Cartier: livro conta história da família e da marca (ELIOT BLONDET/AFP)
Guilherme Dearo
Publicado em 29 de novembro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 29 de novembro de 2019 às 08h00.
Quando última parte do império de joias Cartier foi vendida nos anos 1970, a família fundadora estava quase totalmente dispersa e sem envolvimento com o negócio.
Quase todos eram ricos - a família Cartier tinha um talento extraordinário para se casar com dinheiro e depois ganhar ainda mais. E, apesar de quatro gerações de homens da Cartier terem trabalhado incansavelmente para criar um negócio que elevou a venda de joias do “mero comércio” a uma forma de arte, seus descendentes estavam mais interessados por férias de inverno em St. Moritz do que em vender os famosos relógios Tank da empresa.
Essa ascensão e então - em vez de “queda” vamos chamá-la - “platô”, são artisticamente documentados em um novo livro, “The Cartiers”, de Francesca Cartier Brickell, que faz parte da sexta geração da família.
Há vários anos, Brickell descobriu um baú cheio de cartas da família na adega de seu avô e o usou como ponto de partida para narrar sua ilustre família.
O que evita que o livro seja apenas outra descrição da história da empresa é que os negócios da família dependiam das constantes mudanças das fortunas dos super-ricos do mundo. Como resultado, a história da família Cartier é a história da criação de riqueza nos séculos 19 e 20, à medida que o patrimônio se movia em ondas de país para país.
Cartier conseguiu se beneficiar tanto dos períodos de bonança quanto de declínio. A empresa vendia joias a preços de varejo para seus clientes ricos e depois as comprava de volta no atacado (ou vendia por comissão), quando os mesmos clientes passavam por momentos difíceis. “As mesmas grã-duquesas que estavam comprando tiaras de diamante” antes da guerra, escreve Brickell, “agora as revendiam, muitas vezes pedra por pedra, apenas para sobreviver”.
A dinastia Cartier foi fundada no final da década de 1840 por Louis-Francois Cartier. Sua pequena loja parisiense, onde vendia principalmente bugigangas, decolou apenas quando começou a desfrutar do patrocínio da princesa Mathilde Bonaparte, sobrinha de Napoleão I.