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O dia que mudou a equação do futebol argentino

Estreia de Maradona como profissional completa 35 anos nesta quinta-feira; craque tinha apenas 15 anos

Maradona em jogo do Argentino Juniors, seu primeiro clube profissional (Total football/Wikimedia Commons)

Maradona em jogo do Argentino Juniors, seu primeiro clube profissional (Total football/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 12h49.

Buenos Aires - 'Vai, garoto. Jogue como o senhor sabe e, se puder, dê uma caneta', lhe sussurrou o técnico Juan Carlos Montes no dia 20 de outubro de 1976, quando faltavam poucos dias para que completasse 16 anos.

O destinatário daquela mescla de ordem e sugestão era um adolescente com jeito de craque chamado Diego Armando Maradona.

Amanhã, quinta-feira, se completarão 35 anos de sua estreia na Primeira Divisão do futebol argentino pelo Argentinos Juniors e do início da história mais gloriosa do futebol deste país.

Com a camisa número 16, Maradona entrou em campo após o intervalo de uma partida perante o Talleres de Córdoba e satisfez o desejo de Montes. Recebeu sua primeira bola de costas para seu marcador, Juan Cabrera, ameaçou e jogou a bola por entre suas pernas.

'A bola passou limpinha e em seguida escutei o 'ooooolé' dos torcedores, como se fossem boas-vindas', lembrou Maradona em seu livro 'Eu sou El Diego'.

Como todos os dias, 'El Pibe de Oro' ('O Garoto de Ouro, como é conhecido na Argentina) tinha viajado em ônibus junto a Don Diego, seu pai, desde a humilde casa de Villa Fiorito até o velho estádio de madeira do Argentinos Juniors, no bairro portenho da Paternal.

Maradona substituiu Rubén Giacobetti, privilegiada testemunha da estreia naquela quarta-feira primaveril que mudou a equação do futebol argentino.

'Eu jogava pelo meio e nesse dia Montes me pôs pelo lado esquerdo porque queria conter os volantes do rival, que tinha uma grande equipe. Não joguei bem e por isso saí para que entrasse Diego', afirmou Giacobetti à Agência Efe.

'Maradona já mostrava nas divisões de base que era diferente, um fenômeno, mas todo mundo sabe que não é fácil para um menino de apenas 15 anos estrear e jogar na Primeira Divisão', ressaltou.

Luis Galván, um veloz zagueiro do Talleres, que em 1978 foi campeão mundial com a seleção argentina, relatou que aquele jogo era dominado 'claramente' por sua equipe até a entrada de Maradona.

'A partir dali mudou tudo. Diego pôs a equipe nos ombros e eles foram nos encurralando. Terminamos o jogo nos defendendo. Não podíamos acreditar no que fazia aquele menino com uma imensa cabeleira encaracolada', declarou Galván.

Giacobetti, atual proprietário de uma imobiliária no bairro de Villa Urquiza, definiu aquele Maradona como 'um tipo tímido, calado e pouco comunicativo'.

'Sempre digo que ele se expressava com a bola e ganhava respeito com as coisas maravilhosas que inventava dentro do campo', frisou.

O Argentinos Juniors perdeu aquela partida diante do Talleres por 1 a 0, mas o resultado e o rival são simples lembranças.

O melhor, e o pior, na vida deste gênio do futebol chegaria depois. 

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