Glauber Rocha foi aplaudido em Cannes com "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (Reprodução/Cinemateca brasileira)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2012 às 10h25.
São Paulo - Não é possível imaginar, nos tempos da internet e dos filmes digitais, como Glauber Rocha conviveria com essa realidade. Estaria completando, neste dia, 14 de março, 73 anos, e seu discurso, ainda que inteligente, crítico e intenso, provavelmente estaria ultrapassado.
Mas a sua obra como cineasta será sempre uma referência do cinema nacional e internacional. Um dos maiores expoentes do Cinema Novo, que floresceu principalmente na década de 60, Glauber protagonizou a geração de diretores que adotaram as produções de baixo custo, as imagens com pouco movimento, a simplicidade dos cenários e as falas discursivas para criar uma nova identidade do cinema brasileiro.
“Uma ideia na cabeça, uma câmara na mão”, foi a frase mais célebre do cineasta. Seus três principais filmes Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) fazem parte da história do cinema internacional.
Com o regime militar, Glauber exilou-se em 1971 na Europa e só voltou quando já estava às vésperas da morte, em agosto de 1981. Glauber talvez nunca tenha sido compreendido em toda a sua extensão de criador. Por isso mesmo, se estivesse vivo hoje, saberia lidar muito bem com esse tipo de dificuldade.