricantes de bens de luxo da Itália.

Os resultados do terceiro trimestre da Richemont, dona de marcas como Cartier e Montblanc, encerrado em 31 de dezembro de 2024, surpreenderam. As vendas apresentaram aumento de 10% em relação ao ano anterior, depois de dois trimestres estáveis.

O grupo LVMH, líder do mercado de luxo, apresentou receitas de 23,93 bilhões de euros no quarto trimestre de 2024, 1% acima do mesmo período do ano anterior. Em todo o ano de 2024, o crescimento também foi de 1%.

São resultados medianos, mas longe de ser desesperadores. O desafio do mercado de luxo daqui em diante, segundo Inram Amed, fundador do site especializado Business of Fashion, “é fazer uma reavaliação completa do significado e propósito do setor de moda de luxo para clientes que buscam valor, criatividade e transparência.”

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