Juan Naya, CEO da Isdin. (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 21 de setembro de 2023 às 14h13.
Última atualização em 21 de setembro de 2023 às 15h11.
Desenvolvido para cobrir o maior órgão do corpo diariamente, os protetores solar passaram por uma verdadeira evolução ao longo dos anos. De cremes com texturas oleosas e grossas a produtos em pó e à base de água, bronzeadores a produtos infantis, é possível avistar inúmeras marcas nacionais e importadas nas gôndolas das farmácias e perfumarias.
Dentre as marcas mais vendidas no Brasil está a espanhola Isdin, com um volume de negócios superior a 500 milhões de euros. No país, a empresa está presente em mais de 40 mil farmácias e registrou crescimento de mais de 40% nos últimos 3 anos.
Segundo a auditoria de Prescrição Close-Up Market, o protetor solar da marca foi o mais prescrito por dermatologistas no Brasil. Em julho, foram vendidas 330 mil unidades do protetor Fusion Water no país.
Com passagem pelo o Brasil para a inauguração do novo escritório no país e o lançamento do Melaclear Advanced, sérum facial clareador de marcas escuras, o CEO Juan Naya conversou com Casual EXAME sobre a sua trajetória na física e tecnologia espacial, desenvolvimento de produtos e mercado de beleza.
Poderia falar um pouco sobre a sua trajetória? Como saiu da Nasa para trabalhar com dermocosméticos?
Sou físico e tenho doutorado em astrofísica, trabalhei na NASA e depois de alguns anos trabalhei em consultoria e finalmente acabei chegando na Isdin. Sempre me perguntam o que um astrofísico que já trabalhou na NASA faz na Isdin e eu sempre digo que há muitas conexões porque na Isdin nosso foco é a proteção solar. O Sol é uma estrela, e como um astrofísico, estou aqui para fazer produtos inovadores que protejam a pele contra uma estrela. A pele se renova a cada 28 dias, assim como a lua, comparo que a nossa pele é como pequenas luas.
E há também uma terceira razão que une a astrofísica com a pele. Cada um de nós tem 100.000 milhões de células assim como uma galáxia tem 100.000 milhões de estrelas, então cada um de nós é uma galáxia e um grupo de pessoas forma um cosmo. Globalmente parece necessário um astrofísico para trabalhar em uma empresa dermatológica.
E como você inclui os seus conhecimentos de física para o desenvolvimento dos produtos?
A astrofísica permite que você tenha uma visão das coisas de uma perspectiva diferente e permite que você possa dar ideias um pouco diferentes. Eu acredito que a Isdin é uma empresa innovadora e que está muito ligada à ciência. Na proteção contra o sol, o que há de mais importante para mim são as texturas.
Qual é a importância da textura do produto?
Porque a melhor fotoproteção que existe é aquela que você adora usar todos os dias. Nesse sentido, a textura da água tem sido fundamental porque fez uma mudança no paradigma da fotoproteção, passamos de uma fase em que as pessoas focavam na proteção solar apenas quando iam à praia no verão para a fotoproteção diária. E isso só aconteceu pois conseguimos oferecer soluções eficazes como os fotoprotetores que as pessoas adoram usar todos os dias. Pode parecer simples, mas os fotoprotetores originalmente são produtos oleosos, gordurosos. Enquanto os produtos a base de água são leves e absorbidos sem deixar resíduos. Para mim foi uma verdadeira revolução.
Já testei diferentes marcas de protetores solares com texturas e ativos distintos. É possível desenvolver um protetor personalizável?
Fazer um bom fotoprotetor é um desafio por si só, e customizar para uma pessoa seria um grande desafio. Tecnicamente é possível, mas é complexo. Por isso que as empresas fazem uma grande variedade de protetores solares que eu diria que são quase personalizáveis. Por exemplo, se você está preocupado com manchas temos um produto para manchas. Temos um spray fresquinho com alta espalhabilidade. Para mim o importante não é ter um produto para todos, mas sim saber qual produto é melhor para você, porque realmente tem uma quantidade grande para escolher
Quais são as maiores dificuldades em desenvolver fotoprotetores?
Acho que a maior dificuldade é fazer você amar o produto, colocar o produto, garantir que na hora de usar o produto, o cheiro, o aroma, a sensação de colocar e a sensação que ele deixa na pele seja uma experiência agradável. E ao mesmo tempo o produto precisa ser eficaz. Então é um pouco de mágica conseguir que o resultado final com esses ingredientes seja um produto que você adora, por exemplo.
Cada momento tem o seu fotoprotetor, na praia, na prática esportiva, na rotina diária, para usar com maquiagem, cada momento tem um produto ideal.
Vemos a Geração Z voltada no consumo de produtos de skincare asiáticos. Como a Isdin se adapta para este público consumidor?
O consumidor asiático está acostumado a ter rotinas muito completas com muitos produtos diferentes e com inovações para diferentes soluções para suas rotinas. Nesse sentido temos nos inspirado no mercado asiático há muitos anos, ou seja, nossos produtos com texturas leves e tecnologias são inspirados em tendências que existem na Ásia, mas também incorporamos tendências de outros países e outras regiões como Europa, Estados Unidos e América Latina. Mas também adaptamos às necessidades específicas do consumidor de cada país. A pele brasileira tende ser mais oleosa por conta de fatores ambientais como o calor e a umidade.
A tecnologia dos produtos também se estende para o meio ambiente. Recentemente a isdin recebeu o selo de Empresa B, quais são os principais pilares da empresa em relação ao ESG?
Poucas empresas são muito exigentes, para nós é uma honra e uma responsabilidade porque nos coloca no grupo de empresas B. Nosso objetivo é não fazer parte do problema e trabalhar para que a nossa pegada e o nosso impacto no ambiente seja o mais positivo possível e por outro lado trabalhamos em projetos para fazer parte da solução de ir além do que é a nossa atividade diária e trabalhar com os nossos parceiros com os nossos consumidores, como o movimento para erradicar o câncer de pele, ou seja, temos o compromisso de abordar o cancêr de pele através da educação e da formação através da prevenção. Vamos duas vezes por ano à comunidade albina de Moçambique que tem 95% de incidência de câncer de pele com equipamentos de médicos para operar lesões cancerígenas e também temos a comunidade albina protegido o ano todo.
Outro movimento que estamos movendo na Isdin é a regeneração dos mares e oceanos. Temos um compromisso de começar pelo Mediterrâneo porque é um mar pequeno, fechado e muito castigado e queremos trabalhar em conjunto com cientistas da saúde empreendedores e outras empresas para trabalhar pela proteção, preservação e regeneração do Mar Mediterrâneo. Pretendemos retirar 60 toneladas de plástico das águas e expandir esta ação para a costa brasileira.