Grade dianteira é feita de plástico que se regenera com calor (BMW/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 23 de maio de 2022 às 12h00.
Última atualização em 26 de maio de 2022 às 15h03.
O BMW IX é o carro mais futurista que temos no Brasil. Não acredita? Nem vale dizer que é elétrico, porque essa tecnologia já chegou até a carros “populares” – ainda que o Renault Kwid E-Tech passe dos 142 mil reais. Mas o estreante consegue arrumar sozinho pequenos arranhões e riscos na grade e aprender a rotina do motorista com inteligência artificial. E, mesmo com preços entre 654.950 mil reais (versão xDrive40) e 799.950 mil reais (xDrive50), esgotou a pré-venda em 12 horas.
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É verdade que os automóveis foram considerados grandes vilões do meio-ambiente, principalmente nas últimas décadas. Só que esse SUV parece determinado na reparação histórica: recebeu alumínio reciclado em 50% das peças da carroceria e 60 kg de plásticos reaproveitados, além de ser produzido com energia 100% renovável, o que reduz em 80% as emissões de CO2. E, nesse processo ambiental, todas os detalhes cromados foram eliminados e o couro foi curtido com folha de oliveira.
Não dá para ignorar que o desenho foi tema de discussões entre os fãs da marca e causou polêmica. Mas também não sou inocente de pensar que foi por acaso. No breve contato que tivemos com o IX, as torcidas ficaram divididas. E se a intenção era chamar a atenção, os alemães conseguiram, porque esse novato atraiu mais olhares (e celulares com câmeras a postos) que caminhar com uma melancia pendurada no pescoço. Fato é que muitos detalhes desse SUV chegarão a outros modelos.
Quer um conselho? Esqueça a aparência, porque o melhor do BMW está na cabine: minimalismo de fazer inveja à Apple Store; gigantesca tela curva – na verdade, são duas com 12,3 e 14,9 polegadas –; teto de vidro panorâmico que fica opaco ao toque de um botão; comandos feitos com cristal; e som da grife Bowers & Wilkins com 30 alto-falantes. Tudo inspirado no conceito Vision iNext, revelado no Salão de Paris há cerca de quatro anos e que, mesmo agora, consegue ser surpreendente.
Para abrir as portas, dá para escolher entre a chave (biodegradável) e o próprio celular. Também não falta espaço para levar cinco adultos, já que as medidas são para lá de generosas e o IX parece ainda mais amplo pelas grandes janelas e o assoalho plano. Para melhorar ainda mais a vida de quem viaja, o ar-condicionado tem quatro saídas de ventilação para cada fileira e quatro controles individuais de temperatura. Por sua vez, os bancos parecem inspirados em poltronas de primeira classe.
Mas é claro que esse ainda é um BMW e, por isso mesmo, não surpreende que os motores com 523 cv de potência e 78 kgfm de torque façam qualquer aceleração mais empolgada parece a decolagem da SpaceX. E, em silêncio absoluto, bastam 4,6 segundos para o IX chegar aos 100 km/h na versão de topo xDrive50 que testamos. Outro mérito da construção refinado (que ganhou até fibra de carbono dos carros de corrida) é que, em nenhum momento, o motorista parece perder o controle.
Com autonomia declarada de 630 km, o SUV consegue até pegar estrada sem nenhum susto. E, para comprovar essa teoria, fomos de São Paulo até o litoral norte do estado – além de percorrer trechos na cidade, verdadeira inimiga de qualquer bateria – e a carga baixou menos de 60% em 270 km. Mas bastariam 35 minutos de recarga nos pontos de alta tensão (195kW) para garantir 70% de carga caso acabasse totalmente. Além disso, os donos do IX têm direito a dois carregadores próprios.
Para quem só procura mordomia, o estreante tem piloto automático adaptativo que consegue dirigir praticamente sozinho (e, em parte, esbarra apenas na legislação para aposentar as mãos do volante) e central multimídia com reconhecimento de gestos. E, para quem achou pouco, a boa notícia é que o BMW IX tem conexão com internet 5G e, por isso, deverá ser atualizado automaticamente, como o celular, à medida que saírem atualizações dos sistemas – e sem precisar ir à concessionária.