Casual

No próprio barco, casal conquista troféu brasileiro da vela de oceano

Com atletas olímpicos na equipe do Ventaneiro, Renato Cunha e Kadja Brandão vencem campeonato nacional de ORC

Cena da competição (Paty Moraes Nobre/Divulgação)

Cena da competição (Paty Moraes Nobre/Divulgação)

DS

Daniel Salles

Publicado em 4 de novembro de 2020 às 09h57.

Última atualização em 4 de novembro de 2020 às 10h10.

O barco Ventaneiro, comandado pelo experiente velejador Renato Cunha, é o campeão brasileiro de vela de oceano na categoria ORC (a classe mais prestigiada e disputada do esporte). O resultado só pôde ser conhecido após a última regata da 51ª edição do Circuito Rio, organizado pelo Iate Clube do Rio de Janeiro com apoio da Associação Brasileira de Veleiros de Oceano (ABVO), nessa segunda, 2.

É hora de mudar de casa? Alugar ou comprar, e como? A EXAME Academy ajuda você

O campeão, um barco de família
Em regata, a velejadora Kadja Brandão, mulher de Renato, é responsável pela secretaria (intermédio da proa com o cockpit, alimentação, uniformes e até mídias sociais) do barco da família, um Dufour 500, comprado na Europa em 2013. “Conversei com o projetista, o italiano Umberto Felci, e ele explicou o que poderia ser feito para transformar o Ventaneiro em um barco de regata. Então, é um barco bem ‘tunado’”, admite o atleta, sobre o reforço em fibra de carbono nas áreas de grandes esforços na proa (frente), quinas da popa (traseira) e as novas velas de carbono, por exemplo. “A gente mistura regata com passeio, então, é um barco de duplo propósito, que se mostrou muito bem, tanto para as condições duras de competição quanto para viagens com a família”, continua ele.

Vale ressaltar que, em campeonatos mais importantes, alguns barcos são comandados por atletas que não são os proprietários ou são bancados exclusivamente por patrocinadores. No caso do Ventaneiro, o casal controla os rumos e também os custos do veleiro. “Praticamente, a gente trabalha pra velejar porque raramente as competições têm premiação em dinheiro”, afirma ela, que é advogada.

Atletas olímpicos na equipe
A equipe contou ainda com apoio tático de Marco Grael, filho do bicampeão olímpico Torben Grael, e do proeiro Gabriel Borges Portilho, dupla classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021 na classe 49er.

“Ficamos quatro meses parados e começamos a velejar mais no final da quarentena. E, dali em diante, de dois ou três meses pra cá, a gente vem velejando, não tanto quanto gostaria, mas dentro do possível”, lembra Renato.  “Estávamos todos na mesma situação porque ninguém teve oportunidade de treinar muito. As regatas foram liberadas bem recentemente e, quem teve oportunidade de velejar em barcos individuais ou em dupla, como nós, ainda conseguiu estar mais antenado e mais atento. Foi o que deu pra fazer”, emenda Kadja.

Renato Cunha e Kadja Brandão vencem campeonato nacional de ORC (Paty Moraes Nobre/Divulgação)

Pandemia: “A vela nos salvou”
Para ela, que veleja ao lado do marido sempre que pode (“alguém precisa cuidar das crianças”), foi um privilégio, em comparação com quem estava trancado dentro de casa, poder ir para o mar no período de isolamento social. “A vela nos salvou nessa pandemia”, resume. “Foi uma válvula de escape boa poder navegar, sair de casa um pouco e curtir a natureza neste ano tão doido”, completa ele, que havia levado o Ventaneiro para o Caribe quando foi decretado lockdown. “Tivemos que dar cambalhotas para trazê-lo de volta ao Brasil”, recorda ela.

O casal concorda também que é necessário divulgar mais a vela como esporte e lazer e incentivar as crianças.

“Tragam as criança para velejar. As crianças que estavam em casa, nada bem emocionalmente e de cabeça, quando começaram a velejar, sentiram que abriu outro panorama porque a vela traz independência e muda muito a vibração. É aí que se começa. Velejar é bem mais simples do que parece”, opina Kadja, mãe de Yasmin, 21, Alice, 14, e Zion, de 11. Os dois mais novos já seguem os passos dos pais na prática da vela.

Tripulações enormes e suas velas coloridas
“É o primeiro passo, mas a vela não é um esporte com regras simples, conhecidas e difundidas. As regras nasceram na Inglaterra, séculos atrás. Então, se a pessoa quer levar a fundo, fazer disso um meio de vida, seja para profissionais ou semi-profissionais, têm que estudar, conhecer”, ressalta Renato.

De acordo com o premiado comandante, vencedor da Semana Internacional de Antigua 2016, no Caribe, e da regata Buenos Aires-Rio 2017, o público está mais acostumado a acompanhar competições de barcos à vela quando acontecem mais perto da linha da costa e da praia, como nas Olimpíadas do Rio. “Nesses espaços, as regatas têm poucos barcos e de tamanhos iguais, por isso é mais fácil para quem está vendo entender. Mas a plástica da vela de oceano, com barcos de tamanhos diferentes, tripulações enormes e suas velas coloridas também é muito bacana”, finaliza Renato.

https://www.instagram.com/tv/CHJKrXDB2-E/?igshid=hzrx5wmf8ezg

 

E o pódio da ORC ficou assim...
O barco segundo lugar no geral foi o capixaba +Bravíssimo, do Iate Clube do Espírito Santo, comandado por Luciano Secchin. Eles foram os vencedores do 51º Circuito Rio, mas, no acumulado com a 70ª Santos-Rio, terminaram em segundo lugar no Brasileiro ORC.

O Crioula 29, comandado pelo atleta olímpico Samuel Albrecht, fechou o pódio na terceira colocação.

O ícone nacional e atleta olímpico Lars Grael ficou na quarta colocação com seu recém-adquirido Avohai.

Que venha Ilhabela!
Mario Martinez, presidente da ABVO, o campeonato de 2020 foi atípico, com regatas virtuais, a histórica e difícil 70º Santos-Rio e o 51º Circuito Rio, que contou com falta e excesso de vento, chuva e sol em apenas três dias.

“O Ventaneiro é competitivo, tem uma equipe muito entrosada e não foi surpresa o resultado. O que foi surpresa foram os barcos de menor tamanho que foram muito bem. Isso porque, devido à variação de vento fraco, no começo, e forte, no final da regata, foram mais privilegiados. Mas todos estão de parabéns.  É uma festa, uma confraternização, e é isso que importa, estar no meio de amigos”, conclui.

“Tivemos muitas mudanças de vento e, por vezes, isso acaba alterando os resultados, e esperamos ventos mais constantes em Ilhabela, para a definição do campeonato brasileiro de vela de oceano na categoria IRC”, convida Martinez, sobre as regatas marcadas para 20, 21 e 22 de novembro, na ilha do litoral norte de São Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CompetiçãoEsportistasVela (esporte)

Mais de Casual

Asics oferece empréstimo de tênis para corrida em várias cidades do Brasil; saiba mais

Por que novo carro da Citroën marca uma das maiores revoluções da Stellantis no Brasil

A Grand Seiko, marca japonesa de relógios de luxo, chega ao Brasil

Velocidade, luxo e lazer: os iates do Boat Show SP que chegam às águas brasileiras